CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Notícias

Interior em alta de empregos

  1. Principal
  2. Notícias

12/04/2022

Marco Dassori

O saldo de empregos formais no interior do Amazonas retomou o campo positivo, em fevereiro, após dois meses seguidos de queda. As contratações (+1.252) superaram as demissões (-992), gerando acréscimo de 260 postos de trabalho com carteira assinada e alta de 0,69% sobre o estoque anterior. Foi o resultado mais fraco desde abril de 2021 (+211), embora tenha sido melhor do que a estagnação registrada em fevereiro do ano passado. Com isso, o Estado conseguiu se manter no azul no bimestre (+127) e no acumulado de 12 meses (+2.781).

Comércio (+98), indústria (+81) e agropecuária (+71) puxaram abertura de novas vagas na variação mensal. Os serviços (+27) perderam a dianteira, enquanto a construção (-17) voltou a eliminar postos de trabalho. O desempenho dos municípios do interior do Amazonas seguiu na mesma trajetória de Manaus (+2.957), que desta vez puxou uma performance positiva mais encorpada para o Estado (+3.217). É o que revelam os mais recentes dados do ‘Novo’ Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Entre janeiro e fevereiro, 29 dos 61 dos municípios tiveram mais admissões do que desligamentos, 14 pontuaram estabilidade e 18 extinguiram empregos. Mas o volume de vagas geradas na maioria foi irrisório e só dez tiveram saldo de dois dígitos. O melhor resultado veio de Presidente Figueiredo (+68 e +2,23%), mas foi insuficiente para repor as perdas anteriores. Manacapuru (+45 e +1,58%), Humaitá (+34% e -1,47%) e Itacoatiara (+30 e +0,46%) vieram na sequência. A maior variação veio de Canutama (+10,20%), que criou apenas 5 postos de trabalho. Em contraste, foram registrados apenas dois resultados negativos de dois dígitos: Maués (-15 e -2%) e Pauni (-10 e -9,68%).

No bimestre, 29 prefeituras comemoram geração de empregos, cinco ficaram na mesma e 27 amargaram cortes. Itacoatiara (+89 e +1,38%), Parintins (+67 e +2,45%) e Boca do Acre (+63 e +4,23%) encabeçaram a lista, e Presidente Figueiredo (-209 e -6,29%) foi o único a amargar cortes de três dígitos. Em 12 meses, o rol de municípios com empregabilidade no azul sobe para 53. Somente dois estagnaram e 6 fecharam no vermelho. Presidente Figueiredo (+329 e +11,81%) e Alvarães (-31 e -47,69%) ficaram nos extremos.

Estoques e atividades

Os números de fevereiro confirmam ainda que a geração de empregos no interior segue concentrada. O somatório dos estoques de empregos – que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos – dos seis maiores municípios do interior do Amazonas respondeu por mais da metade de todo o volume de postos de trabalho com carteira assinada contabilizados no interior (38.069). A lista inclui Itacoatiara (6.523), Presidente Figueiredo (3.117), Manacapuru (2.903), Tabatinga (2.838), Parintins (2.797) e Iranduba (2.363).

Todos os cinco setores econômicos conseguiram saldos positivos no Estado, entre janeiro e fevereiro de 2022. No interior, não passaram de quatro. Em um mês em que se mantiveram no topo do ranking de empregabilidade nas atividades econômicas, tanto no Brasil, quanto no Amazonas, os serviços (+27) perderam força no interior. As contratações foram puxadas por comércio (+98), indústria (+81) e agropecuária (+71), enquanto a enquanto a construção (-17) retomou o campo negativo, após o esboço de recuperação no mês anterior.

A mesma dinâmica se repete no bimestre, com a agropecuária (-235) puxando as demissões e a construção (-3) tendendo à estabilidade. Nas demais atividades, as admissões predominaram, com destaque para comércio (+207), seguido por serviços (+103) e indústria (+51). Em 12 meses, só a construção (-42) segue no vermelho, puxada principalmente pelas obras de infraestrutura. O comércio (+1.512) aparece como o setor que mais gera vagas, seguido por serviços (+1.023) agropecuária (+207) e indústria (+81).

Destaque em todas as comparações, Presidente Figueiredo registrou ganhos mensais nas indústrias extrativas (+34) e na produção de lavouras temporárias (+27). As perdas bimestrais vieram da atividade primária (-277). O acumulado de 12 meses, também foi puxado por agropecuária (+522) e indústria (+285). O recuo mensal de Maués foi impactado por serviços (-14) e comércio (-4). Itacoatiara teve a maior parte de suas contratações deste ano concentradas em construção (+35) e serviços (+31). Pior desempenho na variação anualizada, Alvarães sofreu cortes principalmente no comércio (-26).

“Ações de infraestrutura”

Em entrevista recente à reportagem do Jornal do Commercio, o então titular da Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jório Veiga, disse que o saldo negativo de empregos de Presidente Figueiredo no acumulado do ano preocupa. O secretário estadual informou que “a região tem enfrentado saída de produtores”, já que “os custos dos insumos subiram muito” e “os consumidores estão reduzindo as compras como podem”, gerando menor escala de produção e reduzindo e comprometendo o retorno dos investimentos.

Em nova entrevista, também concedida por meio de sua assessoria de imprensa, o executivo frisou que as oscilações no mercado de trabalho do interior, no começo do ano, são impactadas não apenas pela conjuntura econômica. Segundo Jório Veiga, os efeitos da sazonalidade negativa do período e da própria atuação do Executivo, em obras de infraestrutura realizadas nas localidades, também são significativos e apontam para boas perspectivas. Ele se refere ao pacote de obras anunciado pelo governo estadual, de R$ 1,1 bilhão e estimativa de gerar 28 mil vagas no Estado.

“Entendo que essas flutuações são próprias da sazonalidade, afetadas por ações de infraestrutura, que estão sendo realizadas em vários municípios do Estado. Direta ou indiretamente, a circulação de dinheiro decorrente dessas ações movimenta o mercado, que responde com a geração de vagas. Muitas delas são permanentes, com a abertura de novos negócios. Isso contribui para elevar o nível de empregos regulares a um patamar um pouco mais alto, seguindo também o crescimento da economia do Estado”, ponderou.

“Termômetro do Estado”

O presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas) e do Sindecon-AM (Sindicato dos Economistas do Estado do Amazonas), Marcus Evangelista, reafirmou que o problema dos empregos no interior segue sendo mais estrutural do que circunstancial, com as dificuldades sendo mais sentidas nas localidades fora da Região Metropolitana de Manaus, que acabam gerando mais vagas nas próprias prefeituras. A piora nos indicadores econômicos, por outro lado, teria agravado esse quadro, reforçando ou minando as vocações dos municípios, caso a caso.

Mas, segundo o economista, o saldo positivo de fevereiro pode indicar boas perspectivas. “O interior sofre os efeitos das oscilações da economia antes da capital e funciona como um termômetro para o Estado. Se o saldo foi positivo, pode indicar recuperação nos próximos meses. É claro que a agropecuária tem dificuldades de crescer neste período, em razão das chuvas e do custo dos insumos. E a construção está bem aquecida na capital, pelas obras do Casa Verde e Amarela. O que posso dizer é que teremos um segundo semestre melhor, desde que o governo federal consiga controlar a inflação”, concluiu.

Fonte: Jornal do Commercio

Coluna do CIEAM Ver todos

Estudos Ver todos os estudos

Diálogos Amazônicos Ver todos

CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas © 2023. CIEAM. Todos os direitos reservados.

Opera House