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​Futuro preocupante

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18/10/2022

Antonio Silva

Presidente da FIEAM

E-mail: presidencia@fieam.org.br

Quando se compara os indicadores da indústria local, na pesquisa por amostragem das médias e grandes empresas do Polo Industrial de Manaus convênio CNI/FIEAM, verifica-se que no mês de agosto, em relação a julho do corrente ano, houve crescimento no desempenho industrial.

O faturamento da indústria amazonense avançou 22,7%, porém, em relação ao mesmo mês do ano passado, apresenta um decréscimo de - 3,8%. Verificamos também que no acumulado entre os meses de janeiro a agosto, em relação ao mesmo período do ano passado, as variáveis estudadas, como emprego, horas trabalhadas, massa salarial e utilização da capacidade instalada, são superiores. Somente a variável faturamento apresenta-se inferior em - 3,8%.

Estima-se, no entanto, que o faturamento em 2022, ultrapasse o nível alcançado em 2021, em razão de se projetar um aumento da produção e das vendas, influenciados pelas festas de fim de ano, num ambiente econômico mais favorável indústria local Parece primeira vista que tudo está bem, mas não é bem assim. Existe um temor de que 2023 seja um ano difícil, não importando quem ganhe a eleição para presidente do Brasil. E quem vencer sabe que não há mais como adiar as importantes e profundas reformas exigidas pelo país.

O perigo de um período de estagflação é real, face aos retrocessos de uma política econômica sem visão de desenvolvimento sustentável, permitindo a degradação do meio ambiente, com prejuízo da Amazônia e do Pantanal, além de uma abertura comercial unilateral com redução do Imposto de Importação e IPI, sem preocupação com o setor industrial nacional.

Felizmente não estamos em estagflação, graças a redução do preço dos combustíveis pela Petrobras, facilitado pela redução do preço do barril de petróleo no mercado internacional, que caiu de US$ 11500 para US$ 8500, entre maio e setembro deste ano. Como o modal de transporte mais utilizado no país é o rodoviário, essa baixa no preço dos combustíveis se refletiu no cálculo da inflação, que apresentou queda, embora o Brasil no ranking de países com alta inflacionária ocupe a oitava posição, isto é, mesmo havendo redução, a inflação brasileira ainda está num patamar muito alto. Por exemplo, em agosto do corrente ano, a inflação do grupo de alimentação e bebidas ficou próximo de 15% no acumulado de 12 meses e a cesta básica representava em média aproximadamente 60% do salário mínimo.

Outro efeito negativo é causado pelo aumento das taxas de juros, que reduz o nível da atividade econômica ao tornar mais caro o crédito, desestimular o crescimento e provocar a desindustrialização no país. Economistas conceituados afirmam não estarmos em um quadro de estagflação em razão do PIB ter reagido positivamente aos estímulos pontuais do governo e a inflação ter no momento tendência de queda, apesar de elevada Entretanto, não descartam um possível quadro de estagflação em 2023, projetando uma desaceleração da indústria e do comércio já em 2022, causada pelo patamar elevado da taxa básica de juros que hoje está em 13,75% ao ano e desajustes na cadeia produtiva provocada pela escassez de insumos.

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