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Indústria debate ações para o Brasil crescer com sustentabilidade

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17/08/2022

Especialistas nacionais e internacionais, empresários e representantes do setor industrial iniciaram nesta terça-feira (16) uma sessão de diálogos para discutir formas de avançar em direção a uma economia orientada por tecnologias limpas e processos produtivos mais eficientes.

Promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o encontro Estratégias da Indústria para uma Economia de Baixo Carbono, abordou iniciativas em quatro grandes eixos: transição energética, economia circular, conservação florestal e mercado de carbono.

Confira abaixo um resumo do que foi apresentado nos principais painéis do dia.

Transição energética: oportunidade para o Brasil

Luiz Barroso, presidente da PSR Energy Consulting and Analytics, diz que Brasil é privilegiado em fontes verdes de energia

Luiz Barroso, presidente da PSR Energy Consulting and Analytics, diz que Brasil é privilegiado em fontes verdes de energia

Primeiro pilar de transição para uma economia de baixo carbono, a transição energética coloca o Brasil em situação privilegiada diante de muitos países. Quase 80% da energia elétrica brasileira é de matriz renovável, ou seja, provém de fontes limpas, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).


"O país já nasce mais limpo nessa corrida. Estamos onde muitos países planejam chegar em décadas. Agora, precisamos tornar essa vantagem comparativa em vantagem competitiva. O Brasil tem todos os recursos no mundo da energia e não devemos transformar o privilégio de ter abundância em recursos em problema", disse Luiz Barroso, presidente da PSR Energy Consulting and Analytics.


Ele destaca que boa parte da tecnologia para descarbonizar a matriz energética ainda está sendo desenvolvida ou não existe. Por outro lado, ele ressalta que os reservatórios das hidrelétricas são grandes enormes pontos de armazenamento de energia de uma forma totalmente "verde".

No campo dos desafios, o presidente da EPE, Thiago Barral, acrescentou que o país precisa dobrar a oferta de energia, em um ritmo que não onere a sociedade, ao mesmo tempo em que investe na neutralidade do carbono, além de investir em infraestrutura.

"É preciso inserir o Brasil competitivamente no processo de criação das oportunidades, soluções e tecnologias. Usar o Brasil como laboratório e porque não, aproveitar e exportar essas soluções. O país tem todas as condições para ser coringa."

Conservação de florestas: cumprir metas de desmatamento traz ganhos para a sociedade


Mariana Lisbôa, da Suzano, diz que ações de conservações precisam ser rápidas para preservar futuro das próximas gerações

A cobertura florestal brasileira é outro ponto que coloca o Brasil na frente quando se fala em transição para uma economia de baixo carbono. Diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), André Guimarães destacou que o país se beneficia múltiplas vezes se cumprir o compromisso de reduzir o desmatamento.


"Preservar a floresta significa preservar a chuva, considerando que a agricultura depende da chuva para o PIB, preservá-la é preservar o futuro do país Imagina o tanto de água que estamos perdendo com dezenas de milhares de árvores sendo derrubadas por minuto", diz Guimarães.


Para que essas árvores fiquem em pé, Bruno Aranha, diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), acrescentou que é preciso cuidar das pessoas, que, por sua vez, vão cuidar do ambiente. "Somos um país em desenvolvimento e temos que ter muito forte a questão social. Manter floresta em pé significa prestar serviço ambiental para localidade, país e mundo."

Mariana Lisbôa, líder global de Relações Corporativas da Suzano, completou. “A conservação de florestas não vem da empresa que restaura mais, mas da empresa que destrói menos. É preciso começar pequeno, pensar grande e agir rápido para a transição que o mundo precisa e as próximas gerações tanto merecem."

Mercado regulado de carbono: regras claras e benefício econômico

Para que o Brasil honre o compromisso das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), definido a partir do Acordo de Paris, é preciso que seja criado um mercado regulado de carbono. A defesa da indústria é por um mecanismo no sistema cap and trade, em que uma empresa com volume de emissões de gases de efeito estufa inferior ao autorizado possa vender o excedente.

Esse mercado, entretanto, exige um monitoramento robusto, transparente, consistente e preciso, segundo Polona Gregorin, vice-chefe da Unidade de Coordenação de Políticas ETS e Mercados Internacionais de Carbono da Comissão Europeia. Com base na experiência internacional, ela destaca a necessidade de regras claras e supervisão.

Gerente de Clima e Energia da CNI, Juliana Falcão destacou que esse mercado regulado tem impacto direto no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, aumenta emprego e renda, além de criar receita.

Fundamental para um mundo baixo carbono, economia circular exige mudança de cultura

Douwe Jan Joustra, diretor da Implement Circular Economy Amsterdam, diz que mundo precisa de medidas que mudem a economia e tragam impacto positivo

Douwe Jan Joustra, diretor da Implement Circular Economy Amsterdam, diz que mundo precisa de medidas que mudem a economia e tragam impacto positivo

O quarto pilar para transição é a economia circular, que, na visão de Douwe Jan Joustra, diretor administrativo da Implement Circular Economy Amsterdam (ICe), é um dos passos mais lentos por exigir uma mudança de comportamento. "Todos me perguntam por que a implementação é tão devagar, se é a regulação ou a falta de política governamental. Não sabemos. Na minha opinião, temos um real problema porque crescemos numa economia linear, onde todos foram exitosos. E é difícil se arriscar, pensar em como agir diferente", explica.


No entanto, ele afirma que estamos correndo contra o tempo e que as necessidades vão mudar. "É preciso soluções efetivas que realmente mudem a economia e causem impacto positivo no mundo."


Presidente do Comitê Técnico 323 da ISO sobre Economia Circular e diretora de Estratégia e Inovação da Veolia, Catherine Chevauché corrobora o argumento de que o conceito é simples, mas difícil de implementar porque ainda estamos em economia linear. "Temos que abrir nosso mindset, colaborar e compartilhar novas soluções."

Para Carlos Eduardo Vieira da Silva, diretor de Matérias-Primas e Florestas da Gerdau, um dos materiais indispensáveis nessa cadeia de baixo carbono é o aço. Para isso, segundo ele, será preciso incentivar a reciclagem "que prevê o retorno do material que usamos no dia a dia para as cadeias produtivas". Presidente da FPT Industrial, marca do Iveco Group, Marcos Rangel diz que também é fundamental buscar soluções colaborativas, como parceiros e fornecedores que estejam engajados em mudar a base da economia.

O encontro continua amanhã com mais debates e um painel sobre as expectativas da indústria para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27).

Fonte: Portal da Indústria

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