01/08/2017

Reportagem publicada no portal Eletrolar.com

A indústria brasileira cresceu 0,5% na primeira metade de 2017, na comparação com o mesmo período do ano passado. É o melhor desempenho para o período desde 2013, quando avançou 3%. No primeiro semestre de 2016, a indústria tinha caído 8,8%. Segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo IBGE, o setor registrou estabilidade em junho, frente a maio. Já na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve alta de 0,5%.

O IBGE revisou dados dos meses anteriores. A queda em março frente a fevereiro, anteriormente estimada em 1,6%, agora foi recalculada para recuo de 1,9%. Já os avanços de abril e de maio – também na comparação com os meses imediatamente anteriores – ficaram mais intensos, estimados em 1,3% e 1,2%, no novo cálculo. Revisões desse tipo são feitas praticamente em todas as divulgações, devido à apuração de novos dados.

Analistas ouvidos pela Bloomberg esperavam que a produção industrial recuasse 0,3% na comparação mensal e encolhesse 0,1%, frente ao mesmo mês do ano passado. Para o fim de 2017, a expectativa do mercado financeiro para o setor é positiva: a projeção do relatório Focus é de alta de 0,83%. Se a previsão se concretizar, será o primeiro avanço da indústria desde 2013, quando a produção cresceu 2,1%.

Nos últimos meses, a produção industrial tem mostrado recuperação frágil. Em janeiro e fevereiro, o indicador ficou praticamente estável, antes de recuar 1,6%, em março. Em abril e em maio, o número voltou ao terreno positivo.

Veículos puxam a indústria

O resultado positivo no semestre foi influenciado por avanços em 13 dos 26 ramos, em relação ao mesmo período do ano passado. Nesse mesmo tipo de comparação, 51,1% dos 805 produtos pesquisados pelo IBGE registraram alta. O destaque ficou por conta do setor de veículos automotores, onde a produção cresceu 11,7% no período. A indústria extrativa também puxou o resultado para cima, com crescimento de 6%, sempre na comparação com o primeiro semestre de 2016.

Segundo o IBGE, o que mais pesou para a alta do setor de veículos foi a maior produção de veículos para transporte de mercadorias, caminhão-trator e autopeças. Esses produtos são beneficiados pela safra recorde no setor agropecuário, que impulsionou o investimento em máquinas no campo. Já o avanço na indústria extrativa teve a influência dos avanços registrados nos segmentos de minérios de ferro óleos brutos de petróleo e gás natural.

Além desses dois destaques, o resultado no semestre também teve como destaques as altas nos segmentos de equipamentos de informática (5,1% e máquinas e equipamentos (2,4%). Em contrapartida, 13 atividades impediram uma alta mais intensa nos primeiros seis meses do ano. Entre as principais quedas no período, estão a produção de derivados do petróleo (-7,6%) e produtos alimentícios (-2,2%).

O IBGE também calcula o desempenho da indústria considerando grandes categorias econômicas, que englobam as atividades. Neste tipo de divisão, o destaque do semestre ficou por conta dos bens de consumo duráveis, com alta de 10%, e de bens de capital (2,9%).

Esses resultados são explicados pelo aumento da fabricação de eletrodomésticos e automóveis, respectivamente. Puxaram para baixo os resultados de bens de consumo semi e não-duráveis (-1,2%), como alimentos, e o de bens intermediários (-0,1%), que agrupa a produção de insumos da indústria e é a maior categoria do setor.

Em queda

Na comparação entre maio e junho, dos 24 ramos pesquisados pelo IBGE, 12 tiveram redução da produção, nove registraram crescimento e três ficaram estáveis. Apesar de ser um dos destaques positivos do semestre, o segmento de veículos automotores foi mal no mês passado e recuou 3,9%, sendo uma das principais influências negativas. Extremamente volátil, o setor de produtos farmacêuticos também puxou o resultado para baixo, com queda de 9,2%.

Já entre os que registraram alta, o melhor desempenho foi o de produtos alimentícios, com alta de 4,5%. Foi o segundo resultado positivo consecutivo do segmento, que acumula alta de 7,8% nos últimos dois meses. Os resultados, no entanto, não impediram essa indústria de registrar um dos destaques negativos do semestre.

Considerando as grandes categorias econômicas, o principal resultado foi a queda de 6% da produção dos bens de consumo duráveis, eliminando parte do avanço de 9,5% registrado nos meses de abril e maio. Também registrou queda o setor de bens semi e não duráveis (-0,5%). A categoria bens de capital teve alta de 0,3% e a de bens intermediários, avanço de 0,1%, próximo à estabilidade.

Na comparação com junho do ano passado, a expansão de 0,5% foi influenciada principalmente pela alta de 7,2% de produtos alimentícios. Segundo o IBGE, 46,1% dos 805 produtos pesquisados tiveram resultados positivos. O instituto destacou que, nesse tipo de comparação, influenciou no resultado o fato de que junho de 2017 teve um dia útil a menos que o mesmo mês do ano passado. O destaque entre as categorias ficou por conta dos bens de consumo duráveis, com alta de 5%. Já o de semi e não duráveis teve redução de 1,8%, a única taxa negativa entre essas grandes categorias.