24/01/2019
Notícia publicada pelo Em Tempo Online
A indústria madeireira, que chegou a gerar
54 mil empregos no interior do Amazonas,
nos anos 1980, hoje gera pouco mais de 10
mil. Os dados foram apresentados pelo
presidente da Federação das Indústrias
Madeireiras do Estado do Amazonas
(Fedemflor), Sérgio Andrade, em reunião
conjunta com os presidentes dos sindicatos
patronais das áreas naval, cerâmica e juta, na
sede da Federação das Indústrias do Estado
do Amazonas.
As dificuldades apresentadas pelas pequenas,
grandes e médias indústrias no interior,
levando em consideração as legislações
municipais, estaduais e federais, vão compor
um plano para futura apresentação ao
governo do Estado. Segundo Andrade, a
indústria madeireira, no interior, já chegou a
exportar, em termos de valores, muito mais
que o Polo Industrial de Manaus (PIM).
“Apesar de ainda existirem alguns gargalos
na legislação, nós conseguimos avançar
muito no Conselho Estadual de Meio
Ambiente (Cemaam), onde nós fomos
conselheiros. Mas, o grande problema para
nós, no mercado interno, ainda são os
gargalos logísticos.
A madeira hoje, no nosso mercado, não tem
valor. A exportação é o grande negócio. Hoje,
a madeira mais barata a gente vende a US$
400 para exportação, e para o mercado
interno de R$ 700 a R$ 800”, disse ele.
Aprovado pelo Instituto de Proteção
Ambiental do Amazonas (Ipaam), segundo
Andrade, existe atualmente cerca de 1 milhão
e 741 mil metros cúbicos de madeira em tora,
sendo 35% desse volume para exportação.
Para ele, a cadeia produtiva da madeira, no
plano de manejo, até o produto acabado, gera
oportunidades de empregos na região.
Polo Naval
Considerado atualmente um dos grandes
polos brasileiros em termos de produção, o
Polo Naval do Amazonas conta com cerca de
300 estaleiros instalados no Estado, de
pequeno, médio e grande porte.
O mercado é demandado pelo navegador da
região Norte e mais 15 estados de outras
regiões, como a Bahia, que fazem suas
encomendas aos estaleiros de Manaus.
De acordo com informações apresentadas
pelo presidente do Sindicato da Indústria da
Construção Naval, Náutica, Offshore e
Reparos do Amazonas (Sindnaval), Mateus
Araújo, os rios do Estado representam 2.600
km de via navegável e essa grande
exuberância e extensão faz a vocação natural
do polo naval.
“Quando estabilizado já tivemos 12.000
postos de trabalho no polo naval do
Amazonas, hoje temos pouco mais de 3.000.
Por conta da sazonalidade, nós construímos
bem quando estamos com rio seco e
construímos muito pouco com o rio muito
cheio”, explicou Araújo, acrescentando que a
mão de obra hoje, se encontra estabilizada
por conta da variação percentual de
contratações e demissões, entre 5% a 8%.
Juta e malva
A cadeia produtiva de juta e malva foi
apresentada, na reunião, pelo presidente do
Sindicato das Indústrias de Fiação e
Tecelagem do Amazonas (Sindfiação),
Sebastião Guerreiro.
Iniciada no Estado do Pará, de onde a
semente é trazida para cultivo nas várzeas do
Amazonas, a produção, segundo Guerreiro,
contabilizou, na última safra (2017/2018),
6.700 toneladas de fibra de malva
distribuídas exclusivamente para a indústria.
“Se nós levarmos esse número aqui para o
número de pessoas envolvidas, considerando que a atividade hoje é da agricultura familiar
e que cada família eventualmente produz
1.800 toneladas de fibra, o número de
pessoas participantes dessa cadeia girou em
torno de 18.000 nessa última safra”, apontou
Guerreiro.
A indústria hoje, segundo ele, importa
metade da sua matéria-prima de Bangladesh,
na Ásia. Se considerar a demanda nacional
que gira em torno de 15 mil toneladas, a
geração de emprego no interior poderia
chegar a 40 mil postos de trabalho.
“Como em nossa atividade a semente de
malva é plantada no momento em que o rio
está secando e a fibra é colhida no período
em que o rio está enchendo, essa geração de
emprego e renda ocorre no período de seis
meses no máximo”, frisou Guerreiro.
Polo cerâmico
Um dos setores que lidam diretamente com
as demandas do interior do Estado, o polo
cerâmico foi representado na reunião de
planejamento na FIEAM pelo presidente do
Sindicato das Indústrias de Olaria do Estado
do Amazonas (Sindcer-AM), Sandro Santos,
que presidiu a reunião.
O polo, localizado nos municípios de
Iranduba e Manacapuru, viu cair de 36 para
25 o número de empresas com atuação
regular.
“A geração de emprego no primeiro semestre
de 2016 foi de 4.500 postos de trabalho, o
que caiu para 980 nos dias atuais. Nossos
problemas econômicos também são
tremendos em nível de município. Dos 62
municípios do Estado do Amazonas, o setor
cerâmico está ativo em 52, mas, destes,
menos de 3% é legalizado”, apresentou ele.
Plano Emergencial
O contexto econômico do Estado, de acordo
com Sandro Santos, faz surgir a necessidade
de ação voltada para o grande mercado que é
a capital por conta do Distrito Industrial.
“Estamos vivenciando a todo momento as
notícias relacionadas ao PIM e essa é a nossa
realidade. Nós enquanto empresários
estamos tentando avançar no melhor
caminho e mais veloz possível junto ao
governo do Estado”, disse ele.
A proposta do grupo de empresários é se
colocar à disposição do governo do estado e
oferecer subsídios sobre os temas
relacionados aos quatro setores produtivos.
A ideia é, além de ajudar na geração de
emprego e renda, corrigir os gargalos
existentes no interior do Estado.
“Dependemos muito de como o governador
Wilson Lima irá receber essas ideias. Já
vivenciamos o interior do Estado e sabemos
que, como está não conseguimos avançar. Se
você tem uma serraria não tem a madeira, se
você tem a madeira e tem a serraria, não tem
energia, se você tem a serraria, madeira e
energia, não tem uma estrada, e por aí vai”,
apontou ele.
Como representante do governo do Estado
na reunião, o assessor de gabinete da
Secretaria de Planejamento,
Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e
Inovação (Seplan-cti), Luiz Almir Fonseca,
disse que o interesse maior é esse, que a iniciativa privada se una ao governo do
Estado.
“Ninguém melhor para falar do que vocês
sofrem com essa situação do que vocês
mesmos. O empresário tem que ser
incentivado e não perseguido, afinal é o
empresário que sustenta o governo com os
seus tributos” disse ele.