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Impactos da crise energética chinesa no fornecimento de insumos do PIM

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30/09/2021

Marco Dassori

A crise energética na China acendeu um sinal amarelo no PIM, que já enfrenta os rescaldos da crise da covid-19 sobre as cadeias mundiais de suprimentos, por meio de uma resiliente crise de abastecimento de insumos. É consenso que, caso o fornecimento voltasse ao ritmo habitual, seria possível obter resultados significativamente melhores de produção, vendas e empregos, já que haveria ainda uma demanda reprimida no mercado consumidor. O receio agora é que, diante de um novo estrangulamento na oferta de componentes, a indústria incentivada sofra novas e mais numerosas paralisações pontuais.

Para se ter uma ideia das dimensões do novo entrave, a China aparece como o principal fornecedor de partes e peças do Polo Industrial de Manaus, conforme os números mais recentes da plataforma Comex Stat. O país asiático (US$ 3.68 bilhões) foi a origem de 42,79% das importações acumuladas pelo Amazonas, nos oito meses iniciais de 2021 (US$ 8.60 bilhões), de acordo com a base de dados do governo federal.

Os destaque são partes e peças para TVs, celulares e decodificadores (US$ 1.05 bilhão), circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 504.02 milhões), partes e acessórios destinados a maquinas e aparelhos de escritório, como distribuidores automáticos de papel moeda (US$ 153.36 milhões), bombas de ar ou de vácuo, compressores de ar ou de outros gases e ventiladores exaustores (US$ 135.51 milhões), circuitos impressos (US$ 123.07 milhões) e transformadores elétricos (US$ 91.71 milhões), entre outros. A China também vende manufaturados acabados ao Estado, como condicionadores de ar (US$ 259.73 milhões) e celulares (US$ 224.77 milhões).

Diante dos números, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, lembra à reportagem do Jornal do Commercio que o segmento industrial já enfrenta uma “preocupante escassez” de matérias-primas, e ressalta que a dependência de insumos da China é fator preponderante no desequilíbrio da balança comercial.

“Essa inconstância no fornecimento de insumos ainda deve se manter por seis meses, principalmente com o agravamento dessa crise de natureza energética no país asiático. Essa imprevisibilidade impacta diretamente as nossas linhas de produção. O segmento industrial deve buscar uma diversificação em suas cadeias de suprimentos e trabalhar com essa suscetibilidade em sua programação”, ponderou.

“Processo demorado”

Em sintonia, o presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), José Jorge do Nascimento Junior, diz que vê a nova crise com “muita preocupação”, uma vez que o estrangulamento nas matrizes energéticas da segunda maior economia do mundo pode gerar um risco real de desabastecimento de quantidade significativa de componentes que tem fornecimento global oriundo da China.

“A substituição de fornecedores é um processo longo, rigoroso e demorado e, por isso, a situação se torna ainda mais crítica. Já existem muitos componentes fabricados no Brasil, mas cerca de 30% tem exclusividade de produção mundial na Asia, a exemplo de memórias, processadores, placas montadas específicas, principalmente”, listou.

Indagado se os insumos em questão têm fabricação exclusiva na China, ou se haveria a possibilidade de adotar um novo fornecedor, situado em uma área menos conflagrada pela pandemia, o presidente da Eletros lembrou que existem fabricantes em outros países – principalmente asiáticas, como Vietnã, Coreia do Sul e Japão. Mas, lembrou que, como há necessidade de aprovação de fornecimento, não é uma ação que pode ser tomada do dia para noite e o processo acaba sendo “demorado”

“Política industrial”

Na mesma linha, o vice-presidente da Fieam e presidente do SIMMMEM (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus), Nelson Azevedo, reforça que a China é o maior fornecedor mundial de itens manufaturados prontos para o consumo e de partes e peças para as indústrias e aponta que basicamente todas as noções dependem do país asiático, em diferentes graus de dependência, para manter suas economias girando.

“Se essa crise energética se concretizar, todos os países irão sofrer os impactos, pois sem esse fator novo, as indústrias de alguns segmentos já enfrentam problemas no fornecimento de insumos para suprir a demanda de suas fábricas. A substituição de fornecedores asiáticos por parceiros locais demanda uma série de providências que precisam ser planejadas a longo prazo. É preciso uma política industrial de Estado, com a regulação e suporte através de linhas de crédito. O planejamento não é de um governo de quatro anos, mas deve ser uma diretriz do Estado brasileiro”, recomendou.

O dirigente lembra ainda que a globalização impõe vulnerabilidades às nações industrializadas, dada a concentração da maioria dos fornecedores no continente asiático. “Infelizmente, só sentamos para discutir o problema, quando há uma crise dessa natureza, para expor as nossas deficiências. Fortalecer a indústria nacional e criar um adensamento das cadeias produtivas locais é o que sempre defendemos. Por essa deficiência, estamos pagando um alto preço, seja pela geração de empregos e qualificação de mão-de-obra no exterior, seja pelo sucateamento das plantas industriais que ainda temos. Quanto mais tempo demorar para uma mudança estratégica de correção de rota, mais dependentes e vulneráveis ficaremos”, encerrou.

Fonte: JCAM

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