05/11/2018
Notícia publicada por The Wall Street Journal
A Huawei anunciou dois novos chips de processamento cujo objetivo é acionar aplicativos de inteligência artificial, o que marca o primeiro grande esforço da gigante chinesa das telecomunicações em uma tecnologia de ponta dominada pelos grandes produtores de chips dos Estados Unidos. A linha Ascend de semicondutores lançada pela Huawei inclui um chip para ser instalado em servidores, onde executará tarefas complexas de inteligência artificial tais como a programação de algoritmos, e um segundo chip para funções mais rotineiras em smartphones e outros aparelhos.
Com seus chips de inteligência artificial, a Huawei, maior fabricante mundial
de equipamento de telecomunicações e grande produtora de smartphones,
está desafiando empresas americanas como a Nvidia, Intel e Qualcomm.
Os novos componentes se alinham a esforços mais amplos da China para
reduzir sua dependência com relação a tecnologias avançadas criadas nos
Estados Unidos, e para desenvolver produtos similares nacionalmente.
Sob o plano de desenvolvimento Made in China 2025, adotado por Pequim,
os semicondutores e a inteligência artificial emergiram como áreas chaves
cujo avanço as autoridades desejam promover no país.
"O poder de processamento é a fundação da inteligência artificial", disse Eric
Xu, presidente do conselho da Huawei. "Precisamos oferecer poder de
computação mais abundante e a preço mais acessível."
Outras empresas chinesas também estão despejando recursos no
desenvolvimento de chips de inteligência artificial, que tipicamente
incorporam designs únicos, otimizados para o processamento simultâneo de
grande quantidade de dados.
Recentemente, a Alibaba Holdings, gigante chinesa do comércio eletrônico,
anunciou planos para o lançamento de um chip de inteligência artificial no
ano que vem, e startups chinesas como a Bitmain Tecnologies e a Cambricon
Technologies também estão trabalhando no desenvolvimento desse tipo de
componente.
Recentemente, a Alibaba Holdings, gigante chinesa do comércio eletrônico,
anunciou planos para o lançamento de um chip de inteligência artificial no
ano que vem, e startups chinesas como a Bitmain Tecnologies e a Cambricon
Technologies também estão trabalhando no desenvolvimento desse tipo de
componente.
A empresa deve encontrar interesse pelos seus novos componentes em seu
mercado de origem, a China, mas enfrentará desafios para superar rivais
estabelecidos, em outras partes do planeta, disse Mo Jia, analista da
consultoria de tecnologia Canalis.
"A Huawei provavelmente adotará uma estratégia de preço de entrada mais
baixo, como a que adota em seus negócios de infraestrutura ou servidores",
para ingressar no mercado, disse Jia. "No futuro, creio que o mercado de
inteligência artificial da Huawei será principalmente o mercado da China."
No momento, o mercado para chips poderosos capazes de computar
processos avançados de inteligência artificial, como os de aprendizado
profundo, é dominado por companhias americanas como a Nvidia, sediada
em Santa Clara, na Califórnia.
O Google também oferece um chip semelhante, definido como "unidade de
processamento tensor", enquanto companhias como a Qualcomm produzem
chips de inteligência artificial integrados a aparelhos.
No entanto, diferentemente desses produtores, a Huawei não venderá os
chips diretamente aos clientes, disse Xu.
Em lugar disso, os chips serão vendidos aos clientes da empresa como parte
de seus servidores, módulos e das operações de computação em nuvem da
Huawei, ele disse.
O esforço no campo da inteligência artificial se segue ao sucesso da Huawei em suas operações de telefonia móvel, um mercado em que este ano ela ultrapassou a Apple e se tornou a segunda maior vendedora mundial de smartphones, atrás da Samsung.
Ao mesmo tempo, em 2018 a Huawei está enfrentando escrutínio
intensificado da parte das autoridades dos Estados Unidos, onde as vendas
de seus equipamentos para telecomunicações foram proibidas devido a
preocupações de segurança.