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​Juros altos seguram a retomada da indústria

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26/12/2021

WALDICK JUNIOR

A previsão do Comitê de Política Monetária Copom é que a taxa básica de juros do Brasil seja novamente alterada no início de 2022, chegando a 10,75% em fevereiro Esse percentual base define todos os juros do país, seja do cartão de crédito ou financiamentos O objetivo do Banco Central é desacelerar a economia para tentar conter a inflação que amarga a vida no país.

No entanto, a medida é vista com preocupação por parte dos representantes da indústria e especialistas Isso porque o país está em um cenário de tentativa de recuperação econômica em decorrência da pandemia Há duas semanas a Selic sofreu a sétima alta seguida ao passar de 7,75% para 9,25% ao ano. O Copom prevê, em fevereiro, fazer outro reajuste de 1,5%.

"O acentuado aumento da taxa Selic, apesar de frear o consumo e desacelerar a inflação, também aumenta o custo de financiamento e desestimula a demanda em um momento crítico para muitas indústrias que ainda se recuperam dos efeitos da pandemia, afirma Antônio Silva, presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), e crítico medida contínua do Copom".

ENCONTRO

Ele é um dos representantes da indústria que se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro PL-RJ em evento realizado no dia 7 de dezembro. Segundo Antônio Silva, as altas taxas de juros como medida para barrar a inflação não foram debatidas no evento A reunião tinha o objetivo de discutir a retomada do setor industrial No mesmo dia em que o Copom elevou a taxa Selic, a Confederação Nacional da Indústria CNI divulgou nota e chamou de equivocada a decisão do Banco Central.

O presidente do CNI, Robson Braga de Andrade, destacou que os últimos dois trimestres de retração do Produto Interno Bruto PIB mostraram que a atividade econômica já está em baixa, não sendo necessário uma medida para pressionar ainda mais o setor.

Um aumento menos intenso da Selic, em conjunto com as elevações anteriores, já seria mais que suficiente para levar a inflação até a meta, sem que o Banco Central aumentasse a probabilidade de recessão, disse o presidente da CNI.

Em números 14,25% É a maior patamar alcançada pela taxa Selic nos últimos anos. O número foi definido em 29 de julho de 2015, ainda no governo Dilma, em meio crise econômica, de empregos e inflacionária que atingia o país, semelhante ao atual cenário.

ZONA FRANCA

Com outra perspectiva, o presidente do Centro da Indústria do Amazonas Cieam, Wilson Périco, avalia que a taxa não deve influenciar na produção do Polo Industrial de Manaus. O PIM. Segundo ele, as dificuldades impostas para a Zona Franca atualmente envolvem a alta do dólar e a falta de matérias-primas para produção no Polo Industrial. A taxa Selic não tem um impacto muito expressivo no PIM.

A nossa atividade está bem mais atrelada variação cambial por conta das importações, já que compramos poucos insumos locais, afirma ele Apesar disso, destaca que o governo brasileiro deve olhar para a indústria pela contrapartida social, como a geração de empregos. É verdade que o desemprego ainda é grande, mas em 2021 tivemos muitas contratações O governo precisa ter um olhar para essa contrapartida social, destaca Périco.

Proposta já a provada que empurra pagamento de dívidas para o futuro preocupa

Uma das razões para essa preocupação é a recém-aprovada no Congresso Nacional Proposta de Emenda Constituição de n°232021.

Remédio mortal

Denise Kassama ECONOMISTA

A taxa Selic é a taxa básica de juros estipulada pelo comitê de Política Monetária, o Copom Então, quando os juros estão altos, qual a intenção? É retrair o consumo e incentivar a poupança.

Só que existe algumas variações. A nossa inflação, hoje, não é de oferta e demanda. A inflação de demanda é quando todo mundo quer consumir e o preço sobe porque tem muita gente querendo comprar.

Na verdade, o que está fazendo subir preços é uma série de fatores. O dólar está alto, os produtores estão preferindo exportar do que vender no mercado interno e houve quebra de safra.

Então, se nós trabalhadores estamos sendo mal pagos é porque o governo está nos penalizando com aumento de juros e o nosso salário continua o mesmo.

Eu discordo dessa política de aumentar os juros. Estamos em um momento em que não estamos vendo explosão de vendas, mesmo no Natal. Tem tanta gente desempregada, tanta gente precisando de auxílio do governo que o dinheiro só está dando para comprar comida.

É isso o que é vendido hoje, então você penaliza quem já está com dificuldade para comprar itens básicos.

PEC foi uma mensagem 'ruim' para a sociedade

Se a taxa Selic em alta é lida como uma medida para controlar a inflação a curto prazo, em um olhar mais distante, preocupa mesmo o perigo da chamada crise fiscal.

O texto ficou conhecido como PEC dos Precatórios' por autorizar o governo federal a adiar o pagamento de precatórios, que são dívidas referentes perda de ações judiciais.

Com a aprovação, esses valores poderão ser pagos parcelados em até dez anos, o que na prática abre um espaço de R$ 106,1 bilhões no Orçamento Federal de 2022, permitindo ao presidente Jair Bolsonaro PL-RJ implantar o programa Auxílio Brasil.

"Acredito que o governo e o Congresso passaram uma mensagem ruim para a sociedade com essa aprovação. E a mensagem diz vamos alongar essa dívida, deixar para o futuro, avalia o economista Farid Mendonça Junior.

Ele define o cenário como uma bola de neve e se mostra preocupado em como o país poderá pagar esses precatórios. Evidente que por trás disso, da PEC dos Precatórios, está a eleição de 2022. "Ou seja, abertura de interesse fiscal para atender a interesses no ano da eleição", comenta o especialista.

Na mesma linha de pensamento, o deputado estadual Serafim Corrêa PSB, que é economista e auditor fiscal aposentado, critica o adiantamento das despesas federais.

"A PEC dos Precatórios é uma cilada. Rola dívidas que vão virar uma bola de neve a médio prazo. E vai dificultar ainda mais o equilíbrio fiscal", afirma.

Ele menciona o aumento da taxa Selic, adotada pelo Banco Central, como meio de conter a inflação, mas destaca que a medida sozinha não é o bastante.

"Precisamos conter gastos para atingirmos o equilíbrio em nossas contas Só isso faz a inflação voltar aos parâmetros menores e suportáveis", reflete o parlamentar.

O governo federal defende a PEC dos Precatórios como uma saída para evitar o furo no Teto de Gastos e tornar viável a implantação do Auxílio Brasil, projeto que substituiu o agora extinto Bolsa Família.

Fonte: Acrítica

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