14/03/2019
Notícia publicada pelo site Valor Econômico
A indústria brasileira iniciou o ano de 2019 exibindo a mesma perda
de dinamismo do segundo semestre de 2018, disse nesta quarta-feira André
Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). Para ele, o desempenho seria resultado de
uma continuidade do mercado de trabalho enfraquecido com a redução de
exportações para a Argentina.
Conforme a pesquisa divulgada hoje, o indicador de produção da indústria
acumulado em 12 meses subiu apenas 0,5% em janeiro, "mantendo a perda
de ritmo iniciada em julho de 2018 (3,4%)". Das 26 atividades da indústria
acompanhadas pelo instituto, apenas 13 mostram crescimento na passagem
de dezembro de 2018 para o primeiro mês deste ano; das quatro grandes
categorias econômicas, três recuaram.
Macedo destacou que o nível elevado de desemprego no país ainda limita a
demandas das famílias, provocando adiamento de decisões de consumo. O
mesmo vale para decisões de investimentos por parte das empresas.
“Continuamos com fatores que pontuamos há algum tempo e não é à toa que
parte dos bens de consumo mostra perdas nos últimos meses”, disse o
gerente da pesquisa do IBGE.
Na terça-feira, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea) divulgou que a produção de veículos cresceu 29,9%
de janeiro para fevereiro, o melhor resultado para o mês desde 2014.
Segundo Macedo, isso seria um bom sinal para a próxima divulgação da
pesquisa do IBGE. Ele notou, porém, que o avanço dos estoque em fevereiro
liga um sinal de alerta.
“Esse desempenho foi acompanhado por um aumento do nível dos estoques,
o que pode sugerir um redução de ritmo nos meses seguintes. Existe uma
volatilidade grande no setor, dada a necessidade de adequar a produção
corrente à demanda, já que perdemos parte das exportações para a
Argentina”, acrescentou.
Com o resultado de janeiro, a produção da indústria brasileira permanece
operando 17% abaixo do seu pico histórico, atingido em maio de 2011.