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Inflação puxa novo aumento da Selic

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07/05/2021

Fonte: Jornal do Commercio

Como já era esperado com larga antecedência pelo mercado, o aumento da inflação de alimentos, combustíveis e energia levou o BC (Banco Central) a aumentar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, pela segunda vez seguida. A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) foi unânime e elevou a taxa básica de juros de 2,75% para 3,5% ao ano. Lideranças classistas ouvidas pela reportagem do Jornal do Commercio se dividiram quanto à conveniência da medida, em um cenário econômico ainda incerto e impactado pela segunda onda.

Em comunicado, o Copom explicou que o novo aumento nos juros básicos se deve à inflação de alimentos e bens industriais. Além disso, o Copom avaliou que o avanço da vacinação contra a Covid-19 deve impulsionar a recuperação da atividade econômica no Brasil ao longo do ano. Para os conselheiros, contudo, o ritmo de crescimento da economia brasileira ainda é incerto, embora ressalte que o nível de incerteza "deve ir retomando à normalidade" "aos poucos".

Com a decisão de hoje (5), a Selic segue o segundo passo de um novo ciclo de alta, depois de passar seis anos sem ser elevada. De julho de 2015 a outubro de 2016, permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que estes chegassem a 6,5% ao ano, em março de 2018. Em julho de 2019, a taxa voltou a ser cortada até alcançar 2% ao ano, em agosto de 2020 -em virtude da contração econômica gerada pela primeira onda de Covid-19. Foi o menor nível da série histórica iniciada em 1986.

A Selic é o principal instrumento do BC para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo IPCA (índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Em março, o indicador fechou no maior nível para o mês desde 2015 e acumula 6,1% no acumulado de 12 meses, pressionado pelo dólar e pela alta dos combustíveis e do gás de cozinha. O valor está acima do teto da meta de inflação. Para 2021, o CMN (Conselho Monetário Nacional) tinha fixado meta de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Com isso, o IPCA não poderia superar 5,25% no ano, nem ficar abaixo de 2,25%.

No Relatório de Inflação divulgado no fim de março pelo BC, a autoridade monetária estimava que, em 2021, o IPCA fecharia o ano em 5% no cenário base. Esse cenário considera um eventual estouro do teto da meta de inflação no primeiro semestre, seguido de queda dos índices no segundo semestre. A projeção está em linha com previsões do boletim Focus. A pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC sinaliza que a inflação oficial deve fechar o ano em 5,04%. A projeção oficial só será atualizada no próximo Relatório de Inflação, no fim de junho.

“Mercado especulativo”

No entendimento do presidente da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Jorge de Souza Lima, o BC agiu de forma correta, diante do cenário inflacionário e da perspectiva sazonal de melhora para a economia. "Esse aumento é para combater a inflação. Como a vacina já está se ampliando mais, gera uma expectativa de segurança e permite que a economia volte a crescer aos poucos. Esperamos uma melhora no segundo semestre e o Dia das Mães já deve nos dar um sinal disso", tranquilizou.

Em sentido contrário, o presidente em exercício da Fecomércio-AM (Federação de Bens, Serviços e Turismo do Comércio do Estado do Amazonas), Aderson Frota, o aumento da taxa Selic trabalha contra a economia, no tocante a investimentos e ao próprio crescimento desta, já que muitos recursos destinados a capital de giro e movimentação das empresas deve ser deslocados para o mercado financeiro e especulativo.

"Este aumento, embora tenha a justificativa de conter o processo inflacionário, é negativo. Na realidade, o que precisamos é movimentar a economia para gerar emprego, renda e qualidade de vida. Isso é fundamental. Quem cria empregos é a iniciativa privada e qualidade de vida só vai melhorar com a economia se movimentando e gerando tributos para o próprio governo. Essa mexida na Selic vai fazer com que o mercado especulativo cresça, em detrimento das vendas e investimentos", lamentou.

Variação cambial

Embora concorde que o comportamento dos preços inspira cuidado, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, também entende que a nova majoração não vem em um momento propício para o setor, que enfrenta os impactos das medidas restritivas dos governos locais para conter a segunda onda em todo o país. Além disso, o dirigente já lembrou em mais de uma ocasião que a escalada do dólar também contribui para o cenário inflacionário.

"O aumento da Selic em 0,75% já era aguardado. A elevada inflação tem pressionado os sucessivos aumentos da taxa como forma de contê-la. Para a indústria, essa elevação é problemática, pois encarece o custo do crédito em um momento de crise sanitária e econômica. Aliado a esse fator temos também o arrefecimento do consumo. Esses dois fatores deverão trazer resultados aquém do esperado", lamentou.

“Desastre imobiliário”

Já o presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas), Frank Souza, concorda que a intensificação da vacina deve contribuir para uma melhora no cenário econômico e o surgimento de um mercado "mais vigoroso", com a retomada de várias atividades atualmente paradas e maior injeção do mercado, o que sinalizaria também um aquecimento nos preços. O dirigente ressalta, contudo, que a medida é "um desastre" para o mercado imobiliário.

"Essa elevação da taxa de juros era esperada porque os preços subiram para tudo. Na construção civil, o aço puxou mais de 100%. Essa cesta da Selic não leva em conta todos os produtos e o setor sofreu aumentos bárbaros. Mas, independentemente disso, a majoração da taxa faz os financiamentos imobiliários ficarem mais caros para o incorporador e para o comprador. Mas a Selic deve fechar 2021 em uma faixa de 4,5% e o governo deve equilibrar a alta da inflação desse jeito, para conter o consumo", finalizou.

Alta da inflação de alimentos, combustíveis e energia puxou aumento da Selic

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