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Inflação continuará persistente apesar de desaceleração, dizem economistas

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26/05/2022

Para quem olha apenas para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial de inflação, o pior parece estar ficando para trás —mas isso não quer dizer que o consumidor sentirá um alívio no bolso tão cedo. Após provavelmente ter atingido o seu pico, a inflação tende a arrefecer de forma lenta nos próximos meses.

"A gente fala muito de desinflação, que é uma taxa de inflação menor. Isso significa preços acelerando menos, mas cada vez mais altos. Para o consumidor, ainda é um período pesado para os gastos", afirma Júlia Passabom, economista do Itaú Unibanco.

No acumulado em 12 meses até abril, o IPCA ficou em 12,13%, maior nível desde outubro de 2003 (13,98%). Nesta terça-feira (24), o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) atingiu 12,20%, com elevação de 0,59% em maio, ante alta de 1,73% no mês anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O que ajudou a segurar o resultado de maio foi a deflação do grupo habitação (-3,85%), puxada pelo fim da cobrança extra na tarifa da conta de luz, com a passagem da bandeira de escassez hídrica à verde a partir de 16 de abril. Transportes e vestuário apresentaram taxas menores, alimentação e bebidas também recuaram. De acordo com as projeções do Itaú, a inflação deve permanecer no ritmo de 10% até o fim do terceiro trimestre e sair do patamar de dois dígitos apenas em outubro. A expectativa do banco é de que o indicador encerre 2022 ainda pressionado, em 8,5%, refletindo preços administrados (combustíveis) mais elevados e desinflação de bens no segundo semestre.

Mirella Hirakawa, economista sênior da AZ Quest, vê como risco a uma inflação mais comportada possíveis reajustes nos preços de combustíveis, que impactam rapidamente a renda da população, além de gargalos vindos de industriais, ainda bastante pressionados.

Em suas projeções, o IPCA deve se manter em um platô em torno de 11% a 12% até agosto, recuando para um dígito também no mês de outubro, até fechar o ano em 9,3%.

A disparada da inflação é reflexo de uma série de choques inflacionários sucessivos desde meados de 2020, começando por alimentos (alimentação no domicílio), seguido por administrados (energia), até atingir industriais (bens). "Quem se contamina por último é a parte de serviços, que é muito mais persistente e inercial", diz Júlia Passabom, do Itaú.

Além de elevada, a inflação está bastante disseminada. A economista Margarida Gutie-rez, professora do Coppead/UFRJ (Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro), destaca que núcleos continuam pressionados e que mais de 70% dos preços que compõem a cesta subiram em abril, com índice de difusão de 78,25%.

Reajustes de preços vêm garantindo a persistência das pressões inflacionárias no país, bem como o cenário internacional, com lockdowns na China e sanções contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia.

Dado o contexto internacional, Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central e sócio fundador da Mauá Capital, observa que o mundo ainda não se encontra no pico de inflação, mas que o Brasil está em uma situação diferente.

A primeira razão, segundo ele, é o fato de o país ser exportador de commodities e ter o choque atenuado pela taxa de câmbio, que tende a ficar um pouco mais apreciada. Em segundo lugar, pontua o estágio avançado do ciclo de aperto monetário no Brasil.

No dia 4 de maio, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC elevou a Selic (taxa básica de juros) em 1 ponto percentual, a 12,75% ao ano. Para a próxima reunião, em junho, sinalizou uma alta adicional de menor magnitude.

Fonte: Jornal do Commercio

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