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Janeiro sem comparação

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11/02/2022

Marco Dassori

Os fabricantes de motocicletas do PIM (Polo Industrial de Manaus) começaram o ano com o pé direito na produção, mas sofreram derrapagem nas vendas internas e externas. O parque fabril da capital amazonense produziu 83.696 motos no primeiro mês de 2022, 9,6% a mais do que o registrado em dezembro de 2021 (76.359) e o equivalente a um salto de 56,1% sobre janeiro do mesmo ano (53.631).

Os dados foram divulgados pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), nesta quinta (10). Em contrapartida, o número de licenciamentos não passou de 89.661, o que representa alta de 4,5% sobre janeiro do ano passado (85.798), mas configura retração de 20,2%, na comparação com o mês anterior (112.363).

A entidade assinala que o resultado já era esperado, mas destaca que o mercado segue demandante, a despeito do agravamento da crise sanitária. Diante disso, manteve as projeções e ainda espera fechar o ano com alta de 7,9% sobre 2021, elevando os números de produção de 1.195.149 (2021) para 1.290.000 (2022) unidades.

Em texto divulgado pela assessoria de imprensa da Abraciclo, o presidente da entidade, Marcos Fermanian, pontua que o repique da pandemia pela nova variante ômicron surgiu como um obstáculo adicional na meta das montadoras de acabar com a fila de espera pelos modelos de baixa cilindrada e scooters – justamente os mais procurados no mercado nacional. O dirigente também explica que o crescimento de janeiro também acabou sendo impactado pelo enfraquecimento das bases de comparação mensal – pelas férias coletivas –e anual – pela segunda onda de Covid-19 em Manaus.

“Em dezembro, o volume de produção foi menor, devido às férias coletivas, e nossa expectativa era de acelerar a curva em janeiro. Assim, acreditamos que a recuperação da produção deverá acontecer a partir de março”, explicou.

“A nova onda de contaminações pelo coronavírus, provocada pela variante ômicron, provocou falta de muitos colaboradores nas fábricas e comprometeu o ritmo das linhas de produção. Felizmente não houve nenhuma paralisação como aconteceu no ano passado”, emendou. Em entrevista anterior à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente do SIMMMEM (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus) e vice presidente da Fieam, Nelson Azevedo, reforçou que aguarda um ano de recuperação para o polo de motocicletas do PIM.

“É claro que teremos ainda obstáculos na alta da inflação e dos juros. Mas, esperamos crescimento de produção e empregos. Esperamos também que, com essas dificuldades, voltemos a fortalecer nossa cadeia produtiva, que já foi mais robusta, para não ficarmos nessa total dependência da Ásia”, assinalou.

“Demanda aquecida”

A mesma base de dados da Abraciclo indica que o mercado nacional de motocicletas não começou o ano tão bem. Com 21 dias úteis, janeiro registrou média diária de vendas de 4.270 unidades. Na comparação com dezembro, que teve dois dias úteis a mais, houve recuo de 12,6% (4.885 motocicletas/dia). Em relação ao mesmo mês de 2021, que contou com 20 dias úteis, a retração foi de 0,5% (4.290 unidades diárias). Segundo dados da Abraciclo, as motocicletas de baixa cilindrada (até 160) representaram 82,9% das vendas no varejo com 74.294 unidades comercializadas em janeiro.

Os modelos de 161 a 449 cilindradas responderam por uma fatia de 13,9% do mercado, com 12.505 unidades. Já as motocicletas acima de 450 cilindradas tiveram 2.862 unidades licenciadas, o que corresponde a 3,2% do total. A despeito dos entraves, o presidente da Abraciclo aposta que a demanda pelo modal de duas rodas deve continuar aquecida nos próximos meses e avalia que, pelo menos neste caso, a crise econômica pode gerar oportunidades. “A motocicleta é um veículo ágil, econômico, com preço acessível e baixo custo de manutenção. Além disso, os preços dos combustíveis contribuem para aumentar o número de pessoas que optam pelo modal”, salientou.

As três categorias mais emplacadas no ranking mensal foram Street (46.200 unidades e 51,5% do mercado), Trail (15.832 e 17,7%) e Motoneta (13.160 e 14,7%). As três, no entanto, desaceleram em relação a dezembro, com quedas respectivas de 17,6%, 27,9% e 24,4% –sendo que a Trail ainda encolheu na comparação com janeiro de 2020 (-4,4%). Os modelos Scooter (8.829 e 9,8%), Naked (1.941 e 2,2%), Bitrail (1.378 e 1,5%) e Ciclomotor (1.327 e 1,5%), entre outros, vieram na sequência. Nesse cenário, Marcos Fermanian destaca o crescimento dos emplacamentos das Scooters.

E avalia que, apesar de contar com apenas 9,8% de participação no mercado, o modelo ganha cada vez mais espaço nas ruas e avenidas, graças a qualidades de praticidade, versatilidade e baixo consumo de combustível. “Além disso, é fácil de pilotar graças a tecnologias como o câmbio automático, freios combinados ou com ABS e sistema Start&Stop”, listou. Tropeço nas exportações As vendas externas, também ficaram aquém do desejado. As exportações brasileiras de motocicletas ainda subiram 1,4%, entre dezembro de 2021 (3.283) e janeiro de 2022 (3.328), mas acabaram tombando 14,8% no confronto dom o dado de 12 meses atrás (3.904).

De acordo com o portal de estatísticas de comércio exterior Comex Stat, o principal destino foi a Argentina (1.220 unidades e 38% do total exportado), que foi seguida pelos Estados Unidos (762 e 23,8%) e pela Colômbia (408 e 12,7%). A mesma base de dados do Comex Stat informa que as motocicletas (US$ 7.99 milhões) subiram da quarta para a terceira colocação na pauta de exportações do Amazonas, sendo novamente precedidas pelas preparações para elaboração de bebidas/concentrados (US$ 16.03 milhões) e pelo óleo de soja (US$ 9.34 milhões). Houve um recuo de 26,63% em relação ao total de motocicletas remetido ao exterior em dezembro de 2021 (US$ 10.89 milhões) e uma retração de 17,54% sobre o número de janeiro do mesmo ano (US$ 9.69 milhões).

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam, Marcelo Lima, explicou que é esperada uma desaceleração sazonal no começo do ano e afiançou que 2022 será um novo ano de alta. Também destacou que os veículos de duas rodas – inclusive as bicicletas –produzidos no PIM contam com aceitação crescente no mercado exterior.

“A maior parte dos mercados para onde vai essa produção é de países da América do Sul, que antes adquiriam motocicletas mais baratas da China. Pouco a pouco, eles passaram a comprar conosco, em função da melhor qualidade e pela oferta de assistência técnica. Havia alguma dificuldade logística, que foi superada. Por esse motivo, e pelo próprio crescimento vegetativo do mercado, a tendencia é que a alta se mantenha em 2022”, arrematou.

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