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Heineken bate no teto da produção de cerveja premium

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20/12/2018

Notícia publicada pelo site Valor Econômico

As vendas da cerveja Heineken no Brasil cresceram 40% neste ano, em volume, em relação ao ano passado. A garranha verde disputa em pé de igualdade o primeiro lugar do mercado de cerveja premium com a Budweiser, fabricada pela Ambev.

Se forem consideradas as vendas em valor, a Heineken lidera pois seu preço, em geral, é superior ao da rival, que nos Estados Unidos é popular, mas aqui é vendida como um produto premium. Mas por que Debrosse não consegue atender a demanda crescente? A resposta é simples. A companhia, com sede na Holanda, já está usando 100% da capacidade instalada no Brasil. “Sim, se eu pudesse produzir mais, venderia mais” , diz Debrosse.

A demanda por cervejas premium é crescente no país, seguindo uma tendência mundial. “O mercado no Brasil está mudando e precisamos acompanhar” , diz o presidente da Heineken. No caso da companhia, a marca Heineken é a que mais cresce em vendas. Por isso, “o maior investimento nos próximos anos será voltado à marca Heineken”.

A companhia vinha fabricando a cerveja Heineken em Jacareí (SP), Araraquara (SP) e Ponta Grossa (PR). Em novembro, Debrosse inaugurou uma linha nova de produção da marca em Alagoinhas (BA), para atender a demanda da região Nordeste.

Em Alagoinhas, a empresa investiu R$ 135 milhões neste ano para instalar quatro tanques horizontais para fabricar a cerveja Heineken, ampliar a linha de garrafas de vidro, instalar uma nova embaladora de latas e adicionar uma linha de chope. O mercado baiano é muito importante para a Heineken. Por causa da cerveja Schin, de apelo mais popular, a Bahia é o maior mercado da companhia no Brasil.

Debrosse também fez investimentos para ampliar a unidade de Ponta Grossa. Entre 2016 e 2018, foram investidos mais de R$ 400 milhões para aumentar a capacidade da fábrica de 3,2 milhões de hectolitros para 4,6 milhões, por ano.

Segundo Debrosse, a produção da cerveja Heineken demora 2,5 vezes mais tempo para ser feita que outras marcas de cerveja. O processo, feito em tanques especiais, leva 28 dias para ser concluído. Em 2017, quando comprou a Brasil Kirin, dona da Schin, a Heineken dobrou de tamanho no mercado brasileiro de cerveja — tinha 9% das vendas e passou a ter quase 18%. A companhia ampliou o número de fábricas de cinco para 15 e a capacidade passou de 20 milhões para 50 milhões de hectolitros por ano.

Neste ano, a Heineken está com cerca de 20% do mercado. A Ambev tem mais de 60%. Se a demanda pela cerveja Heineken continuar crescendo no próximo ano, Debrosse calcula que poderá atender pois já está estudando novos investimentos para ampliar a produção. Ele não prevê uma fábrica nova, mas expandir o parque já instalado. Onde será feito o investimento é ainda uma questão em aberto. Para definir o local de seus investimentos, as fabricantes de cerveja levam em consideração o que podem obter de incentivo fiscal. E este é um tema que desperta certa preocupação, na Heineken e em outras fabricantes de bebidas.

O governo Temer decidiu, recentemente, reduzir o grau de benefício fiscal concedido na Zona Franca de Manaus para a produção de con- centrados. E o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta semana que quer implantar políticas horizontais, sem isenções scais, “com todo mundo pagando menos” impostos. Em Manaus, em resposta à redução do benefício tributário, a PepsiCo já está fechando sua fábrica de concentrados.

Outras empresas, como Ambev e CocaCola, estão estudando o assunto. Debrosse diz que também analisa a viabilidade econômica de manter em Manaus uma unidade de produção de concentrados de refrigerantes, sem benefícios scais. “O governo não pode mudar as regras no meio do jogo. O sistema tributário no Brasil é muito complexo” , arma.

Segundo ele, 50% do faturamento das fabricantes de cerveja é usado para pagar impostos. Incentivos tributários são parte importante do negócio de bebidas e têm impacto na margem de lucro. No caso da Heineken, Debrosse diz que apenas em São Paulo a companhia não conta com esse tipo de incentivo.

Nos demais Estados onde possui fábricas, o benefício é concedido. A Heineken produz cervejas em 12 unidades. Também possui duas fábricas de cerveja artesanal: uma da Baden Baden em Campos do Jordão (SP) e outra da Eisenbahn em Blumenau (SC) (ver quadro nesta página).

A preocupação com a margem de lucro também está no centro da disputa judicial que a Heineken ainda enfrenta contra uma distribuidora de bebidas em Pernambuco, a Mediterrânea.

A fabricante de cerveja está amarrada a uma decisão judicial que a obriga a vender à Mediterrânea bebidas da marca Schincariol a preços bem abaixo dos praticados em outras praças. A possibilidade de encerrar a produção em Pernambuco ainda está sobre a mesa, segundo Debrosse.

A companhia havia anunciado, em 2015, a instalação de um complexo industrial em Itumbiara (GO), com investimento de R$ 650 milhões. Debrosse disse que esse projeto ficou em suspenso após a aquisição da Brasil Kirin. “Não existe mais necessidade de instalar uma fábrica em Goiás porque a unidade de Alexânia que pertencia à Brasil Kirin tem capacidade para abastecer o Estado” , armou.

A integração da Brasil Kirin com a Heineken ainda não foi totalmente concluída. Debrosse observou que a empresa não chegou a uma denição sobre a distribuição no Brasil. Quando entrou no Brasil, em 2010, a Heineken fechou contrato de distribuição com a Coca-Cola Femsa. Esse contrato venceria em 2022. Mas, em 2017, a Heineken tentou encerrar o contrato.

A intenção seria usar a rede própria de distribuidores da Brasil Kirin para distribuir as marcas da Heineken que já estavam em seu port- fólio antes de comprar a dona da Schin — ou seja, Heineken, Amstel, Desperados, Sol, Kaiser, Bavaria, Xingu e Dos Equis.

A questão é discutida entre as companhias em uma câmara de arbitragem. Ainda hoje, a CocaCola Femsa distribui as marcas da Heineken, que juntas representam 35% do volume de vendas da Heineken no país. A rede de 180 distribuidores da Brasil Kirin fazem a entrega dos 65% restantes que correspondem às marcas Schin, Glacial, Cintra, Baden Baden, Devassa, Eisenbahn, Itubaína, e os refrigerante Schin e Fibz Kirin.

Apesar das questões ainda não solucionadas, Debrosse diz estar otimista em relação ao futuro da companhia no país. “Acredito que o presidente eleito [Jair Bolsonaro, do PSL] vai tomar decisões corretas para colocar o país de volta no caminho do crescimento. O país caminha no momento para voltar a crescer. O que não se sabe ainda é qual será a velocidade dessa retomada” , armou o executivo.

Este mês de dezembro, em especial, deixa Debrosse mais animado. “As vendas em dezembro costumam ser 25% maiores do que as de um mês normal” , diz ele, que vai passar os próximos feriados, de Natal e Ano Novo, em uma praia, no Ceará.

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