23/05/2022
Osiris M. Araújo da Silva
O pesquisador da Embrapa Amazônia Orierntal, Alfredo Homma, ombreando-se a Samuel Benchimol, Djalma Batista, Cosme Ferreira, Arthur Reis, Armando Mendes, Leandro Tocantins, Bertha Becker, Charles Clement, Adalberto Val, Marcio Souza, Ozório Fonseca, Thiago de Mello, dentre outros nomes de realce, pelo conjunto da obra é, inquestionavelmente, um dos maiores expoentes vivos da cosmologia amazônica. A propósito, acaba de acrescentar à sua bibliografia, como autor e coordenador técnico, um novo livro: “Sinergias de mudança da agricultura amazônica: conflitos e oportunidades”, lançado semana passada sob a chancela da Embrapa.
Ao todo, 37 pesquisadores e professores da Embrapa Amazônia Oriental, Embrapa Amazônia Ocidental, Embrapa Acre, Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement (Cirad), Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), assinam os 21 capítulos do livro
O livro divide-se em três conjuntos de capítulos. O primeiro aborda cinco artigos versando sobre a questão da agricultura na Amazônia, a sustentabilidade e o meio ambiente. Os autores e coautores sintetizam em seus textos a polarização existente entre uma agricultura de alta produtividade e mecanizada, e outra de coleta extrativa, sistemas agroflorestais, venda de serviços ambientais e crédito de carbono, pequenos produtores que representam o universo de 83% dos estabelecimentos identificados no Censo Agropecuário 2017, pressões ambientais internas e externas, entre outros.
O conjunto seguinte, integrado por seis capítulos, atém-se ao processo de ocupação e mudança no uso da terra e agricultura na Amazônia. A região, segundo Homma, desde a entrada dos primeiros colonizadores europeus, se aproveitou das dádivas da natureza, iniciando o ciclo da “bioeconomia das drogas do sertão”, da borracha, da agricultura de toco, da era dos NPKs e da mecanização pelos imigrantes japoneses, da pecuária, da extração madeireira, dos desmatamentos e queimadas, até o cenário atual.
O terceiro agrupamento, abrangendo nove estudos, foca as oportunidades produtivas, dentre as dezenas existentes, que podem ser mais sustentáveis na região amazônica. Com o recrudescimento dos desmatamentos e queimadas, as contrapropostas sempre foram acompanhadas por modismos que ganharam repercussão mundial, como reserva extrativista (resex), bioeconomia, policultivos e venda de serviços ecossistêmicos. Os desafios, entretanto, são abissais e de extrema complexidade, salienta Homma. Cabe a instituições de pesquisa, universidades, governos, representações políticas e empresariais, conjuntamente enfrentar e solucioná-los com o emprego de políticas públicas ajustadas às assimetrias geopolíticas da região.
O livro, sintetiza Homma, defende “uma Amazônia sem desmatamentos e queimadas, com melhoria nos indicadores sociais e econômicos; uma agricultura com crescimento econômico sustentável para a Amazônia e aumento da produtividade, gerando renda e emprego decente para todos”. Convém salientar, por outro lado, de acordo com Walkymário de Paulo Lemos, Chefe-Geral da Embrapa Amazônia Oriental, na Apresentação, que a Amazônia “se transformou em um grande centro produtor de grãos (soja, milho), carne bovina, frutas nativas (cacau, açaí) e exóticas (abacaxi, laranja, banana, etc.), matérias-primas (pimenta-do-reino, dendê, algodão, mandioca), madeira e peixe extrativo e de criatório no âmbito nacional, destacando-se ainda como centro produtor de energia hidrelétrica e de minérios no cenário nacional e mundial”.
Manaus, 23 de maio de 2022.