24/07/2014
O presidente da Afcam, Cristóvão Marques, afirma que três das cinco empresas fabricantes de componentes correm o risco de “fechar as portas” até o próximo ano por conta da competitividade com as indústrias chinesas. Entre os produtos importados por algumas montadoras instaladas no PIM estão: chicote de força, estamparia de forno micro-ondas, peças utilizadas no ar-condicionado split e ainda peças de injeção plástica. “As montadoras de produto final teriam que comprar componentes produzidos em Manaus. Porém, atualmente esses materiais são importados. Isso tem prejudicado o segmento. Corremos o risco de ter redução de mais três empresas”, alerta.
Segundo Marques, nos últimos dois anos muitos funcionários foram demitidos, número que, de acordo com ele, representa uma redução de 50% da produção. O presidente também disse que neste ano o setor já registrou queda de mais de 10% na produtividade em comparação ao primeiro semestre de 2013. Um dos produtos que continua sendo produzido mas sem saída é o carregador de celular.
O presidente afirma que a solução para o problema está na concessão dos incentivos fiscais, por parte da Suframa, somente às empresas que comprarem os componentes na capital. Ele avalia que a mudança resultaria na geração de empregos. Marques anuncia que a medida já foi inserida nos artigos do PPB da Suframa, porém, ainda falta fiscalização. “Temos cobrado a Suframa e a Seplan – Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico – quanto a necessidade de haver vistorias relacionadas às compras feitas pelas empresas de bem final. A resposta que sempre recebemos é que a autarquia não tem pessoal suficiente para esse trabalho”, reclama.
Falência
Neste ano, uma empresa decretou falência e demitiu 800 funcionários. Marques disse que não poderia anunciar o nome fábrica e nem das que ainda estão em funcionamento por temer problemas futuros com os clientes.
De acordo com o diretor de política industrial da Afcam, Jhones Lima, o modelo do Polo Industrial não apresenta incentivos que motivem a empresa do bem final a comprar produtos na região. Ele afirma que as indústrias coreanas e chinesas buscam comprar ao máximo materiais em seu país de origem por conta da viabilidade econômica e logística. “Isso restringe a nossa região. Se boa parte dos componentes fosse produzido pelo Polo Industrial, com certeza teríamos uma geração de empregos em maior escala. Não estamos pedindo para produzir tudo aqui mas acreditamos que é necessário intensificar essa atividade no PIM”, argumentou.
Um diretor de uma empresa fabricante de componentes e associado da Afcam, que pediu para não ter o seu nome e o da indústria revelados, também falou sobre a dificuldade enfrentada pelo setor. Ele disse que a empresa atua no PIM há 24 anos e que o problema da competitividade com os materiais chineses sempre existiu, mas que nos últimos dois anos a situação tem se agravado. Um dos principais motivos, segundo o diretor, é a demanda de investimentos exigidos pelo sistema econômico e industrial brasileiro que apresenta a obrigatoriedade dos gastos com o funcionário, com itens como a alimentação, fardamento e plano de saúde. Segundo o associado, na China a situação é bem diferente porque as empresas são livres desses encargos fiscais.
Em 2013 a empresa registrou uma queda de 20% na produção em comparação a 2012. Já no primeiro semestre deste ano houve um declínio de 16% dos materiais produzidos em relação ao primeiro semestre de 2013. A projeção, segundo o diretor, é de que até o final de 2014 esse índice alcance uma redução de 25%.
A solução, segundo o empresário, é a construção de uma política industrial mais adequada que incentive a compra dos produtos fabricados no Polo Industrial.
Fonte: JCAM