09/12/2014
De acordo com dados divulgados na última sexta-feira (5) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção industrial do Amazonas avançou 1,7% em outubro, frente ao mês imediatamente anterior, recuperando, assim, parte da perda de 7,7% acumulada nos dois últimos meses. Apesar disso, a desaceleração no ritmo de produção e vendas do segmento eletroeletrônico da Zona Franca de Manaus em todo o segundo semestre continua impactando negativamente a produção industrial no Amazonas.
Os números do IBGE relativos a outubro mostram uma queda de 9,9% na produção industrial no estado, em comparação com o mesmo mês do ano passado. O resultado representa a sétima taxa negativa consecutiva neste tipo de confronto.
Os indicadores acumulados de janeiro a outubro de 2014 e dos 12 meses também registraram, em outubro, desempenho negativo de 2,3% e 0,8% respectivamente. O IBGE destaca que o acumulado de outubro de 2013 a outubro de 2014 assinalou a primeira taxa negativa desde junho de 2013 (-3,1%) e manteve a trajetória descendente iniciada em março último (9,5%).
Para o presidente do Cieam (Centro das Indústrias do Estado do Amazonas), Wilson Périco, o resultado positivo da indústria local registrado entre setembro e outubro, apesar de já ser esperado, não representa uma retomada da indústria.
“O terceiro trimestre é sempre melhor. O aquecimento em outubro, comparativamente com julho, agosto e setembro já era esperado. Não quer dizer que há uma retomada. Não quer dizer que vamos fechar o ano melhor que 2013”, avalia.
Na opinião de Périco, a retomada do crescimento industrial deve passar por uma série da política econômica do próximo mandato da presidente Dilma Rousseff. “Estamos em compasso de espera pelas medidas econômicas que prometem retomar o crescimento, mas últimas novidades não são alentadoras”, lamenta o empresário.
Essa visão é compartilhada pelo presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antônio Silva. Ele acredita que, mesmo com perspectivas de crescimento para os meses de novembro e dezembro, o cenário político-econômico do país ainda é um empecilho para a retomada do crescimento.
“Ainda não podemos comemorar. Já previmos que deveríamos ter um pequeno crescimento (no último trimestre). Em novembro e dezembro acredito que deveremos ter performances melhores, mas não se pode falar em retomada, até mesmo devido à questão dos juros, mudanças no cenário político e econômico do país. Devemos ter muita cautela e pé no chão porque esse resultado não significa ‘soltar foguetes’”,
Eletrônicos e duas rodas
Ainda segundo o IBGE, cinco das dez atividades pesquisadas mostraram queda na produção. Contudo, os setores de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-18,0%), pressionados, sobretudo, pela menor produção de televisores, e de outros equipamentos de transporte (-18,1%) pela diminuição na fabricação de motocicletas e suas peças e acessórios exerceram as influências negativas mais relevantes sobre o total da indústria.
Em 2014, o setor eletrônico vive um momento atípico de diminuição nas vendas e produção de televisores no segundo semestre, provocado pelo deslocamento da sazonalidade do fim para o início do ano, influenciado principalmente pela Copa do Mundo de Futebol. Já o setor de duas rodas se arrasta e uma crise de crédito aos consumidores.
Outros Setores
Os demais recuos foram observados nas atividades de impressão e reprodução de gravações (-25,2%), de bebidas (-6,1%) e de produtos de borracha e de material plástico (-13,8%), explicados, em grande parte, pela queda na fabricação de discos de vídeos (DVDs) e discos fonográficos, no primeiro ramo; de preparações em xarope para elaboração de bebidas para fins industriais, no segundo; e de peças e acessórios de plástico para a indústria eletroeletrônica, pré-formas (esboços) de garrafas plásticas e cartuchos de plástico para embalagens, no último.
Já os impactos positivos vieram dos setores de máquinas e equipamentos (18,3%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,7%), impulsionados, especialmente, pela maior produção de aparelhos de ar-condicionado de paredes, de janelas ou transportáveis (inclusive os do tipo split system); e de naftas para petroquímica e óleos combustíveis, respectivamente.
Brasil
A produção industrial cresceu em sete locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na passagem de setembro para outubro deste ano, apesar da estabilidade na média nacional. Entre os destaques estão os estados da Bahia (3,6%), do Rio de Janeiro (1,9%), Amazonas (1,7%) e de São Paulo (1,1%).
Outros locais com alta na produção industrial foram Santa Catarina (0,8%), o Pará e o Espírito Santo - ambos com 0,6%. Por outro lado, sete locais tiveram recuo na produção, principalmente o Ceará (-4,9%), Pernambuco (-4,6%) e Minas Gerais (-3,3%). Também tiveram queda, na passagem de setembro para outubro, o Rio Grande do Sul (-2,2%), a Região Nordeste (-2%), Goiás (-0,6%) e o Paraná (-0,4%).
No acumulado do ano, o principal recuo foi observado no Paraná (-6,1%). A queda em São Paulo foi 5,7%. Dos cinco estados que tiveram alta, o destaque foi o Pará (9%). No acumulado de 12 meses, a maior queda foi em São Paulo (-5,1%), enquanto o maior crescimento ocorreu no Pará (8,2%).
Fonte: JCAM