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Indústria fraca reforça queda do PIB no 3º tri

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03/10/2013

Para evitar um resultado negativo no terceiro trimestre, a indústria teria que crescer, no mínimo, 5% entre agosto e setembro - desempenho considerado quase impossível pelos analistas. A expectativa é que a produção industrial tenha leve alta em setembro e não impeça um trimestre de retração do setor. A quase estabilidade (queda de 0,1%) vista em agosto frente ao mês anterior, após os ajustes sazonais, teve sabor de forte retração, já que o dado de julho foi revisado para baixo. A queda naquele mês foi de 2,4%, superior a redução de 2% anteriormente divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os números de agosto, na avaliação de economistas, reforçam a ideia de que a economia brasileira pode se contrair na passagem do segundo para o terceiro trimestre. Sem a ajuda da indústria, dizem eles, o Produto Interno Bruto (PIB) terá que contar com a agropecuária e os serviços para minimizar as perdas, mas há dúvidas quanto à força desses setores em neutralizar o efeito negativo da indústria.

Para o gerente da coordenação de indústria do IBGE, André Luiz Macedo, a produção como um todo desacelerou no segundo quadrimestre e esse movimento foi influenciado pela formação de estoques, que começaram a crescer em maio devido à combinação de endividamento das famílias, queda no ritmo de crescimento da renda do trabalhador, aumento de juros, forte presença de importados no mercado brasileiro, dificuldades de exportação e redução na confiança do empresariado. Macedo explicou que, de janeiro a abril, a produção industrial acumulou crescimento de 3,1%. De maio a agosto, queda de 2,3%.

Os investimentos, que no primeiro semestre impulsionaram o crescimento da economia, são vistos com cautela. Embora a produção de bens de capital tenha aumentado 2,6% em agosto, na comparação com julho livre de efeitos sazonais, e permitido uma reversão na média móvel trimestral, que passou de queda de 0,6% em julho para alta de 1,4% em agosto, a percepção é que ainda é cedo para se apostar em uma retomada consistente dos investimentos.

"A confiança do consumidor melhorou, mas a do empresário ainda não. Com os bancos emprestando menos, o consumo pode fraquejar e isso desestimula os investimentos", diz a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, acrescentando que muitas das decisões de investimento também dependem do resultado do programa de concessões que está em andamento. Ela pontua que grande parte do avanço de 6% nos investimentos no primeiro semestre se deu pela baixa base de comparação. Em 2012, os investimentos recuaram 4%.

De janeiro a agosto, a fabricação de bens de capital subiu 13,5%, mas ocorreu forte desaceleração nos últimos meses. O ritmo de crescimento passou de 15,5% entre janeiro e abril para 0,7% de maio a agosto, de acordo com o IBGE.

Para o economista-chefe do Banco Fator, Francisco de Lima Gonçalves, o processo ainda é de volta do investimento ao patamar de 2010 e 2011. Ele chama a atenção para o fato de que nos 12 meses encerrados em agosto a produção de máquinas e equipamentos para construção continuar em campo negativo (-7,6%), o que indica certa fragilidade dos investimentos. "Talvez o aumento do valor máximo de imóveis que podem ser comprados com uso do FGTS ajude o setor. Se incentivar novos lançamentos, veremos algum impacto no investimento a partir do fim do ano, mas se refletir somente nos imóveis prontos, haverá redução de estoques sem interferir na produção de bens de capital."

O desempenho desigual dos segmentos industriais neste ano também é apontado por Gonçalves como um sinal de parcimônia. Dos 27 segmentos acompanhados pelos IBGE, 14 elevaram a produção neste ano e 13 contabilizam recuo. "Quando o investimento é consistente, ele reflete no consumo, no emprego e na renda."

Outro fator que prejudicou o desempenho do setor, lembra o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio Leal, foram as manifestações de junho e julho. "Paralisações em portos e estradas prejudicam muito a produção e os estoques."

O crescimento de bens de capital em agosto, após a queda de 4,7% em julho, diz ele, mostra que há espaço para avanço nos investimentos no segundo semestre. Já o fraco desempenho de bens de consumo, comenta Leal, atesta que há um enfraquecimento neste setor. Entre julho e agosto, a produção de bens de consumo duráveis cresceu 0,2%, após queda de 7,4% no mês anterior. Já a fabricação de bens de consumo semi e não duráveis caiu 0,3% em agosto, após retração de 1,8% em julho, sempre na comparação com o mês anterior, feitos os ajustes sazonais.

Fonte: Valor Econômico

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