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Foco na produtividade em 2022

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03/01/2022

Marco Dassori

É consenso que, embora a pandemia já contabilize seu segundo ano, marco de 2021 ainda foi a crise da Covid-19. A despeito do advento da vacina ter aberto uma brecha no horizonte dos agentes econômicos, o setor produtivo ainda se ressente da desorganização nas cadeias produtivas globais, com impactos no câmbio, inflação e, por consequência, nos juros e na atividade econômica.

Economistas ouvidos pela reportagem do Jornal do Commercio apontam que, em meio aos desafios da macroeconomia e da política em ano de eleição, o Estado deve criar oportunidades para ampliar seu leque econômico, sem descuidar da proteção à ZFM e da melhora dos indicadores sociais.

Para o presidente do Sindecon-AM (Sindicato dos Economistas do Estado do Amazonas) e consultor empresarial, Marcus Evangelista, o Estado, assim como o país e o mundo ainda vivem os reflexos da crise mundial da Covid-19. Segundo o economista, o PIM sentiu “bastante” esse efeito, principalmente nas fábricas que dependem mais da importação de insumos da China – com destaque para eletroeletrônicos e bens de informática, mas até mesmo nas linhas de produção mais verticalizadas do polo de duas rodas.

“Os produtores chineses não conseguem atender os pedidos por completo e, com isso, as indústrias daqui também não conseguem atender a demanda. Isso dificultou a vida dos segmentos que tiveram uma alavancagem durante o ano. Mas, o faturamento do PIM bateu recorde e indica que 2022 deve ser um ano de grande produtividade, desde que não tenhamos mais nenhum evento de Covid-19. De uma forma geral, com a indústria produzindo, os outros setores buscam uma normalização e um equilíbrio, que não deve vir em 2022, mas talvez em 2023”, ponderou.

Marcus Evangelista avalia que o principal desafio para 2022 continua sendo desenvolver as demais potencialidades econômicas regionais –especialmente o turismo –, embora não deixe de observar que o Estado deve continuar defendendo “sua galinha dos ovos de ouro”, que ainda é a Zona Franca de Manaus. “Em 2021, o modelo sofreu vários ataques, que devem se repetir no próximo ano. Tivemos a saída de fábricas importantes, como a Sony, e o encerramento de linhas de produção, como ocorrido na Panasonic. Isso levou a demissões. Vamos ter outros desafios também, em função das eleições, que não deixam de afetar a economia”, comentou. “Vulnerabilidades socioeconômicas”.

A vice-presidente do Corecon (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), doutora em Desenvolvimento Regional, e professora da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Michele Lins Aracaty e Silva, destaca que a pandemia agravou ainda mais as vulnerabilidades socioeconômicas que fazem parte da realidade da região.

“O agravamento do quadro da saúde lançou luz sobre a realidade da região Norte, bem como a dos municípios do interior dos Estados da Amazônia, que amargam os piores indicadores de IDH do país. Outra variável que deve ser objeto de nossa análise são os números de beneficiados pelo auxílio emergencial, ‘os invisíveis’, listou.

Michele Lins Aracaty e Silva ressalta que a economia de 2021 foi impactada ainda pelos “elevados” índices de inflação, a falta de insumos e matérias-primas e o aumento n o n ú m e r o de desempregados –que geraram mais fome e miséria, além de uma expansão no índice de informalidade.

A economista considera, no entanto, que o BC (Banco Central) teve “uma atitude solitária e corajosa”, ao decidir pelo retorno das altas na taxa básica de juros, para frear a escalada da inflação. A docente avalia que o desenvolvimento da vacina, bem como o início do processo de vacinação, pode ser colocado no topo do ranking das vitórias do país e do Estado, com efeitos positivos não apenas na circulação de pessoas, como também na movimentação da economia.

Aponta, contudo, uma série de pontos que ainda precisam melhorar, como a gestão dos serviços de saúde e distribuição de leitos de UTI além da capital; a busca por uma solução logística que tire a região do isolamento; formação do capital humano e mais oportunidades de trabalho para o interior; um plano de Estado para educação com resultados qualitativos; uma solução sustentável para o abismo digital; e a melhora na gestão pública “em todos os níveis”.

“Precisamos também incrementar a cadeia produtiva de artigos já conhecidos, como açaí e buriti, assim como focar em ações concretas em modelos endógenos, que levem em consideração a exploração de produtos regionais complementares ao PIM. É o caso dos polos de tecnologia, de startups, de ecoturismo, de biotecnologia, e de economia criativa, entre outros.

Fazem parte de nossas potencialidades regionais e podem ser desenvolvidos em parceria com institutos de pesquisas, universidades, setor público, iniciativa privada e instituições internacionais”, recomendou.

“Crescimento tímido” O conselheiro do Corecon- -AM, consultor empresarial e professor universitário, Leonardo Marcelo Braule Pinto, disse que o crescimento foi tímido em 2021, tanto para a economia brasileira, quanto para a amazonense. Especialmente quando se leva em conta a fraca base de comparação de 2020. “É preciso observar que a principal vitória desse ano foi a possibilidade de se utilizar da capacidade instalada produtiva, sem se preocupar com casos pandêmicos em massa”, resumiu.

De acordo com o economista, mesmo com algumas restrições e “baques” ainda decorrentes de 2020, o ano foi o período em que as empresas voltaram a poder produzir, fato que contribuiu para gerar receita e empregos. Leonardo Marcelo Braule Pinto diz que 2021 foi “bom”, comparado ao passado, mas o crescimento foi lento e tímido, especialmente diante da falta de crédito e contração da base monetária decorrente da alta da Selic.

“Para 2022 é esperado um crescimento da renda ainda maior. Principalmente no Amazonas, onde estão previstos vários concursos, que vão empregar parte significativa da população. Agora, é necessário que medidas governamentais sejam tomadas para a expansão da base monetária. É necessário observar a possibilidade de baixa na Selic, para que tenhamos um crescimento significativo em nossa capacidade instalada, gerando mais empregos e renda” asseverou.

Já o também conselheiro do Corecon-AM, professor universitário e consultor empresarial, Francisco de Assis Mourão Júnior, lembra que 2021 se encerra com a economia ainda tentando se recuperar da pandemia, com inflação de dois dígitos e uma Selic chegando perto disso, e consequente recuo do consumidor.

Diante da escalada de uma inflação de custo, ou de oferta, devido à alta do câmbio, o economista avalia que o PIM teve saldo positivo no período, mas recomenda maior atenção ao mercado externo e menor dependência de insumos importados. “A preocupação é que o modelo está centralizado em poucos segmentos e há dúvidas sobre como vai ser a reação do Polo à economia em 2022.

Vamos fechar um PIB de 4,4%, em 2021, e devemos ter um PIB de 2,1% ou 1%, no próximo ano. A ZFM reflete a economia nacional, pois fabricamos produtos para o mercado interno. Precisamos também desenvolver novos fatores, como a agricultura, o turismo e a biodiversidade, para nos tornarmos menos dependentes da Zona Franca”, encerrou.

Fonte: JCAM

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