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FIPE propõe métricas da bioeconomia

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16/05/2017

Por Alfredo MR Lopes (*)

alfredo.lopes@uol.com.br

O que é um investimento aglutinativo num processo de desenvolvimento numa economia de baixo carbono na Amazônia? Ou trocando em miúdos, como calcular a taxa de retorno num investimento de bioindústria extrativa de óleo de castanha do Brasil? Quem sabe quanto custa o serviço ambiental de quem impede a remoção da floresta oferecendo emprego e renda? Sao métricas necessárias para avaliar o retorno ou relevância dos incentivos fiscais que a sociedade brasileira vem atribuindo ao desenvolvimento regional da Amazônia. Quem responder a estas perguntas sai na frente no desafio de oferecer suporte numérico e confiável a uma bioeconomia de baixo carbono que se configura promissora na Amazônia. Por que não foram transformadas em oportunidades de mercado as 70 patentes desenvolvidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia?

Eis alguns dos motivos de pelos quais a UEA, Universidade do Estado do Amazonas, em conjunto com as empresas da região, convidou a FIPE, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, para integrar a iniciativa de instalação na Amazônia uma instituição que produza métricas da bioeconomia. Através do CIEAM, entidade que congrega as empresas instaladas no polo industrial do Amazonas, economia e academia procuram números das promessas de negócios da floresta. Cabe lembrar que tais empresas financiam integralmente a instituição académica estadual, UEA, a maior universidade multi-campi do país.

Foi essa parceria que buscou a Universidade de São Paulo para formar gestores em Amazônia, esse amontoado gigantesco de possibilidades econômicas marcada por uma inexplicável ausência da gestão federal para criar negócios e oportunidades de desenvolvimento com sustentabilidade de que o país precisa para sair do atoleiro. Atualmente, com apenas 12% da renúncia fiscal do país, um instrumento constitucional para reduzir as desigualdades regionais gritantes do Brasil, as empresas do Amazonas cumprem o papel de proteger a floresta oferecendo trabalho alternativo ao extrativismo que desequilibrou os estados vizinhos. Ao atrair a USP, seu doutorado de administração com 22 bolsas, as empresas reconhecem que é fortuita, quase involuntária, essa proteção florestal. Formar gestores em Amazônia, em nível acadêmico e focado nas oportunidades regionais, significa qualificar novos gestores, com projetos de inovação, novas respostas para antigos desafios. Juntar economia com academia foi a equação miraculosa de avanços civilizatórios, que junta investimentos materiais com inteligência gerencial. Deu certo em todo lugar que cumpriu essa liturgia empreendedora com rigor.

Na conquista de implantar na floresta essa equação promissora, entretanto, falta investir na produção numérica de indicadores. Em artigo recente sobre o Agronegócio, o jornalista Marcelo Leite resgatou uma pesquisa feita pela revista The Economist, que analisa clima, alimento e sustentabilidade com indicadores numéricos. No último estudo, foram considerados 31 indicadores reunidos em três grandes grupos: perdas e desperdício de alimentos; agricultura sustentável; e desafios nutricionais. Dos 25 países avaliados, o Brasil figura na 20ª posição do ranking geral. Só ganhamos de Indonésia, Emirados Árabes, Egito, Arábia Saudita e Índia. Essa economia responde pela metade da balança comercial do Brasil, mas o descuido numérico expõe o risco de tirar do país o protagonismo ambiental global.

Hoje, esta compulsão numérica é a maior especialidade da FIPE, que cumpre a mesma orientação insistente de instituições respeitáveis como o Insper e a Fundação Getulio Vargas, que se notabilizaram justamente por advogar a demonstração numérica que descreve avanços, paradoxos e atrasos do país em todos os níveis comparativamente aos países que dominam as ferramentas de Arquimedes e Euclides, os números. Atrair a FIPE, e de quebra, viabilizar a produção local de indicadores da floresta, formata com a inteligência e o feeling dos economistas locais, vai permitir que a academia preste serviços vitais a economia, gerando serviços e riqueza para expansão de seus projetos e dando segurança e oportunidades aos atentos investidores. Sejam benvindas, pois, essas iniciativas, e felicitações a investidores e acadêmicos por entenderem as vantagens de gerar métricas de sua manutenção e ampliação de seus serviços, com baixa emissão de carbono e elevadas taxas de oxigenação em favor da prosperidade geral.

(*) Alfredo é filósofo, ensaísta e consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam)

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