17/02/2023
As regiões Norte e Nordeste têm os maiores percentuais do país de trabalhadores inseguros quanto à manutenção do emprego e da renda.
A conclusão é de uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (15) pelo FGV- Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).
Nas duas regiões, mais da metade dos trabalhadores entrevistados respondeu que considerava provável ou muito provável a perda do principal emprego ou da fonte de renda no período dos 12 meses seguintes.
Essa fatia foi de 55,2% no Norte e de 50,2% no Nordeste. São as duas únicas regiões em que a proporção de inseguros ultrapassou os 50%.
“Esse resultado pode ter ligação com dois fatores muito importantes: são regiões onde a renda média é mais baixa, o que naturalmente já adiciona incerteza; e onde se encontram os maiores percentuais de trabalhadores em atividades informais, normalmente associadas a ocupações com menor estabilidade e maior risco”, afirmou o FGV-Ibre.
De acordo com a pesquisa, a menor fatia de profissionais inseguros quanto à manutenção do emprego e da renda foi registrada no Sul (33,1%).
Sudeste (37,9%) e Centro-Oeste (38,5%) completam a lista. Em termos gerais, o percentual de insegurança foi de 41,3% no Brasil.
O Sul teve a maior proporção de trabalhadores que consideravam a perda do principal emprego ou da fonte de renda muito improvável ou improvável: 66,9%.
Na sequência, vieram Sudeste (62,1%), Centro-Oeste (61,5%), Nordeste (49,8%) e Norte (44,8%). No Brasil, esse percentual foi de 58,7%.
Os dados integram a Sondagem do Mercado de Trabalho. A publicação do FGV-Ibre reúne estatísticas apuradas em diferentes meses do segundo semestre de 2022.
No caso do indicador que mede a probabilidade de perda de emprego ou renda, a coleta das estatísticas ocorreu em outubro.
A novidade desta edição é a separação dos resultados por grandes regiões. O lançamento da nova pesquisa ocorre nesta quarta em um evento em Fortaleza.
Dificuldade para sustento por mais de três meses segundo o estudo, em caso de perda da principal fonte de emprego ou renda, somente 22,5% dos trabalhadores ocupados do Norte e 26,6% do Nordeste conseguiriam se sustentar por mais de três meses.
No Sudeste, esse percentual chegou a 38,8%, seguido por Centro-Oeste (33,7%) e Sul (31,7%).
No Brasil, a proporção de ocupados com condições de sustento por mais de três meses, em caso de perda do emprego, foi de 33,5%.
Outro dado da sondagem, apurado em agosto, mostrou que 83,5% dos trabalhadores do Sul estavam satisfeitos ou muito satisfeitos com o próprio trabalho.
É o maior nível de satisfação da pesquisa, seguido pelo percentual do Nordeste (77,5%). A média brasileira foi de 72,2%.
A pesquisa também questionou os entrevistados, ocupados com trabalho ou não, sobre o bem-estar geral com a vida em geral. A região Nordeste registrou o maior grau de satisfação, de 7,6 pontos, acima da média nacional (7,2 pontos).
“Sendo uma região com grande insegurança de renda e com alguma insatisfação em questões trabalhistas importantes, o resultado sugere que a percepção subjetiva de bem-estar na região é determinada por outros fatores. Apesar da diferença entre as regiões, todas ficaram com notas médias próximas de 7 pontos”, disse o FGV-Ibre.