25/01/2021

Fonte: ACRÍTICA

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antonio Silva, afirmou que até o momento não houve paralisação total das linhas de produção no Polo Industrial de Manaus (PIM) pela falta de oxigênio.

Segundo o empresário, ao doar os cilindros de oxigênio para a rede estadual de saúde, para garantir o atendimento nos hospitais, as indústrias do PIM ficaram desabastecidas, mas buscaram diversos meios de restabelecer o insumo ou direcionar a produção para atividades que não exigem a utilização do gás.

“Não temos relato de empresas que se encontram paradas por falta desse insumo. Muitas vezes dentro do plano de produção, existem procedimentos produtivos que antecedem a utilização desse material. Porém, é provável que etapas que utilizem o oxigênio só sejam realizadas quando tiverem essa disponibilidade”, explicou.

Yamaha Motor do Brasil tem insumos (gases industriais) para assegurar a produção de janeiro. Contudo, a empresa informou que havendo desabastecimento irá parar. “Entendemos que a vida vem em primeiro lugar. É prioridade, neste momento crítico, oxigênio para fins medicinais”, diz trecho da nota. IMPACTOS

O presidente do Centro da indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, disse que Fábricas da Zona Franca de Manaus reduziram a produção pela falta de oxigênio e também tiveram que ajustar os turnos de trabalho em razão da restrição para circulação de pessoas, das 19h às 6h, até o dia 31 deste mês.

Na indústria, o oxigênio é usado em processos de corte, solda e testes de produtos. O abastecimento de nitrogênio também foi impactado com o acordo celebrado pelas empresas que utilizam gases de não demandar novos pedidos das fornecedoras no estado, como White Martins, Carbox e Nitron, que estão 100% dedicadas à produção e distribuição de oxigênio ao segmento hospitalar, conforme Périco.

“Se decidiu não produzir nenhum outro gás para que as indústrias fornecedoras utilizem toda a sua estrutura, mão de obra e caminhões para produzir e distribuir oxigênio para os hospitais”, disse o presidente do Cieam.

A alta de novos casos da Covid-19 e de internações fez com que a demanda por oxigênio chegasse a 76 mil metros cúbicos diários. Antes da pandemia, o consumo era de 15 mil metros cúbicos por dia e no primeiro pico da doença, em abril de 2020, não superou os 30 mil metros cúbicos. A White Martins, principal fornecedora, tem capacidade de produção de 28 mil metros cúbicos por dia.

De acordo com o presidente da Fieam, o segmento mais afetado será o metalúrgico, seguido das empresas dos subsetores de eletroeletrônico e de duas rodas que tem sua produção verticalizada. O empresário contou que os segmentos estudam alternativas para contornar a ausência do insumo.

“Existe a possibilidade de se formar um pool de empresas para união de esforços na obtenção desse insumo. Outra alternativa, talvez a mais usada, é o envio urgente por parte de filiais ou matrizes das empresas implantadas no PIM”, concluiu.

Parada temporária até o dia 3 de fevereiro

A Moto Honda da Amazônia anunciou a parada temporária de sua linha de produção de 25 de janeiro a 3 de fevereiro em virtude dos impactos da covid-19 nas cadeias de suprimento, que geram indisponibilidade de insumos para a produção, além do agravamento da pandemia no Amazonas.

De acordo com a empresa, a retomada está prevista para 4 de fevereiro, desde que as condições necessárias sejam atendidas. Durante esse período, os colaboradores das áreas administrativas e produtivas entram em férias coletivas, permanecendo um contingente mínimo de pessoas para a realização de atividades essenciais. A montadora doou 454 cilindros de oxigênio para o estado e esclareceu que seguirá com a recarga e reabastecimento dos mesmos.

O presidente do Centro da Indústria do Amazonas, Wilson Périco, não descarta que outras empresas anunciem paralisação na produção. “A Moto Honda parando, certamente, os seus fornecedores vão sentir. Pode ser que parem algum deles”, declarou o empresário.

Existe a possibilidade de se formar um pool de empresas para união de esforços na obtenção desse insumo.