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Importação ameaça indústria local

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17/09/2014

A importação de embalagens de papelão fabricadas por países como a China, Coreia, México e Estados Unidos ameaça o funcionamento de pelo menos quatro empresas instaladas no PIM (Polo Industrial de Manaus). O problema acontece há 6 anos. Os empresários reivindicam a inclusão da obrigatoriedade da compra dos produtos locais no PPB (Processo Produtivo Básico). Os produtos importados são recebidos em forma de kits, que acompanham algum componente, somado à embalagem de papelão, que no caso, deveria ser adquirida aqui nas indústrias do PIM.

De acordo com o gerente comercial da Hevi Embalagens, Hélio Uchoa, a crise acompanha o setor desde 2008 e a cada ano apresenta piores resultados. Ele explica que o gargalo se concentra no aumento das importações, resultado da falta de fiscalização por parte da Suframa. “Passamos por um processo similar ao do setor de componentes que também perde espaço no mercado por conta dos produtos estrangeiros. Perdemos volume nas vendas a cada ano. Somente no mês de junho tivemos queda de 50% no faturamento”, disse.

Segundo Uchoa, os fabricantes amazonenses tiveram esperanças de mudanças durante a gestão do ex-governador Omar Aziz, período em que ele deu total atenção ao setor e junto à Seplan (Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico) desenvolveu um projeto que obrigava as empresas amazonenses a comprarem as embalagens dos produtores locais. Isso seria incluso no PPB. Porém, com a saída de Aziz do governo o plano perdeu força e somente as fabricantes de ar-condicionado aderiram à mudança. “O projeto era como um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) que obrigava a compra local. Porém, as fábricas de eletroeletrônico continuam trazendo seus produtos de fora. Acreditávamos que tínhamos um caminho definido para o término dessa sangria”, reclamou.

A Hevi, que está instalada há um ano na cidade, teve um investimento de quase R$ 100 milhões com a projeção de produção de 4 mil toneladas mensais. Porém, hoje a empresa fabrica somente mil toneladas, número que representa um faturamento entre R$ 3 e R$4 milhões. “Acreditamos muito no mercado de Manaus porque sabemos do potencial da cidade. Já trabalhei em uma empresa que apresentava produção de 4,5 mil toneladas mensais. Então, há possiblidades de termos esse resultado. Se continuarmos assim teremos que reduzir o quadro funcional nos próximos meses”.

A empresa produz mais de 600 modelos de caixas de papelão, além de acessórios como tabuleiro, divisória, colmeia, calço, entre outros.

Faturamento

Conforme os Indicadores de Desempenho do PIM no primeiro semestre de 2013 o segmento de papel e papelão teve um faturamento de mais de R$181,7 milhões. Enquanto no mesmo período deste ano esse número foi de mais de R$196,7 milhões. Apesar de parecer um bom resultado, Uchoa afirma que esse aumento foi relativo ao fator Copa do Mundo, período em que houve maior demanda na produção, principalmente no setor de televisões. Ele não acredita que os resultados superem o faturamento obtido em 2013 que foi de mais de R$ 371,1 milhões.

“A média produtiva é de 10 mil toneladas mensais o que equivale ao faturamento de R$500 milhões. No mês de junho tivemos R$196 milhões, isso indica que não conseguiremos superar o número do ano passado. Mas temos potencial para dobrar esse resultado”, avaliou.

Além da Hevi, a Placibrás da Amazônia, Sovel da Amazônia e Orsa Embalagens da Amazônia S.A. também fabricam caixas de papelão.

Luta contra a importação


O presidente do Sinpacel (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Papel, Papelão e Celulose de Manaus), Arlindo Brito, conta que somente neste ano houve uma redução de 200 trabalhadores do mercado de trabalho. Atualmente o sindicato contabiliza 1,5 mil funcionários em atuação. Brito afirma que está preocupado com a situação e que tem se mobilizado junto ao presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), que também é presidente do Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos do Estado do Amazonas), Valdemir Santana, e também com o Sindplast (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Material Plástico de Manaus).

Porém, as reuniões e posteriores discussões só poderão acontecer após o período eleitoral. “Estamos falando com os proprietários das empresas sobre essa importação. A Suframa precisa fiscalizar essas compras e chamar a atenção dessas empresas. Infelizmente só teremos alguma resposta após a eleição”, disse. “Enquanto isso, estamos nos mobilizando junto aos empresários”, completou.

Por meio de nota, a Suframa informou que durante discussões sobre alterações de alguns processos produtivos básicos, a autarquia foi informada sobre o assunto e prontamente iniciou estudos que foram propostos ao GTPPB, grupo de trabalho composto por representantes do Mdic, MCTI e Suframa. As propostas falam sobre a necessidade da inclusão da obrigatoriedade de percentuais mínimos para fabricação de materiais como embalagens e manuais, por exemplo, nas portarias interministeriais que regulamentam as etapas de produção. As discussões estão sendo analisadas para que sejam identificados quais produtos permitem a inserção desta obrigação em seu processo produtivo sem que haja a perda da competitividade.

Fonte: JCAM

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