CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Notícias

Indústria resiste, mas liga alerta

  1. Principal
  2. Notícias

03/01/2022

MARCO DASSORI

A indústria entrou no terceiro ano da pandemia, em meio a um cenário de incertezas resilientes, materializado pela escalada da inflação, dos juros e do câmbio. Há ainda um componente adicional de preocupações decorrente do fato de que 2022 é ano de eleições gerais, com uma paralisação já contratada na agenda legislativa do setor. Lideranças do PIM ouvidas pela reportagem do Jornal do Commercio avaliam, no entanto, que mantêm o otimismo e avaliam que o Ano Novo também oferece oportunidades –a exemplo do 5G.

Destacam também que, apesar dos entraves, 2021 também foi um ano de conquistas. No entendimento do presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, 2021 foi um período de “muita resiliência” para o segmento industrial do Amazonas. Especialmente porque o ano começou com o Estado enfrentando uma segunda onda de Covid-19, “que culminou por impactar todo o restante do exercício”. O dirigente lembra ainda que a reforma Tributária, foi novamente postergada para o ano seguinte, sendo que 2022 será ano eleitoral, o que por si só já criaria “um cenário de imprevisibilidade e instabilidade política”.

“Mas, a despeito de todas as dificuldades, iremos fechar o ano com mais de 105 mil colaboradores empregados diretamente, além de um faturamento recorde. Ademais, o governo estadual também sinalizou positivamente com o setor ao prorrogar os incentivos fiscais relacionados ao ICMS. De igual modo, a interlocução com o governo federal tem sido exitosa, e as questões atinentes aos PPBs (Processos Produtivos Básicos), salvo naturais divergências, foram praticamente saneadas”, ponderou. Os obstáculos no caminho são conhecidos.

Antonio Silva lembra que o setor ainda enfrenta uma “alta inflacionária” e uma “acentuada variação cambial”. Tais questões, aliadas à crise mundial no fornecimento de insumos, gerariam um panorama de receio para a indústria. “É natural que haja uma retração de novos investimentos, o que abre espaço para que empresas já consolidadas atendam eventuais crescimentos de demandas”, pontuou.

“Tenho convicção, entretanto, que, assim como em 2021, o setor dará, mais uma vez, mostras de sua força, mesmo diante de todas as dificuldades já mencionadas. O país necessita voltar a crescer, e esta retomada passa justamente pelo fortalecimento de nossa indústria”, afiançou. Sinergia e incertezas Na mesma linha, o vice-presidente da Fieam e presidente do SIMMMEM (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus), Nelson Azevedo, assinala que 2021 foi um ano de recuperação para a indústria, depois das “muitas incertezas” vividas em 2020 – especialmente após a eclosão da primeira onda da pandemia da Covid-19.

“Estivemos em patamares muito inferiores da média anterior o que forçou as indústrias a serem muito criativas para permanecer em pé e continuar com seus investimentos”, lembrou. O dirigente destaca que as fábricas enfrentaram os problemas de frente, priorizando a segurança da força de trabalho, com cuidados especiais para evitar a contamina - ção coletiva, além de fazer a diferença na assistência social, para reduzir o sofrimento das famílias “menos favorecidas” e as mais impactadas pela pandemia. Azevedo reforça ainda o papel do poder público, na sinergia de políticas para combate à pandemia. “O governo federal providenciou as vacinas enquanto que os governos estaduais e municipais disponibilizaram postos de vacinação suficientes para imunizar a população vacinável, organizadas por faixa etária. Essa sinergia do poder público com a iniciativa privada foi fundamental para o enfrentamento da pandemia e a redução dos impactos na economia. Tivemos problemas, mas poderiam ter sido piores, caso não houvesse essa parceria”, frisou.

O presidente do SIMMMEM concorda que a indústria ainda enfrenta gargalos, a exemplo da piora dos entraves logísticos, inflação, alta do dólar e da taxa de juros, e falta de componentes para indústrias do Polo Industrial de Manaus. “O frete para contêineres em navios de longo curso disparou, e a oferta de navios diminuiu drasticamente.

Alguns componentes-chave que são utilizados pela maioria das fábricas de todas as regiões enfrentam gargalos na oferta, forçando a diminuição na produção dos produtos finais ao consumidor. Esses quatro fatores já são suficientes para aumentar os custos de produção e retrair o consumo”, lamentou.

Nelson Azevedo considera, contudo, que as expectativas para 2022 são positivas e avalia que, a despeito das dificuldades, será um ano de “estabilização da inflação”, geração de novos postos de trabalho e retorno dos investimentos da iniciativa privada ao setor produtivo.

“Acreditamos que o próximo ano será melhor em comparação com 2020. Entraremos em um período eleitoral, com a apresentação de ideias para solucionar os principais problemas nacional e estatuais, onde o eleitor poderá, através do voto, eleger as propostas mais adequadas, segundo o seu critério de prioridades”, amenizou. Logística e eleições Já o presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas), Roberto Moreno, salienta que, a despeito das dificuldades e incertezas, a indústria encerrou 2021 com desempenho acima do esperado.

“Até pelo momento duríssimo que atravessamos devido à [segunda onda] da pandemia –e aqui deixo minhas condolências a todas as famílias agredidas por essa doença –, a economia teve um ótimo resultado. Mesmo com as dificuldades logísticas, que ainda persistem, e com o esforço fora do comum de toda a cadeia de suprimentos, fechamos com saldo positivo”, avaliou.

As principais pendências deixadas pelo rastro de 2021, segundo Roberto Moreno, são o afastamento das incertezas geradas pelo vírus –incluindo novas cepas e variantes –, para que a indústria possa ter plenitude nas atividades profissionais e equalização da cadeia logística, que ainda se ressente da “quebra” global ocorrida e seus impactos de custos extras. “[Isso tem que acontecer] para que toda a cadeia produtiva possa fazer o que ela sabe bem: produzir, contribuir com emprego e renda aos colaboradores e pagar seus impostos, para que o governo possa investir mais em saúde, educação e infraestrutura, trazendo um ciclo positivo de progresso”, enfatizou. Na análise do presidente da Aficam, 2022 ainda traz desafios.

O principal seria o nó logístico, dada a necessidade de tempo para equilíbrio entre oferta e demanda. O dirigente diz esperar que “isso não chegue tarde”, pois isso poderia contribuir para mais desaceleração do consumo e da economia. Moreno lista também oportunidades, ao dizer que a indústria deve se beneficiar pela implantação do sistema 5G, algo que deve proporcionar um salto tecnológico e abrir caminhos na medicina digital e criar facilidade e estabilidade de comunicação. “Mas, há a incerteza de que 2022 é ano de eleições. Desejo que o Brasil possa ser o vitorioso da batalha que deverá vir”, finalizou.

Fonte: JCAM

Coluna do CIEAM Ver todos

Estudos Ver todos os estudos

Diálogos Amazônicos Ver todos

CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas © 2023. CIEAM. Todos os direitos reservados.

Opera House