09/08/2013
”Toda a composição de custo da indústria é baseada em dólar”, argumenta o presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco. “A maior parte das vendas são feitas em território nacional, em real”, rebate o superintendente da Suframa, Thomaz Nogueira.
De janeiro a junho de 2013, o faturamento do PIM somou US$ 17,9 bilhões, enquanto que, no mesmo período de 2012, esse montante foi de US$ 18,3 bilhões. Em 2011, ano considerado positivo para o parque local, o valor foi de US$ 19,8 bilhões. Conforme Wilson Périco, diante desses números, não há motivo para comemoração, mas ‘de atenção’ de todo setor industrial.
Segunda-feira (05/08), em material divulgado à imprensa local, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) destacou um faturamento de R$ 37,2 bilhões no primeiro semestre de 2013, com uma alta de 11,45% em relação ao mesmo período do ano passado (R$ 33,4 bilhões).
“Os insumos importados são a grande porção do custo dos produtos fabricados no PIM. Nossas vendas, portanto, também têm base na moeda norte-americana”, ressalta o presidente do Cieam. Périco salienta que, até 2011, todos os comparativos foram feitos em dólar também por ser uma moeda menos volátil, menos suscetível a variações no mercado mundial, considerada a moeda forte.
Thomaz Nogueira tem outro argumento. “Não gosto do faturamento como parâmetro para medir a Zona Franca. Prefiro a produção. Quando começamos a produzir TVs de plasma e LCD uma unidade custava R$ 12 mil e hoje esse preço caiu drasticamente, enquanto a produção subiu astronomicamente. O faturamento não subiu tanto, mas o número de empregos provocado pelo aumento da produção é que nos interessa e é muito mais significativo”, enfatiza. “A Suframa apenas divulgou os números. Com base neles, cada um pode fazer, democraticamente, a leitura que achar mais pertinente”, finaliza.
Setores em baixa
Na mesma base de comparação, grandes segmentos do polo de Manaus tiveram variações negativas em faturamento, como relojoeiro (-5%), duas rodas (-13,22%), bebidas (-8,60%) e metalúrgico (-13,54%). Dois principais setores industriais, o eletroeletrônico cresceu apenas 0,48% e os bens de informática 33,09%, em relação ao faturado de janeiro a junho do ano anterior.
Segundo Wilson Périco, os números condizem com a realidade, uma vez que a indústria de motocicletas, por exemplo, sofre por conta da dificuldade de acesso ao crédito por parte do consumidor, e a componentista ‘vem definhando ano a ano’, inclusive com empresas fechando as portas.
“Há mesmo dificuldades no polo de Duas Rodas, mas essa é uma questão de conjuntura econômica, de restrição do crédito por conta dos bancos e não constitui problema apenas para Manaus”, ressalta Thomaz.
Fonte: Blog do Marcos Santos