22/12/2022
A indústria amazonense deve fechar 2022 com crescimento de 10,42%, porcentagem superior aos 1,8% de aumento no faturamento da indústria nacional A Federação das Indústria do Amazonas Fieam divulgou ontem o balanço do setor que deve faturar de R$ 179,83 bilhões.
De acordo com o presidente da Fieam, Antonio Silva, um dos fatores que prejudicaram fortemente o desempenho da economia, uma vez que tem influência direta nos custos de produção e nos transportes, foi o aumento de preço dos combustíveis, principalmente no primeiro semestre, quando ocorreram três reajustes no valor do litro da gasolina e quatro no de diesel Antonio Silva aponta que, no segundo semestre, o preço dos combustíveis apresentou uma redução que se refletiu na inflação, registrando queda de 0,68% em julho, 0,36% em agosto e uma deflação de 0,2% em setembro.
No entanto, essa baixa não perdurou em razão do aumento de outros itens, que influenciam no aumento de preços como, por exemplo, dos alimentos e, a partir de outubro, a inflação voltou a registrar uma elevação de 0,59% e em novembro 0,41%.
O dirigente empresarial também cita que a guerra entre Rússia e Ucrânia afetou a oferta de insumos e produtos no mundo todo, elevando os preços e influenciando fortemente a inflação brasileira Esse fato e as instabilidades ocorridas nas economias dos Estados Unidos e da China levaram o Banco Central brasileiro a aumentar a taxa de juros básica para tentar controlar a inflação Em agosto a Selic atingiu 13,75%, fazendo com que o crédito ficasse mais caro para reduzir o consumo na tentativa de forçar os preços a cair.
MEDIDAS
Antonio Silva lembra que, para tentar aumentar o poder aquisitivo, o governo liberou a retirada de até R$ 1 mil de contas ativas e inativas do FGTS, o Banco Central criou um sistema de consulta de resgate de valores esquecidos em bancos e outras instituições financeiras, o Auxílio Brasil em agosto passou a pagar aos cadastrados R$ 600 até dezembro, os taxistas e caminhoneiros receberam voucher de R$ 1 mil.
Com isso a inflação deu uma acalmada, mas mesmo assim ultrapassou o teto do intervalo da meta de inflação em 2022, chegando o IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo a variar 5,8% Foi um desempenho ruim da economia em 2022, ano eleitoral, com retração de investimentos e muitas incertezas, além de tensões sociais e uma política fiscal contracionista, ou seja, retirou recursos de circulação e o fôlego da atividade produtiva, avalia Antonio Silva Já em relação a indústria do Amazonas, Antonio Silva ressalva que em que pese os obstáculos enfrentados durante este ano, quando os ataques aos principais segmentos produtivos do PIM se fizeram mais fortes, atingindo principalmente os setores de eletroeletrônicos, duas rodas, informática e concentrados de refrigerantes, conseguimos alcançar resultados bastante satisfatórios, que demonstram o comportamento positivo e a resiliência da indústria local.
Setores que puxam a produção do PIM
Seis subsetores da indústria amazonense se destacam no ano de 2022 Pela ordem Bens de informática, Eletroeletrônico, Duas Rodas, Químico, Termoplástico e Metalúrgico Pela estimativas da Fieam, o subsetor de maior faturamento este ano será o de Bens de Informática e o de maior percentual de crescimento será o de Duas Rodas. O único subsetor a apresentar redução no seu faturamento será o Mecânico. As exportações no corrente ano deverão crescer 38,34% atingindo US$ 626,06.
O dirigente cita que a Fieam prevê um faturamento este ano da indústria local que ultrapassa 2021 em 10,42%, quando calculado em reais, alcançando um valor projetado de R$ 179,8 bilhões Quando o cálculo é feito em dólar a previsão é de US$ 34,716 bilhões, maior que o ano passado em 15,06% Com relação mão de obra, devemos fechar o corrente ano com um crescimento de aproximadamente 3,32% em relação média do ano anterior, atingindo número superior a 112961 empregos milhões, enquanto as importações totalizarão cerca de US$ 13,223 bilhões, com crescimento de 5,84%.
Antonio Silva destaca que a economia não é uma ciência exata, portanto fica muito difícil uma previsão confiável para o próximo ano, contudo mostra alguns sinais são preocupantes Um deles é a expectativa de uma possível recessão global. O conflito entre Rússia e Ucrânia não tem data para terminar e a inflação ainda consome a renda de pessoas em vários países.
O dirigente cita que esses fatos terão graves efeitos no Brasil, no Amazonas e em especial no nosso modelo de desenvolvimento, a Zona Franca de Manaus. O ano de 2023 será desafiador pelos grandes problemas macroeconômicos que enfrentaremos, a projeção que se faz é de baixo crescimento do PIB, cogitado em 1,2%, assinala, para acrescentar que a taxa de juros está sendo projetada em 11,75% ao ano para combater o processo inflacionário, que se estima acima de 5% durante todo o ano.
Blog
Denise Kassama
Economista
“Toda a informação positiva não deixa de ser importante para a economia regional. Quando falam que houve um crescimento isso não deixa de ser uma notícia importante, entretanto, faturamentonãoésinônimodecrescimento atéporqueseopolocresceuuma faixa de 10% em relação ao ano passado, a inflação também cresceu e o que a gente pode estar vendo nesse crescimento do faturamento nada mais é do que a correção monetária entorno da inflação, ou seja, não necessariamente a indústria está produzindo mais e sim está vendendo mais caro seus produtos. Para ver se houve crescimento é necessário comparar o nível de emprego, se houve crescimento significativo, produtividade. O faturamento por si, embora seja uma boa notícia, não necessariamente traduz crescimento econômico”.
Pontos
Faturamento por setor
Eletroeletrônico faturamento: R$ 33,83 bilhões, crescimento de 0,77% em dólar US$ 6,54 bilhões, com alta de 5,14%
Duas Rodas: faturamento de R$ 27,05 bilhões, crescimento de 34,85% em dólar US$ 5,26
bilhões, com alta de 41,02%
Bens de Informática: faturamento de R$ 51,56 bilhões, crescimento de 13,87% em dólar US$ 10,05 bilhões, com alta de 19,93%
Químico: faturamento de R$ 15,71 bilhões, crescimento de 18,48% em dólar US$ 3,05 bilhões, com alta de 23,98%
Mecânico: faturamento de R$ 10,12 bilhões, redução de – 26,13% em dólar US$ 1,95 bilhões, queda de – 22,92%
Termoplástico faturamento de R$ 15,63 bilhões, crescimento de 9,99% em dólar US$ 3,04 bilhões, com alta de 15,15%
Metalúrgico: faturamento de R$ 13,79 bilhões, crescimento de 2,99% em dólar US$ 2,68 bilhões, com alta de 7,63%
Relojoeiro: faturamento de R$ 1,29 bilhão, crescimento de 13,16% em dólar US$ 251,35 milhões, com alta de 19,43%
Fonte: Acrítica