19/02/2014
A Hamburg Süd analisa estes investimentos como parte de uma estratégia para aumentar a capacidade portuária no Brasil. "É importante estimular a concorrência dentro do porto, mas também entre diferentes portos", disse Julian Thomas, diretor-superintendente da Hamburg Süd para a costa leste da América do Sul. As licitações são um caminho para aumentar essa competição no setor. A Aliança é sócia junto com a Portinvest do Porto Itapoá, em Santa Catarina, terminal que deverá passar por um projeto de ampliação com investimentos estimados em cerca de R$ 500 milhões.
Segundo Thomas, a concorrência entre diferentes portos é saudável pois contribui para reduzir custos portuários. Ele previu que a licitação de um segundo terminal de contêineres em Suape deve atrair o interesse de muitas empresas no mercado, pois trata-se de um porto com posição logística privilegiada para atender o comércio exterior e encontra-se em um polo industrial em fase de consolidação com muitas oportunidades em termos de crescimento na movimentação de cargas, afirmou.
Ainda não está claro quando o segundo terminal de contêineres de Suape deve ir a leilão. O bloco um de licitações, o mais avançado, inclui áreas em Santos e no Pará. E o bloco dois em Paranaguá (PR), Salvador e Aratu (BA) e São Sebastião (SP). Manaus deve ser oferecido somente no último bloco de licitações e deve ser incluído como um porto novo, sem vinculação com uma infraestrutura existente, em regime de concessão. Em Manaus, a Aliança Navegação e Logística opera hoje em um terminal privativo.
Além das oportunidades em portos, a Hamburg Süd também tem planos de aumentar suas atividades logísticas em terra. No ano passado, a Aliança criou uma subsidiária, a Aliança Transporte Multimodal (ATM), que investiu R$ 40 milhões para criar um terminal retroportuário próximo ao Porto Itapoá. O objetivo foi passar a oferecer serviços de armazenamento e de reparo de contêineres. "Queremos desenvolver o negócio da ATM ao longo do Brasil", disse Thomas sem entrar em detalhes.
Na cabotagem, a navegação entre os portos do país, a Aliança prevê continuar a crescer depois de ter investido R$ 450 milhões na construção de quatro navios de 3,8 mil TEUs (contêiner equivalente a 20 pés) encomendados na China. Os navios, projetados dentro da nova tendência da navegação de fazer embarcações mais lentas que consomem menos combustível, foram nacionalizados, com o pagamento de impostos, e incorporados à frota. A Aliança passou a ter dez navios operando na cabotagem, sendo oito próprios e dois afretados.
Thomas disse que a empresa também continua a analisar o que pode ser feito para construir navios no Brasil. Na última tentativa, há cerca de dois anos, a Aliança não conseguiu obter os prazos de entrega dos navios que precisava junto a estaleiros nacionais e terminou tendo cancelada a "prioridade" que havia recebido do Fundo da Marinha Mercante (FMM). Thomas disse ainda que na cabotagem o setor vem defendendo a isonomia entre o custo do combustível usado pelos navios e o diesel que movimenta os caminhões.
Fonte: Valor Econômico