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Joias, tesouros e talentos

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12/12/2014

Biojoias, com alto valor agregado, inspiradas na tecelagem da fibra de Arumã, muito utilizada pelos índios da calha do Rio Negro, na confecção de cestarias e utensílios, é mais um dos itens do mostruário diversificado, exuberante, elegante e promissor da Fucapi, Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica e seu Departamento de Design Tropical, que inclui movelaria, peças de decoração, painéis, com resíduos de madeira, todas de origem legal, e outros itens originários da geo e biodiversidade amazônica. Um verdadeiro cluster de empresas e empreendedores, num mutirão de talentos, habilidades, genialidades que cantam e encantam a poesia florestal. Na coleção de biojoias, por exemplo, destaca-se o talento ancestral da etnia Kubeo, de Duda Gonçalves, transformando o Arumã numa trama delicada e simétrica, semelhante a um tecido, combinando couro, prata, osso, e caroços com o toque singular da amazona Iuçana Mouco, designer e integrante de um time iluminado e luminar que inclui Robervandro, Michele, Emanuelle, Marcella, entre outros, sob a “mão-de-ferro aveludada” de Isa Assef, cuja firmeza e ousadia tem projetado a inovação teimosa e fecunda da Fucapi há mais de três décadas. São raras, ironicamente, entre as pesquisas e inventários, as experiências de propagação ou manejo das fibras regionais utilizadas pelas populações indígenas para desenvolver artesanatos, utensílios caseiros e de roça, tanto para uso doméstico como para comercialização, através de joias e biojoias com potencialidade industrial. Entre elas destacam-se as fibras de tucumã, jacitara e arumã, esta, particularmente utilizada nas culturas primitivas do Rio Negro, onde aflora uma cultura vibrante. A Botânica descreve Arumã como Marantaceae, cujo gênero Ischnosiphon, é de grande importância, com uma variedade de 31 espécies, apropriadas por diferentes etnias indígenas. Apesar da larga utilização e potencial econômico, praticamente não há investimento em pesquisas com perspectiva de mercado, em critérios ecológicos ou de manejo dessas espécies. O design da Fucapi sugere diversidade de oportunidades nessa direção, dada a avidez do mercado mais sofisticado pelo exotismo amazônico.

Tecnologia, inovação e design


São 180 metros quadrados de espaço o showroom do Design Tropical da Amazônia, inaugurado este ano, e uma infinidade de produtos e potencialidades de negócios com quase duas décadas de prospecção, que traduzem uma proposta de regionalização de novas matrizes econômicas. Uma escolha que retoma e promove a tradição cultural milenar das etnias amazônicas, as cores, as tintas, as tecnologias de aproveitamento dos princípios ativos em soluções múltiplas, cosméticas, estéticas e de tradução emblemática da harmonia entre natureza e cultura. Pelas calhas, cidades ou comunidades interessadas ou marcadas por tradições culturais, a Fucapi interioriza a inovação, instrui e inclui técnicas e habilidades de parte a parte onde professores são também aprendizes para assegurar a tradução amazônica na conjugação do verbo inovar na primeira do plural: o design tropical/florestal surge assim como opção robusta de formulação de novas trilhas econômicas. “Na Amazônia há riquezas inimagináveis, precisamos transformar essa riqueza em oportunidades de um mercado sustentável, de inclusão e promoção social, numa perspectiva econômica para resgatar a dignidade do caboclo e do índio. Temos recursos para pesquisa e desenvolvimento, às vezes utilizados para objetivos alheios aos ditames legais e necessidades reais de pesquisa, inovação e desenvolvimento de projetos para a região. Nós sabemos e precisamos difundir o conhecimento regional sobre o uso e transformação de resíduos florestais em peças de alto valor agregado, com o talento nativo, a sensibilidade e a habilidade das populações tradicionais para criar e recriar o fascínio amazônico em favor de nossa gente”. Com essas considerações, Isa Assef recepcionou o empresário Sérgio Vergueiro, um empreendedor que reflorestou áreas degradadas de Itacoatiara com o plantio de 1,3 milhão de castanheiras, no Baixo Amazonas, sendo 1 milhão delas liberadas pelos órgãos ambientais para manejo, eventualmente para insumos dos projetos de Design Tropical caso haja vontade política e visão de negócios para fazer da indústria e da bioindústria os novos caminhos do desenvolvimento não-predatório, integrado ao polo industrial da ZFM ficando a regionalização de oportunidades. O pioneiro das castanheiras estimou a possibilidade efetiva de parcerias colaborativas, agregando empresas, instituições, entidades de classe e poder público para as próximas décadas e desafios monumentais amazônicos.

UEA/FIEAM/CIEAM/FAPEAM - A lógica das andorinhas


Nesta segunda-feira, na reitoria da UEA, será celebrada a formalização das parcerias - entre as entidades de classe da indústria, a Universidade do Estado do Amazonas, e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas, com a colaboração da Universidade de São Paulo, na ampliação e integração colaborativa na qualificação de recursos humanos - inaugurando um novo momento de identificação das saídas para a economia regional através da união de múltiplos parceiros. O aspecto essencial dessa iniciativa é estudar os gargalos de conhecimento, de infraestrutura e a identificação de soluções e encaminhamento na perspectiva política, o caminho natural e obrigatório para defender, consolidar, regionalizar o modelo ZFM, com a abertura de novos mercados e o desenvolvimento organizacional, dos cenários e conglomerados de opções de empreendimento regional. Isso autoriza e exige repensar o modelo e sua autarquia gestora que é a Suframa, conferir-lhe autonomia na interlocução federal, e autoridade para gerenciar os recursos recolhidos pelas empresas para as finalidades previstas em Lei. Programas de mudança, melhoria e inovação devem começar pela dinamização e revitalização institucional da autarquia. Para isso, é preciso estabelecer uma agenda mínima, compartilhada e consolidada pelos atores locais. Além da Suframa, e da agenda mínima local, respaldar as lideranças políticas regionais, mobilizar e alinhar bancada parlamentar estadual e regional, primeiramente no âmbito de atuação da Suframa, para debater e identificar interesses comuns, gargalos repartidos e soluções compartilhadas, como forma de defender a autarquia, seu projeto, atribuição e poder gerencial fundado nos ditames constitucionais.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 12.12.2014

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