11/09/2013
Fibra óptica atravessa rio Amazonas
Assistir vídeos em tempo real, baixar fotos e aplicativos. Desde a popularização dos smartphones e tablets, a utilização dos dados de telefonia móvel deu um salto. Visando suprir essas novas demandas, Manaus conta com a primeira rede de fibra óptica para transmissão de dados de alta performance para telefonia móvel no Estado. A via –que interliga os Estados do Pará, Amapá e Amazonas –foi inaugurada no final de agosto e apresentada em um Workshop realizado em Recife (PE) nesta terça-feira (10). A expectativa é que a velocidade dos serviços disponibilizados por meio da internet suba consideravelmente no Estado.
A rota de fibra óptica foi construída como resultado de uma parceria entre as operadores TIM e Vivo. Segundo o diretor de redes da Tim Brasil, Cícero Olivieri, as empresas utilizaram a infraestrutura do Linhão de Tucuruí –linha de transmissão instalada pelo governo federal na Amazônia –e fizeram um investimento de R$ 250 milhões para a implantação da fibra óptica que atravessasse o rio Amazonas. “Esta é primeira fibra que efetivamente cruza o rio Amazonas e leva o sinal para outra margem do rio” explica Olivieri.
Cícero Olivieri explica que, para cruzar o rio Amazonas, foram construídas duas torres com alturas “equivalentes a da Torre Eiffel” em cada margem do rio. Ele ressalta que o empreendimento não vai parar em Manaus. A previsão é de que até 2016 uma segunda rota interligando Manaus a Cuiabá, passando por Porto Velho, esteja em funcionamento. “Essa rota ainda está sendo negociada, mas já está em construção. Até 2016, o processo deverá ser fechado abordando as cidades de Boa Vista, Porto Velho e Rio Branco, compreendendo uma rota de 65 mil km de fibra óptica”, conta.
O projeto que levou fibra óptica de Manaus a Tucuruí, interligando a rota existente entre Belém e Brasília, subindo até Macapá tem 1.800 km de extensão e passa por dentro da floresta amazônica. “Seria impossível sem a intervenção do Governo comprar fibra óptica de empresas que já tinham a fibra instalada. Devido à complexidade de atravessar essas regiões”, explica. O direito de utilização da rota foi adquirido através de consórcio pela TIM, que dividiu os custos com a Vivo para conseguir operacionalizar o negócio. “O Linhão não chegava até Manaus, com essa construção vamos beneficiar várias cidades ao longo da rota”, ressalta.
AM é destaque
Segundo a Teleco, empresa de consultoria fundada em 2002, responsável pelo Portal de informação da TeleBrasil (Associação Brasileira de Telecomunicações), a utilização de Banda Larga móvel no Amazonas é a maior do Norte e Nordeste do país. Com 31,2% das utilizações o Estado fica acima da média nacional de 30,2%. O presidente da Teleco, Eduardo Tude, atribui esse grande uso ao fator geográfico, já que o Estado é um dos mais isolados do país, mas com grande concentração urbana.
Eduardo Tude explica que a maioria das redes no Brasil utiliza um sistema parcial de fibra óptica. Os dados são transportados até certos pontos pela fibra óptica e depois seguem por fios de cobre até as ERB (Estações de Rádio Base), ou antenas. “A troca da rede por um sistema completo de fibra óptica é um processo que o mundo inteiro está passando, é algo recente e será o futuro da internet fixa e móvel”, comenta o executivo.
Problemas de licenciamento
Um dos grandes problemas enfrentados pelas empresas continua sendo a demora na liberação das licenças ambientais, um entrave para a evolução da tecnologia móvel no país. “O Procon bate nas operadoras e elas se batem tentando conseguir as licenças. O processo chega a demorar um ano, em uma demanda que cresce a cada mês”, comenta Cícero Olivieri.
Segundo Eduardo Tude há muitas limitações de torres que não podem ficar a 500m de hospitais, escolas etc, o que acaba tornando quase inviável a implantação em algumas cidades. “Em muitas cidades encontramos grandes problemas para conseguir a regularização da prefeitura. Em algumas, praticamente nunca se consegue”, lamenta.
Uma alternativa é a definição de um plano nacional que regulamente a questão que hoje fica a cargo dos Estados e prefeituras. “É preciso que se faça algo nesse sentido. Que se crie um padrão nacional para facilitar o trabalho das operadoras e a cobrança dos órgãos competentes”, comenta.
Questionado sobre o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), Eduardo Tude explica que o plano tinha foco no preço e não na capacidade da rede. “Não adianta querer que uma rede projetada para uma velocidade, dê uma velocidade 10 vezes maior. Mesmo que fizéssemos isso não haveria nenhuma qualidade”, critica.
Fonte: JCAM
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