27/05/2019
Reportagem publicada pelo Diário da Amazônia
A Moto Honda da Amazônia vai investir R$ 500 milhões em sua
fábrica de Manaus (AM), onde desde 1976 já produziu mais de 24 milhões de
motocicletas. Os recursos serão aplicados até 2021 em equipamentos, obras,
reposicionamento de linhas e um novo prédio que vai unir todas as operações
de produção de motores, com o objetivo de modernizar e aumentar a
produtividade da planta.
O investimento foi formalmente anunciado na fábrica de Manaus na terça-feira,
19, por Issao Mizoguchi, presidente da Honda South America. O executivo
explica que os investimentos serão feitos com capital próprio para melhorar a
eciência de processos, manter a planta competitiva e assim reduzir custos de
produção, pois no momento não há necessidade de expansão da capacidade ou
de contratações.
O investimento foi formalmente anunciado na fábrica de Manaus na terça-feira,
19, por Issao Mizoguchi, presidente da Honda South America. O executivo
explica que os investimentos serão feitos com capital próprio para melhorar a
eciência de processos, manter a planta competitiva e assim reduzir custos de
produção, pois no momento não há necessidade de expansão da capacidade ou
de contratações.
A Honda emprega atualmente 6 mil pessoas em Manaus e produz em média 3,7
mil motos por dia, o que representa a metade do pico de 2011, quando a
unidade chegou a fazer 6,8 mil unidades/dia e tinha 11 mil funcionários. Das
cinco linhas de montagem nal, só uma opera em dois turnos, as outras quatro
em apenas um turno.
Em 2018 a Honda produziu 780 mil motos no Brasil, o que representou
crescimento de 17% sobre 2017 – ainda muito longe das 1,56 milhão de
unidades produzidas em 2011. Este ano expectativa é de nova expansão, mas
um pouco menor, em torno de 5%, seguindo a estimativa de avanço médio do mercado doméstico, dominado pela Honda com mais de 80% de participação e
responsável por consumir 95% da produção no País – só 5% são destinados à
exportação.
Mais produtividade
Os investimentos até 2021 estão focados em melhorar os uxos produtivos,
interligando para reduzir a movimentação de componentes e pessoas. Algumas
áreas da fábrica serão realocadas, mas sem paralisar nenhuma linha – todas as
transferências serão feitas sem interrupção da produção. A primeira mudança
será o agrupamento dos processos de produção de motores, incluindo fundição,
usinagem, pintura alumínio e montagem, que serão integrados em um só prédio
da nova fábrica de motores.
A primeira área a ser transferida é a fundição, que nos próximos meses sai
gradualmente da área atual de 11 mil metros quadrados e passa a operar em um
novo galpão já construído de quase 14 mil metros quadrados. A partir do
segundo semestre ocorrerá a transferência dos processos de usinagem para um
novo local de 12 mil metros quadrados, que está em obras no momento. O setor
de pintura alumínio e a nova linha montagem de motores também ganharão
novos prédios dentro do mesmo complexo, que deverão ser concluídos no
decorrer de 2020.
Ao mesmo tempo em que será construída a nova e integrada fábrica de
motores, a Honda irá conduzir modernizações em toda a cadeia produtiva da
planta de Manaus, incluindo montagem de motocicletas, produção do chassi,
fabricação de peças plásticas, processos de soldagem e pintura dos tanques,
além dos departamentos de embalagem e expedição.
Também estão incluídos no investimento reformas prediais para aumentar o
conforto das equipes de trabalho, com ambientes climatizados, mais amplos e
arejados. Do ponto de vista ambiental, serão feitas intervenções para
aproveitar melhor a iluminação natural e o reaproveitamento de água.
ILHA PRODUTIVA VERTICAL
A Honda opera sob os benefícios fiscais da Zona Franca de Manaus, que garante
isenção de imposto de importação e descontos de IPI, Imposto de Renda e
ICMS. Mas a redução dos tributos, segundo Mizoguchi, não se converte em
lucro maior, serve apenas para compensar parte dos elevados custos logísticos
envolvidos na operação. Cálculos feitos há 10 anos pelo executivo indicavam
que uma moto produzida em Manaus custava cerca de US$ 150 a mais do que o mesmo modelo feito no Sudeste do País. Por isso a planta amazonense precisou
passar por expansões constantes para internalizar processos, com
investimentos somados de US$ 2 bilhões ao longo de seus 43 anos de
atividades.
Localizada em uma espécie de ilha produtiva vertical na região Norte, a fábrica
é a mais verticalizada da empresa japonesa em todo o mundo. Por falta de
fornecedores, precisou internalizar muitas atividades, como a fundição que
transforma 84 toneladas de alumínio por dia em rodas e carcaças, além da
produção de componentes, como 75% dos tubos usados nos quadros das motos,
100% das rodas e dos escapamentos (incluindo catalisadores) e pequenas
peças. “Isso nos ajuda a reduzir custos logísticos e também diminui a exposição
às variações cambiais de itens importados”, pontua Mizoguchi.
Dos 130 fornecedores diretos, 100 estão a milhares de quilômetros do polo de Manaus. Quase todos os pneus, por exemplo, vêm de Gravataí (RS), na extremidade oposta sul do País; o aço vem de Minas Gerais e Rio de Janeiro. A queda constante do mercado de motos desde 2011 “prejudicou os planos de aumentar o parque de fornecedores locais, mas também é bom ter todos aqui, pois dependeriam só da Honda e isso não é sustentável”, avalia Mizoguchi. O executivo arma que a fábrica de Manaus tem níveis de produtividade parecidos com o dos melhores casos no mundo, mas os custos são mais altos, o que torna as exportações pouco competitivas. Para além das despesas logísticas, como exemplo, ele calcula que um salário de R$ 1 mil, com adição de encargos e tributos, custa para a Honda no Brasil R$ 2,1 mil, enquanto o mesmo salário de R$ 1 mil pago na Tailândia custaria R$ 1,4 mil para a empresa.