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Indústria 4.0 em Manaus esbarra na falta de investimento e trabalhador especializado

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11/11/2019

Fonte: Amazonas Atual

Por Iolanda Ventura, da Redação

MANAUS – Conhecida como a quarta fase da Revolução Industrial, a Indústria 4.0 exige capacidade de investimento das empresas e mão de obra altamente qualificada. No Polo Industrial de Manaus (PIM), a primeira exigência está em fase de transição e a segunda ainda depende de nova formação profissional. A Indústria 4.0 se caracteriza pela ligação completa entre todos os sistemas da fábrica com quase nenhuma intervenção humana, tecnologia que custa caro.

Estudioso do tema, Sandro Breval, que tem pós-doutorado em Indústria 4.0 pela Universidade do Porto e é professor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), realizou um levantamento com 50 empresas no Polo Industrial de Manaus concluído em outubro deste ano.

De acordo com Breval, as indústrias que participaram da pesquisa se encontram em uma fase de transição. “O indicador do plano industrial mostra que as empresas estão em um momento de transição, ou seja, estão se preparando para a implantação do sistema 4.0”, diz.

Em parceria com a Fieam (Federação das Indústrias do Amazonas),Cieam (Centro da Indústria do Amazonas) e Ufam, Sandro Breval desenvolveu um indicador que determina em que nível a empresa está para implantar o sistema 4.0.

Um cálculo é feito considerando três eixos principais: tecnologia e operações, ecossistema de negócios e interoperabilidade, este último sendo a integração dos sistemas da empresa. Dentro de cada um desses eixos existem inúmeras variáveis, que são definidas na pesquisa. Essas informações juntas dentro de um modelo matemático determinam a maturidade da empresa, conceito que define se ela aplica ou não o sistema 4.0.

O resultado do cálculo é enquadrado em quatro níveis: digital, tecnológico, transição e o avançado. A média das empresas avaliadas é 2,54, o que segundo Breval significa transição. “Porque o 2,54 é uma transição? Eu tenho uma parte da transição que do meio dela muda para o avançado e uma parte que está no tecnológico e no meio dela muda para transição”, explica.

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Empresas avaliadas estão em transição, segundo os parâmetros do indicador (Imagem: Reprodução)

Fernando dos Santos Moreira, presidente do Conselho Fiscal da Fundação Muraki, que atua no desenvolvimento científico e tecnológico, vê como baixo o nível de maturidade das indústrias no Amazonas. “O certo, que ainda eu vejo, é que as nossas fábricas ainda estão bem no começo. Algumas não tem nada, e nós estamos falando daquelas que têm investimento de ponta. As grandes empresas já têm nível de maturidade sim, mas ainda é baixo”, afirma.

Entretanto, Fernando Moreira acredita que há mão de obra capacitada na região para atender esse mercado. “Tem sim, tem mão de obra capaz, basta buscar atualização. Grande parte dos nossos cursos são dados com profissionais daqui da região”, diz.

Dados do levantamento de Sandro Breval mostram o contrário. Há interesse da gestão pelo novo sistema, mas falta capacitação.

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Pesquisa indica que há interesse pelo sistema 4.0, mas falta mão-de-obra (Imagem: Reprodução)

Enquanto Breval aponta o nível de transição e Fernando Moreira alega maturidade baixa por parte das empresas, Nelson Azevedo, vice-presidente da Fieam, afirma que implantar a indústria 4.0 não demora, mas o problema é a falta de mão-de-obra. “Eu diria que não precisa demandar muito tempo para implantar, o que precisa ter realmente é pessoas com capacidade e condição de interagir com essas máquinas”, diz Nelson Azevedo.

Não há um tempo exato para implantação da indústria 4.0 no polo industrial, devido à quantidade de variáveis envolvidas. “A primeira, a questão da capacitação, a segunda, os investimentos que seriam feitos, e a terceira, o segmento de cada empresa também influencia. É importante que estas três questões estejam bem alinhadas. Depende dessas três variáveis, não tem um prazo”, diz Sandro Breval.

O mesmo vale para a quantidade de investimentos. “Nós não temos como mensurar isso porque são inúmeras questões. Depende do eixo que a empresa iria aplicar, teríamos que precificar isso e depende muito de empresa para empresa”, diz Breval.

Emprego x Desemprego

Dados do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) mostram que surgirão 30 novas profissões somente nos próximos cinco anos, criando cerca de 130 milhões de novos postos de trabalhos. Contudo, não existe nem mesmo a metade desse montante para suprir essa demanda, devido à falta de capacitação profissional.

Naturalmente, com novas profissões outras deixarão de existir, avalia Fernando Moreira. “Certamente vão ter aqueles que não vão se atualizar, esses vão sair. Mas vão ter os que vão se atualizar e permanecer ali no posto do trabalho”, diz.

As carreiras da área da Tecnologia da Informação (TI) serão as mais solicitadas nessa nova era. Segundo a pesquisa State of The CIO 2019, as funções que terão mais oportunidades de novos trabalhos, são: Ciência/Análise de Dados (42%), Gerenciamento de Segurança/Risco (33%), Inteligência Artificial (IA) e Aprendizado de Máquinas (31%), Serviços em Nuvem e de Integração de Sistemas (22%), dentre outros.

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