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Mais que incentivos, ZFM precisa de nova matriz de capacitação

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22/04/2019

Notícia publicada pelo Jornal Em Tempo

Ameaçada nas discussões da reforma tributária pelo principal ministro do governo do presidente da República, Jair Bolsonaro, o superministro Paulo Guedes, a Zona Franca de Manaus (ZFM), que pode ruir com a tal da “simplificação” do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), ainda tem outros desafios além da luta pela manutenção das vantagens comparativas. A principal delas, segundo estudos, é a inovação e a qualificação profissional.

O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), o amazonense José Jorge do Nascimento Júnior, avalia no grande desafio desse novo tempo da industria mundial, que a ZFM e a indústria brasileira, como um todo, têm que se adequar, porque ambas estão no mesmo patamar de qualificação profissional, é mais a necessidade de formar uma nova geração mais focada no desenvolvimento de tecnologia do que uma geração novamente focada em manufatura.

Segundo Jorge Júnior, uma fábrica que hoje com 1,5 mil funcionários gera um faturamento de US$ 10 milhões de dólares, por ano, logo será substituída por uma empresa com 50 engenheiros doutores e pós-doutores que vão gerar um faturamento de US$ 200 milhões.

“O professo fabril manufatureiro vai ficar muito mais automatizado e robotizado. O capital humano deverá ser mais qualificado. Um doutor ou pós-doutor na linha de produção vai operar um robô com inteligência artificial capaz de se autocorrigir. Então, o nosso grande desafio vai ser mudar a qualificação para um processo de desenvolvimento de tecnologia”, diz.

O especialista avalia ainda que, muitos postos de trabalho se perderão, mas, em contrapartida, outros novos surgirão. “Muitos empregos e profissões que hoje não sabemos irão surgir daqui a quatro ou cinco anos. Mais aqui ainda vemos a necessidade de uma qualificação para esse novo momento, porque senão, não teremos a reposição necessária. A mudança já está acontecendo. Inclusive essa quarta evolução industrial começou em 2011, em Hannover, na Alemanha. O Brasil está há oito anos atrasado”, observa o presidente da Eletros. Ele sustenta que se faz necessária grandes mudanças na matriz educacional.

Insuficiente

Economista especialista em ZFM, o deputado Serafim Corrêa (PSB) afirma que os incentivos fiscais não são suficientes para manter os empregos na indústria amazonense. O parlamentar defende que é necessária inovação e qualificação profissional para a guerra do conhecimento.

“Só incentivos não vão bastar. A meu ver, a crise teve o seu peso no desemprego brasileiro, mas a maior razão do desemprego é algo com o que não podemos brigar, e que temos que nos adequar, que é exatamente a qualificação. Vivemos o século do conhecimento. Hoje, não é apenas da força bruta. É o operário do conhecimento”, defendeu o parlamentar.

Para Serafim, as escolas e universidades do país têm um papel imprescindível para formar profissionais preparados, principalmente quanto à tecnologia digital, mas estão falhando, pois não há especialistas suficientes em programação, por exemplo, profissão que tem 15 mil vagas em aberto em São Paulo.

“Precisamos trazer a realidade do mundo para dentro da escola. Isso não é uma crítica a governo a, b ou c. É uma autocrítica. Perdemos a guerra da borracha por falta de tecnologia e inovação. Temo que nós não estejamos preparados para enfrentar essa guerra agora, que é a do conhecimento. As universidades têm um papel muito importante e elas não estão trabalhando nisso. Há muitas vagas, mas que exigem qualificação”, alertou o deputado.

O presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), economista Wilson Périco, disse com base em estudo Fundação Getúlio Vargas (FGV) que a ZFM é superavitária e retorna aos cofres públicos todo o investimento feito ao modelo, sendo viável econômica e socialmente, além de contribuir com a preservação ambiental. Segundo ele, para cada R$ 1 de incentivos fiscais federais concedidos, o governo federal arrecada R$ 1,30.

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