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Graduados inflam mercado informal e ficam sem direitos trabalhistas, aponta IBGE

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04/07/2019

Notícia publicada pelo Jornal Acrítica

“Vendo pipoca por 38 anos, e quando fracassa, vou pro peixe. Nunca pensei em trabalhar de carteira assinada porque ganha muito pouco. Também não penso na aposentadoria porque quando chegar a idade, me aposento por pescador”. Esse é o relato de José Gomes, 54, um dos 24 milhões de brasileiros que trabalham por conta própria, segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na sexta.

Pela pesquisa, a taxa de desemprego caiu para 12,3% no trimestre fechado em maio, somando 12,984 milhões de pessoas, menor número desde fevereiro. Esta é a segunda queda seguida e, comparando o mesmo período em 2018, estão 0,4% menor.

Apesar da queda, e do número de ocupados ter subido de 92,3 milhões para 92,9 milhões, os subutilizados e desalentados (que desistiram de procurar emprego) bateram recorde na série histórica. O número de informais foi o quinto maior já registrado.

Para a fotógrafa Rebeca Paulo, 34, abrir uma microempresa em 2016 foi uma tentativa de garantir espaço no mercado de trabalho. Desde então, entretanto, disse que não valeu a pena. “Não tenho nenhum direito trabalhista, e mesmo a empresa que me contratou preferiu contratar por PJ (Pessoa Jurídica), o que me tira férias, 13º e todo o resto”, reclamou.

A dificuldade em arranjar emprego também ocorre entre os acadêmicos. Mesmo formado, o turismólogo Júnior Araújo, 21, disse que sempre envia currículo, mas nunca encontra vaga para seu perfil. “Só contratam estagiários e, para os efetivos, gente de outras áreas ocupam a minha. Faço marketing nas redes sociais e dou aula de inglês, atualmente, mas como ‘horista’, sem carteira assinada”, explicou.

Especializada

A empreendedora Lisset Velásquez, 32, também é especializada em sua área, manipulação de alimentos, porém vende picolés nas ruas como renda. Imigrante da Venezuela, ela ainda não conseguiu um emprego formal desde que chegou ao País. “Tinha meu negócio em Puerto Ordaz, mas não consegui continuá-lo aqui. Meu esposo vende água em isopor e sempre peço emprego nas ruas e envio currículos, mas sem retornos. Pretendo morar aqui com minha família, de cinco pessoas, e espero algo melhor”, relatou a vendedora.

Análise: Francisco Mourão, Presidente do Conselho Regional de Economia

Para o presidente do conselho, a situação de baixo crescimento, “é reflexo dessa maior demanda de desempregados, e pela própria situação econômica do País”. De acordo com ele, “enquanto essa equipe econômica atual não definir uma pauta, ainda estaremos debaixo dos efeitos do governo anterior”. Sobre as medidas tomadas pelo governo para acelerar o crescimento, continua o conselheiro, “há uma proposta de liberar as contas do FGTS, mas é uma questão paliativa. Percebemos mais uma vez a falta de uma política econômica de governo, que agora ta centrada no único objetivo da reforma previdenciária, mas desenvolvimento da economia até agora nada”.

“A única notícia boa é o acordo do Mercosul com a União Européia”, destaca Mourão ao afirmar o potencial agregador “que nos favorece pelas exportações”. “Fora isso”, continua o conselheiro, “esperamos estímulos do poder público porque apesar dos juros baixos e da inflação controlada, o nível de arrecadação do PIB está muito baixo, e caindo ainda mais. Tirando alguns municípios, todos são dependentes dos repasses públicos porque não há políticas para o desenvolvimento”, diz.

O conselheiro afirma que “a principal força econômica de qualquer município é a própria prefeitura, e isso liga com a queda de arrecadação do Estado por nós estarmos somente no mercado interno e o consumidor não comprar. Somado à queda do repasse do ICMS e o governo daqui reter o FTI, sem investimentos em infraestrutura ficamos piores. Ainda nem se sabe como será o Plano Dubai”, conclui Mourão.

Rendimento

O rendimento médio real habitual ficou em R$ 2.289, queda de 1,5% frente ao trimestre anterior (R$ 2.306) e quase estável frente ao mesmo trimestre de 2018. Já a massa de rendimento real habitual (R$ 207,5 bilhões) permaneceu estável ante ao trimestre anterior e cresceu 2,4% (mais R$ 4,9 bilhões) frente ao período de 2018.

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