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Guedes defende tornar Manaus na capital da bioeconomia

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23/10/2020

Fonte:Jornal do Commercio

Em uma de suas lives com investidores estrangeiros, realizada nesta semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, mencionou os recursos federais aplicados na criação da Zona Franca, e voltou a defender a necessidade de transformar a Amazônia no paraíso da biodiversidade. Em paralelo, o economista prometeu transformar Manaus na capital global da bioeconomia e da sustentabilidade, e defendeu a necessidade de aplicar incentivos fiscais para esse fim.

Lideranças políticas e empresariais ouvidas pelo Jornal do Commercio consideram que o discurso ministerial poderia até sinalizar boas novas para o Amazonas, desde que o modelo proposto venha a se agregar à Zona Franca, e não substituí-la, e contanto que haja vontade política para tanto. Consideram, entretanto, que as falas e ações anteriores do titular da Economia em episódios anti-ZFM, sempre justificadas posteriormente como mal entendidos, recomendam prudência.

“Demos muitos subsídios para implantar indústrias em território verde, mas queremos transformar a Amazônia no paraíso da biodiversidade. Devemos realmente preservar a região, tendo os americanos como grande exemplo. Vocês transformaram o deserto de Nevada na capital mundial do entretenimento, em Las Vegas. Devemos transformar Manaus na capital mundial da bioeconomia e da economia ambiental verde. Podemos fazer isso juntos, é uma questão de incentivos, então vamos desenhar políticas econômicas que preservem esses estímulos”, destacou o ministro, diante dos ouvintes estrangeiros – norte-americanos, principalmente.

Oportunidade perdida

O senador Plínio Valério (PSDB-AM) avalia que o discurso até poderia sinalizar boas notícias, mas confessa que não confia na fonte, em virtude de episódios anteriores envolvendo Guedes e a ZFM e pelo fato de este não ter se referido à contribuição do modelo para preservar a cobertura florestal do Amazonas em níveis acima dos 95%.

“Não tenho porque acreditar no ministro. Isso não passa de falácia para jogar para a plateia lá fora. Porque ele fala tanto de biodiversidade e da renúncia fiscal e não leva em consideração a preservação da floresta, por causa da Zona Franca. O ministro perdeu uma grande oportunidade de dizer que essa indústria que ele tanto criticou é responsável por isso. Não acredito que ele nos vá fornecer condições para isso. A gente até precisa, e seria muito bom se isso fosse verdade. Mas, infelizmente, não acredito”, cravou.

Discurso de substituição

Já o deputado federal, Marcelo Ramos (PL-AM), se diz mais cético ainda e salienta que o ministro da Economia, em virtude de seu posicionamento ultraliberal, sempre teve “má vontade” com a ZFM e sempre reforçou o discurso da bioeconomia, em contraponto ao bem sucedido modelo atual. No entendimento do parlamentar, no fundo, trata-se de um discurso para substituir a Zona Franca e ajustado posteriormente, mediante plateia.

“Nós defendemos que os dois modelos convivam. O atual, que tem os polos de duas rodas, eletroeletrônicos, informática, concentrados, entre outros, com o futuro, que inclui a indústria do pescado, dos dermocosméticos, dos fitoterápicos, dos concentrados de frutas regionais, etc. É um discurso de substituição, mas como sempre reagimos duramente, ele dirá que os modelos conviverão. Paulo Guedes já sabe que não abriremos mão do atual modelo, e acho vai se convencendo disso”, frisou.

Desigualdades e dependência

Mais comedido, o deputado federal Sidney Leite (PSD-AM), assinala que, do ponto de vista do discurso geopolítico, a fala de Guedes está correta. Mas, o parlamentar ressalva que muito trabalho e ações necessárias –federais e estaduais –para converter o discurso em prática, desde que o projeto da economia verde venha como reforço à Zona Franca, para ampliar o leque de atividades econômicas no Estado.

“A bioeconomia se conecta à ZFM e não é conflitante a ela. A Suframa é uma agência de desenvolvimento regional, por isso o governo deve acelerar a MP que confere identidade jurídica ao CBA. Só esse esforço ajudaria a conferir aplicação de recursos e intermediação com as empresas, para atrair novos empreendimentos e fortalecer cadeias produtivas. De outra parte, o Brasil é um país regionalmente muito desigual e a pandemia deixou isso mais claro, daí a necessidade de incentivos regionais. Mas, o trabalho tem que ser nosso também, para que não continuemos dependentes de um único modelo de desenvolvimento”, apontou.

Modelo consolidado

Na mesma linha, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, salientou que, se é para agregar, e não substituir, a iniciativa será bem-vinda. O dirigente considera, contudo, a comparação entre Manaus e Las Vegas inapropriada para justificar o projeto ministerial, já que os fins de entretenimento são “muito diferentes” de bioeconomia, economia ambiental e sustentabilidade, “mister no qual os norte-americanos não são bem conceituados”.

“Se o governo federal vai priorizar esses segmentos econômicos, muito bem. Mas, não podem esquecer aquilo que já está aqui implantado e consolidado, possuidor de um know-how de produção avançado e que desempenha um papel relevante para o desenvolvimento socioeconômico e de preservação ambiental da região. Se querem fortalecer a economia regional priorizando mais uma alternativa econômica, que evitem a devastação da floresta, a ideia é bem vinda”, finalizou.

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