O grupo brasileiro Unicoba recebeu um reforço de peso para ampliar suas operações e colocar em prática seu plano estratégico para os próximos anos. O One Equity Partners, braço de investimento do J.P. Morgan, comprou uma participação não revelada na companhia. O fundo terá participação no conselho de administração da companhia brasileira, que apesar de ter capital fechado e uma administração familiar tem balanços auditados e adotou uma governança corporativa semelhante a de companhias com ações na bolsa.

A Unicoba foi fundada no início dos anos 70 pelo imigrante coreano Young Moo Park. Hoje tem três fábricas, cerca de 1,2 mil funcionários e faturou R$ 600 milhões no ano passado. Ela atua em infraestrutura para telecomunicações (principalmente baterias para torres de operadoras), mas tem uma linha de baterias industriais e para bicicletas; manufatura para terceiros (montando equipamentos eletrônicos); roteadores e lâmpadas de LED.

Apesar de ter o menor peso hoje no faturamento, o segmento de lâmpadas de LED é a principal aposta para o futuro. Atualmente, apenas 10% da receita vem das lâmpadas, mas a direção da companhia prevê que esse índice suba para 50% em apenas dois anos. Os outros 90% da receita são divididos em partes iguais entre os outros três segmentos. Com a gradual proibição da venda de lâmpadas incandescentes no Brasil, o mercado fica aberto para outros tipos de lâmpadas, como as de LED.

Para o presidente da Unicoba, Eduardo Park, o potencial de crescimento do grupo, principalmente em iluminação com LED, foi o que mais atraiu o fundo americano. Park conta que a empresa não vende apenas as lâmpadas, mas todo o sistema de iluminação. É o caso, por exemplo das praças de pedágio da concessionária CCR e dos túneis do rodoanel de São Paulo. A rede de postos Ipiranga também usa sistema de iluminação LED desenhados pela Unicoba.

"A tecnologia do LED ganhou primeiro o mundo corporativo porque o consumo de energia é mais intenso nas empresas. Então, apesar de ser um sistema mais caro inicialmente, a economia de energia paga o investimento em um curto prazo de tempo. Já no segmento residencial é natural que o uso da lâmpada de LED demore mais para crescer. Mas com a queda no custo dessas lâmpadas e o fim das incandescentes, temos um potencial imenso para crescer", afirma Park, engenheiro químico formado pela Poli que substituiu o pai em setembro.

Outro segmento com potencial é o poder público. Várias prefeituras estão assumindo a iluminação nas ruas das cidades e a empresa tem como clientes Taubaté (SP), Votorantim (SP) e Garanhuns (PE).

Além dos recursos injetados na empresa, a entrada do fundo americano serve como uma chancela para a empresa junto ao mercado. Park conta que as negociações demoraram um ano até a decisão do fundo em investir na Unicoba. Executivos da companhia brasileira estiveram três vezes em Nova York "vendendo" a companhia. E técnicos do banco fizeram várias visitas às fábricas no Brasil e analisaram os balanços da companhia. Uma das poucas exigências do One Equity Partners é que a Unicoba contrate uma das quatro grandes auditorias do mundo para acompanhar seus balanços.

Park confessa que chegou a temer pelo futuro da negociação quando o dólar disparou no início do segundo semestre, mas o fundo mostrou que tem uma estratégia de longo prazo para seus investimentos. A empresa importa o semicondutor para montagem das lâmpadas e a alta do dólar poderia mexer com os números da companhia.

"Desde 2009 estamos crescendo 30% ao ano e de forma conservadora, sem alavancagem. Temos um plano de desenvolvimento enxergando o mercado três anos à frente. E um plano de investimento de US$ 30 milhões em expansão", afirma Park. "E na questão do dólar, o problema é a instabilidade, não a cotação em si. Fica difícil planejar os custos sem um cenário mais estável [para a cotação]."

O presidente garante que não tem planos de abrir o capital da Unicoba. Ele avalia que o custo de manter uma empresa com ações na bolsa no Brasil ainda é muito alto.

Fonte: Valor Econômico