10/11/2017
Reportagem publicada pelo Valor Econômico
A Fitch Ratings reforçou a nota de crédito do Brasil em 'RB', com perspectiva negativa. Ou seja, com possibilidade de a classificação ser revista para baixo futuramente.
Segundo a agência, limitam as notas do país a debilidade estrutural nas finanças públicas e o alto endividamento do governo, fracas perspectivas de crescimento e indicadores de governança mais fracos do que os pares do país, além do recente histórico de instabilidade política.
Essas debilidades, acrescentou a Fitch, são compensadas pela diversidade econômica do brasil e instituições civis consolidadas. A perspectiva negativa reflete a continuidade de incertezas relacionadas com a sustentabilidade e força da recuperação econômica brasileira, as perspectivas para a estabilização da dívida no médio prazo e o progresso da agenda legislativa, especialmente a reforma da Previdência.
A Fitch espera uma modesta recuperação cíclica no Brasil, com o crescimento acelerando de 0,6% em 2017 para uma média de 2,6% durante 2018 e 2019. O consumo começou a se recuperar, sustentado pela inflação mais baixa, que impulsiona os ganhos salariais, estabilização da taxa de desemprego e uma recuperação do crédito ao consumidor. Uma recuperação do investimento também é esperada para os próximos anos.
De acordo com a agência, os riscos que podem fazer com que o governo não alcance as suas metas fiscais no curto prazo incluem uma recuperação econômica mais fraca e a dificuldade em cortar gastos públicos, sobretudo em ano eleitoral. A implementação da reforma da Previdência e outros ajustes serão necessários para assegurar que os gastos fiquem de acordo com a meta no médio prazo.
A Fitch projeta que a dívida pública brasileira continuará a crescer durante o período previsto, mesmo levando em conta o impacto da antecipação dos pagamentos dos empréstimos feitos pelo Tesouro Nacional ao Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) entre 2017 e 2018. A agência projeta que a dívida alcançará 76% do PIB em 2017 (acima da mediana dos países "BB", de 45%) e avance a 80% em 2018.
O déficit em conta corrente do Brasil deve ficar abaixo de 1% em 2017, de acordo com as projeções da Fitch, e deve permanecer abaixo dos 2% no período projetado pela agência. O déficit caiu 8o% durante os primeiros nove meses de 2017, em relação ao ano passado, com o crescimento do superávit comercial.