20/12/2018
*Augusto Barreto Rocha
Este texto conclui uma série de artigos sobre o futuro da
infraestrutura de transporte do Amazonas. Ela estabeleceu o
modal rodoviário como a maior prioridade e a maior lacuna a
ser transposta para o desenvolvimento do Amazonas. A
construção do futuro próspero da região depende
primariamente da infraestrutura, antes de qualquer outra
questão. Outros aspectos precisam ser regulados, como os
fatores de proteção do meio ambiente, educação,
aprendizado das culturas locais e tradicionais, bioética, uso
responsável dos recursos naturais, sustentabilidade e todas as
demais questões associadas a preservação, uso e crescimento
da riqueza disponível.
Manter o isolamento do Amazonas é defender a preservação
da condição de miséria. É necessário muito trabalho e esforço
de todos que tenham interesse no desenvolvimento da região.
A infraestrutura é um dos condicionantes para o
desenvolvimento produtivo do Amazonas. Ser contra a
possibilidade do transporte é o mesmo que ser contra as
pessoas da região, condenando-as ao subdesenvolvimento.
Portanto, não me parece ser o interesse dos verdadeiros
Amazônidas isolar a região. A prosperidade deve ser
construída como um fruto de um trabalho e esforço coletivo
dos que aqui moram.
A atividade industrial desenvolvida com a Zona Franca de
Manaus é uma semente que ajudará a nanciar e despertar os
verdadeiros potenciais do estado. Manaus é a capital do maior
estado brasileiro e a cidade está praticamente isolada, quase
no centro da imensidão do estado que possui
1.570.745, 68km2. Esta indústria tem gerado empregos,
produção e impostos suficientes para construir a
infraestrutura necessária ao presente e ao futuro
Atualmente, a infraestrutura do estado do Amazonas é
praticamente a mesma de muitos anos atrás. Aliás, com um
olhar mais crítico, é possível armar, sem medo de errar, que
a infraestrutura parou de desenvolver ou retrocedeu no
tempo, de acordo com o modal para onde se destine o olhar. A
questão colocada hoje é: como mudar este cenário? Algumas
pessoas acreditam que este é o melhor dos mundos: não fazer
nada e deixar a oresta e a região como uma reserva,
guardada para o futuro. Outros pensam que a reserva deve ser
explorada sem trégua, o que levaria a destruição da riqueza da
região. Os dois caminhos não interessam ao presente dos
brasileiros, porque há perdas expressivas nos dois caminhos.
Rodovias e transporte por água é a base do transporte para o futuro do Amazonas. Como fazer isso de maneira sustentável? Este grande embate que tem sido vencido ao longo dos últimos anos onde a conclusão de nada fazer tem tido um vencedor: todos aqueles onde não há interesse no desenvolvimento do estado. Encontrar um caminho que interesse ao Amazonas é o grande desafio.
Espero que esta série de textos sirva como reflexão para um futuro desenvolvido no Amazonas. Executar todos os anos, intransigentemente, 2,5% do PIB do estado na dotação de condições de transporte integrando-o ao restante do país permitirá que sejam realizadas atividades produtivas.
Este é o
convite: produção, geração de riqueza, criação de uma
indústria vinculada com a biodiversidade local, produção de
alimentos e tudo o mais que é possível com a floresta e com
seu subsolo. Turismo, ciência, inovação tecnológica: este
tripé deve nortear as ações, amparado por um olhar de
sustentabilidade, incluindo o seu aspecto econômico, social e ambiental, nesta ordem e com prioridades equivalentes. Com
isso poderemos, após muito trabalho, gerar o
desenvolvimento, uma vez que ninguém “leva o
desenvolvimento”, mas as sociedades se desenvolvem a partir
das condições e das conquistadas por seu próprio mérito e
esforço. Portanto, arregacemos as mangas e vamos ao
trabalho, enfrentando os que são contrários aos nossos
interesses,lembrando de aceitar alguns erros e muitos acertos
ao longo do caminho
(*) professor da Ufam e empresário