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Indústria tem maior sequência de quedas desde 2021, com influência de fatores conjunturais, diz IBGE

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20/04/2023

Por Lucianne Carneiro, Valor — Rio

A indústria brasileira tem um início de 2023 marcado por perda na produção, a primeira sequência de três quedas seguidas desde 2021 e a influência de fatores conjunturais como taxas de juros elevadas, mercado de trabalho com contingente grande de trabalhadores excluído e algum problema de oferta de insumos.

A avaliação foi feita nesta quarta-feira (19) por André Macedo, que é o gerente da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Fisica (PIM-PF), divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“De fato a gente tem um início de 2023 marcado por menos intensidade da produção industrial, que fica visível pela sequência de três resultados negativos. [...] Embora a produção industrial tenha mostrado alguma melhora no fim do ano passado, este início de 2023 apresenta perda na produção, permanecendo longe de recuperar as perdas do passado recente”, afirmou o gerente.

A queda de 0,2% da indústria é a terceira seguida na série que compara o desempenho frente ao mês anterior. Nesses três meses, o recuo é de 0,6%. Desde 2021 – entre fevereiro e abril -, não se observava uma sequência de três recuos. Naquele momento, a intensidade da perda acumulada foi bem maior, de 5,5%.

Ao explicar as razões dessa retração da indústria, Macedo afirmou que permanece a influência de fatores conjunturais já mencionados em divulgações anteriores, como a taxa de juros em patamar elevado – que aumenta o endividamento e encarece o crédito –, o mercado de trabalho com milhões de trabalhadores fora dele e falta de insumos, do ponto de vista de oferta.

“A questão dos juros atua principalmente em bens duráveis. A gente observa uma demanda doméstica com fatores influenciando negativamente, como temos falado nos últimos meses. Do ponto de vista da oferta, temos alguma dificuldade ainda para fornecimento de insumos”, disse.

“São fatores conjunturais que já vem permeando o setor industrial há algum tempo e que ajudam a explicar a razão de estar abaixo do pré-pandemia”, completou.

O patamar de produção da indústria estava, em fevereiro de 2023, 2,6% abaixo daquele observado em fevereiro de 2020.

Para além dos fatores conjunturais, o gerente do IBGE menciona também a questões específicas que afetam a produção em determinados meses.

Se em janeiro a produção de caminhões foi um deles – afetada pelo início de uma nova norma em relação à emissão dos poluentes -, o resultado de fevereiro foi influenciado por férias coletivas na indústria automobilística e também pelo efeito do embargo da China na produção de carne, dentro da indústria de produtos alimentícios.

“Nesse mês de fevereiro, a paralisação de montadoras é um fator importante a ser considerado, não só nesse segmento. Além disso, a indústria de alimentos é a atividade de maior impacto negativo. A questão das exportações de carne bovina, pelo mal de vaca louca identificado no fim de fevereiro, aparece, mas não é o fator fundamental”, afirmou André Macedo.

Fonte: Valor Econômico

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