23/08/2018
Notícia publicada pelo site Valor Econômico
Quarto no ranking entre os setores da economia que mais consomem aço, o
segmento de utilidades domésticas e comerciais tem na chamada linha
branca - geladeiras, fogões, lavadoras e outros - seu lado mais forte. Para se
ter uma ideia, 75% do peso de um fogão são constituídos dessa matéria prima.
Uma geladeira tem 55% do seu peso em aço. Estudo feito pelo
Instituto Aço Brasil sobre os consumidores potenciais de aço revela que o
ramo de utilidades domésticas utiliza 7,3% de todo o metal consumido no
país. Apesar de a linha branca ter apresentado um crescimento tímido no
primeiro semestre do ano - alta de 2,75%, atingindo 6,72 milhões de
unidades -, a previsão para o ano do setor de eletroeletrônico, na qual a
categoria está inserida, subiu 14,6% se comparada ao mesmo intervalo do
ano passado. Os dados são da Associação Nacional de Fabricantes de
Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).
"Houve uma melhoria gradativa do cenário para o consumo. A demanda
reprimida que tivemos é o principal motivo para a produção de linha branca
ter crescido pouco", diz José Jorge do Nascimento Junior, presidente da
Eletros, associação que reúne 30 associados, que respondem por 47 fábricas.
O volume de eletroeletrônicos alcançou 52,1 milhões de unidades entre
janeiro e julho deste ano, contra 45,5 milhões no mesmo intervalo de 2017.
"A estimativa para este ano é de um aumento entre 10% e 15%", diz.
A sueca AB Electrolux, por exemplo, líder mundial em eletrodomésticos e
aparelhos de uso profissional, teve aumento de 10,8% nas vendas líquidas
para a América Latina no segundo trimestre de 2018 frente a igual período do
ano passado. Segundo a companhia, o desempenho na região foi influenciado
pelo acréscimo nas vendas no Brasil e pelo aumento dos preços dos produtos.
A Electrolux também comunicou ao governo paranaense sua intenção de
investir R$ 220 milhões na modernização e expansão de sua unidade fabril
em Curitiba (PR).
Número um na produção mundial de ar condicionado, a Gree Electric
Appliances prevê elevação de 20% na receita, neste ano, sobre o ano anterior
e a meta é bater nos R$ 300 milhões. Instalada na Zona Franca de Manaus, a
Gree pretende dobrar o volume de produção. Segundo Alex Chen, diretor
comercial nacional da unidade brasileira, a capacidade instalada hoje é de
500 mil unidades por ano.
De acordo com os dados fornecidos pela Superintendência da Zona Franca de
Manaus (Suframa), em 2017 foram fabricados mais de 3 milhões de unidades
de ar-condicionado tipo split e mais de 251 mil do tipo janela. Segundo a
consultoria Euromonitor International, que mede as vendas no varejo, foram
comercializados 3,17 milhões de aparelhos split no Brasil em 2017, alta de
5,7% em relação ao ano anterior. A previsão para 2018 é de alta de 2,7% nas
vendas.
Tradicional no segmento de utilidades para o lar, a Tramontina quer elevar
os embarques e evoluir de uma receita anual de US$ 200 milhões para US$
250 milhões no médio prazo, de acordo com Clóvis Tramontina, presidente
da empresa. "O mercado mundial é muito bom e vamos focar na linha
empresarial, de hotelaria". Hoje a companhia vende ao mercado externo
produtos como conjuntos de facas e espetos para churrasco, os mais demandados na Europa. A marca está em 120 países e quer chegar a outros.
"Temos política de exportação, não política de câmbio, porque queremos
exportar sempre e não quando o câmbio está melhor" afirma
A Tramontina teme que a greve dos caminhoneiro, que comprometeu o andamento de toda a economia, possa também atrapalhar o plano de crescer 17% e faturar mais de R$ 5,6 bilhões neste ano. "Mas, apesar de difícil, a meta está mantida", informa a empresa. A companhia tem um portfólio com 18 mil itens e projeta terminar a 11ª unidade fabril, em Recife (PE), em 2020. Desta vez, ao invés de produtos à base de aço inoxidável serão de porcelana.