28/03/2019
Notícia publicada pelo site Valor Econômico
Os mercados de câmbio e juros
futuros ensaiam movimento de ajuste no pregão de hoje, depois da piora
registrada no dia anterior. Os investidores continuam atentos ao noticiário
político, especialmente a desdobramentos da situação entre o presidente Jair
Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Às 12h23, o Ibovespa subia 1,85%, para 93.604 pontos, um dia após declinar
3,57%, para 91.903 pontos. O dólar comercial, por sua vez, avançava 0,62%,
para R$ 3,9794, após chegar a R$ 4,0156 na máxima. O DI janeiro de 2025
vai de 9,05% no ajuste anterior para 8,94%.
Hoje, Bolsonaro disse que a crise com Maia é página virada e classificou a
rusga como "uma chuva de verão". Ontem, perto do fechamento do mercado,
os ativos mostraram piora nos preços com as declarações de Bolsonaro feitas
em entrevista. Parte do movimento aconteceu quando o dólar comercial já
tinha encerrado os negócios, mas o dólar abril e os juros futuros ainda eram
negociados no pregão estendido. Isso ajuda a explicar os movimentos
diferentes.
O presidente rompeu a trégua e voltou a hostilizar Maia. Ele atribuiu
novamente a irritação do deputado a “questões pessoais”, numa referência à
prisão do sogro de Maia, o ex-ministro Moreira Franco, que já foi solto assim
como o presidente Michel Temer.
Bolsonaro também evitou se responsabilizar pela falta de articulação política que tem prejudicado a formação de uma base de apoio à aprovação da reforma da Previdência. Bolsonaro voltou a afirmar que não mudará de postura e não conversará com parlamentares individualmente para c
onquistar votos para a reforma. Maia rebateu dizendo que está na hora do
presidente parar de brincar e começar a trabalhar. “Abalados estão os
brasileiros que estão desde 1º de janeiro esperando que o governo comece a
funcionar”, retrucou o líder da Câmara em resposta às declarações do líder do Executivo.
Os investidores ajustam ainda suas posições diante da divulgação do
Relatório Trimestral de Inflação (RTI) pelo Banco Central (BC). O
documento trouxe poucas novidades em relação às comunicações recentes da
instituição e o mercado aguarda com ansiedade os sinais que podem ser
dados por Roberto Campos Neto em entrevista no fim desta manhã, na visão
de Solange Srour, economista-chefe da ARX.
“O mais importante é a entrevista, por conta dos acontecimentos dos últimos
dias. O câmbio chegou a R$ 4, o Banco Central anunciou leilão de linha e o
mercado quer saber qual deve ser o posicionamento de Campos. A
expectativa é que ele fale algo sobre o cenário de frustração com as reformas,
o impacto que isso teria no câmbio e as implicações na política monetária.”
Ontem, em meio ao nervosismo do mercado, o BC anunciou para hoje a oferta de até US$ 1 bilhão em linha de moeda estrangeira, em um processo de injeção de “capital novo” no sistema. Será realizada uma operação entre 12h15 e 12h20.