22/04/2019
Entrevista publicada pelo site Infomoney
A indústria 4.0 é um fenômeno que desafia o País a elaborar e implementar políticas públicas. Em entrevista ao
UM BRASIL, o presidente e CEO da Siemens no Brasil, André Clark, fala sobre o assunto e afirma que o uso de
diferentes tecnologias como computação na nuvem e inteligência artificial, por exemplo, aumentaria a
produtividade das empresas, além de permitir mais aproximação com o consumidor.
“A indústria 4.0 é o uso das inúmeras ferramentas que já existem para a tomada de decisão e ganho de
produtividade. Isso muda o modelo de negócio e aproxima o empresário da realidade do cliente, integra a cadeia
de valor e permite planejar o ambiente de manufatura”, afirma o executivo.
Clark classifica como sendo de qualidade as políticas públicas que visam ao desenvolvimento desse modelo
implementadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Ministério da
Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTI). Ele também diz haver empresas da indústria automobilística e do setor de linha branca
que já fazem uso desse modelo de negócios
Apesar da heterogeneidade das empresas nacionais – muitas ainda enfrentam problemas básicos de gestão e de
qualidade dos produtos –, Clark estima que, em uma década, 80% da indústria brasileira esteja adequada à
indústria 4.0, se o País mantiver um ciclo economicamente favorável nos próximos três anos. “O acesso à
tecnologia desse tipo traz melhoras horizontais na economia. Não privilegia um segmento, é para todo mundo”,
comenta.
Para ele, o momento é propício para investir no uso de tecnologias porque o mercado acredita que a perspectiva
de volta gradual da demanda traga consigo a recomposição da capacidade produtiva. “Temos uma capacidade
ociosa relevante na indústria, e, nesses casos, as máquinas depreciam por falta de uso. Quando a demanda começa
a surgir, os empresários voltam a investir nessas máquinas e começam a se inteirar pela automação ou
digitalização das linhas de produção. Essas tecnologias estão se tornando cada vez mais simples. A indústria 4.0
será o WhatsApp do mundo consumidor. Ninguém vai viver sem”, ressalta.
Educação
A educação é outro ponto visto pelo empresário como essencial ao desenvolvimento da indústria 4.0. “A falta de
preparo em algumas ciências e na educação básica limita a ascensão de uma quantidade grande de jovens a essa
nova geração de tecnologia. Eles vão precisar de matemática, de física etc. para prestar os serviços deles”,
explica
“Educação na sua essência é função do Estado. Não existe dinheiro privado suficiente para formação e educação
básica em larga escala em todas as regiões nacionais. A participação do setor privado é no acompanhamento da
execução de algumas políticas públicas”, finaliza.
A entrevista é resultado do evento “III Fórum: A Mudança do Papel do Estado”, uma realização UM BRASIL;
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP); Columbia Global
Centers | Rio de Janeiro, braço da Universidade Columbia; Fundação Lemann; revista VOTO; e Instituto de
Estudos de Política Econômica – Casa das Garças.