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Hora de dar adeus às fake news

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30/10/2018

Notícia publicada pelo Jornal do Commercio

No centro de várias polêmicas e discussões nestas eleições, as chamadas "fakes news" foram as protagonistas de um desgaste notório nesta campanha eleitoral. Apesar de ser uma palavra nova, a prática é considerada bem antiga. Especialistas fizeram um balanço e analisaram o tema nesse aspecto.

Em período de eleição, essa prática ganha ainda mais força por ser uma estratégia de tentar desqualificar o opositor. Entretanto, o boato e a difamação sempre existiu em outras campanhas eleitorais. A diferença é que, atualmente, houve um crescimento inegável das mídias digitais e principalmente do compartilhamento de notícias por aplicativos de mensagem como o WhatsApp. Independente do contexto, acredito que a prática de compartilhar mentiras ou distorções da verdade seja pela internet, por outros meios de comunicação e até em uma roda de conversa presencial, deve ser sempre combatida.

Essa é a avaliação da especialista em marketing digital Vanessa Brito, que reitera que tanto os profissionais da comunicação como eleitores tenham ciência da sua responsabilidade em compartilhar informações falsas que podem denegrir ou prejudicar a vida de outra pessoa. Por isso, é importante sempre checar a veracidade dos fatos com fontes oficiais e informações confiáveis e de credibilidade.

A internet é um território vasto de informação em que precisamos ter a sabedoria e inteligência suficiente para selecionar aquilo que é verdadeiro para ser disseminado com o próximo ou aceito como verdade por nós mesmos"As fake news estão cada vez mais presentes no nosso cotidiano por conta do acesso cada vez maior de pessoas à internet e também às redes sociais.

Reflexo

A doutora em comunicação Jonária França explica que a disseminação de informações falsas é preocupante porque as pessoas leigas, ou seja, as que desconhecem as características de uma fake news, como domínio confiável do site, por exemplo, essas pessoas vão acreditar nas inverdades. No geral a fake news é pensada por alguém que tem consciência de que quer prejudicar ou afetar alguém diretamente, no caso de eleições.

"O que temos presenciado não é algo novo, em toda campanha, se fizermos um levantamento, iremos ver que havia divulgação de fake news. No entanto, não chegava a tanta gente. Agora com a cultura da internet, com as redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas, a velocidade com que as fake news chegam até nós e a quantidade de pessoas que têm acesso nos trazem muitos prejuízos", pontuou Jonária citando ainda exemplos de alguns candidatos que estão utilizando os tempos nas televisões para justificar, desmentir, dizer para a população que o que o adversário falou é fake news. Enquanto isso, o eleitor fica sem ouvir as propostas para os quatro anos de mandatos.

O pior de tudo isso também é o reflexo das fake news na construção de posicionamento de pessoas com menor acesso a informações seguras. "Elas vão acreditar em tudo que ouvem e vão construir seus discursos a partir de fake news".

Imediatista

Na avaliação da socióloga e professora da UEA (Universidade do Estado do Amazonas), Lúcia Puga, o tema tomou proporções inesperadas nas eleições de 2018, ganhando o centro das atenções no debate político dos últimos dias. Para ela o uso de informações falsas ou mentiras contra adversários políticos não é uma novidade. Campanhas difamatórias com o uso dos meios de comunicação de massa também não. O contexto atual, entretanto, reveste-se de novos contornos.

"O uso das redes sociais, particularmente Facebook e whatsapp, potencializou a velocidade da difusão de ideias veiculadas em áudio, vídeo, textos, fotografias e "memes". Nesse cenário imediatista, em que todos são bombardeados com informações o tempo todo, como saber o que é verdadeiro ou falso?" questionou.

A cientista explica que aparentemente, há uma tendência a difundir informações que confirmam as ideias que temos sobre determinado assunto. Ou seja, quando vemos algo que combina com nosso modo de pensar estamos muito mais dispostos a "compartilhar" sem o devido cuidado de buscar outras fontes.

Ela reiterou que as chamadas fake news não parecem surgir espontaneamente e provavelmente são hoje parte da estratégia de inúmeras campanhas.
"A propagação desenfreadas de mentiras conturba o cenário eleitoral e causa inúmeros prejuízos à democracia. O uso de mentiras reiteradas impede que o cidadão forme livremente sua consciência e decida com ponderação sobre as propostas dos candidatos. Se o candidato se elege sem compromisso com a ética e a verdade, seu governo provavelmente será conduzido da mesma maneira", finalizou Lúcia Puga.

Dados

Em registros no TRE-AM (Tribunal Regional Eleitoral) 151 demandas foram apreciadas no Comitê de Prevenção e Combate às Fake News, no primeiro turno, 92, eram referentes à exclusão de conteúdo. Até o dia 19 de outubro, pelo menos 12 decisões haviam sido determinadas para que portais, blogs e redes sociais retirassem do ar notícias falsas que envolviam o candidato Wilson Lima (PSC). Ainda no primeiro turno, o juiz auxiliar do TRE-AM, Ricardo Sales determinou que a Norte Editora empresa proprietária do Jornal Amazonas Em Tempo, concedesse direito de resposta ao candidato Amazonino Mendes (PDT) pela publicação de notícias falsas. Na semana passada de acordo com o TRE-AM, o Portal do Zacarias e sua página no Facebook foram suspensos por alguns dias pelo mesmo motivo.


Caixa 2

Uma notícia veiculada na Folha de São Paulo apontou que empresários favoráveis ao candidato à Presidencia Jair Bolsonaro (PSL), teriam pago milhões de reais e campanhas para propagar conteúdos em massa contra Fernando Haddad do PT. Empresários apoiadores de Bolsonaro teriam financiado o envio de centenas de milhões de mensagens no WhatsApp em contratos de até R$ 12 milhões. Entre as mensagens estariam não somente conteúdos de apoio a Jair Bolsonaro, mas mensagens falsas contra Fernando Haddad.

TSE
Durante uma coletiva de imprensa no último dia 21, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber, disse que o órgão não falhou no combate contra à disseminação de notícias falsas durante as Eleições 2018.
"Nós entendemos que não houve falha alguma da Justiça Eleitoral no que tange a isso que se chama fake news. Todos sabemos que a desinformação é um fenômeno mundial e que se faz presente nas mais diferentes sociedades.
Ela também afirmou que o TSE não possui uma solução pronta para combater o problema, que ganhou peso no processo eleitoral brasileiro neste ano.
Segundo ela, aponta o jornal, os excessos que são cometidos neste sentido são "devidamente apurados pela Justiça Eleitoral no tempo devido".

Algumas fake news desta campanha

- Em vídeo a apresentadora Fátima Bernardes desmente ligação com homem que atacou Bolsonaro
- Não há evidências de que seguranças de Haddad seriam militares cubanos
- É falso que o tweet que alega que o candidato federal Jean Wyllys (PSOL) teria sido convidado para ministro da Educação num possível governo Haddad -
- É falsa a informação de que o general Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro (PSL), propõe o confisco da poupança casa a chapa vença a eleição deste ano
- A imagem que coloca Adélio Bispo de Oliveira, autor do atentado contra o candidato Jair Bolsonaro, próximo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é uma montagem. O material foi manipulado digitalmente e compartilhado em redes sociais.

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