26/03/2019
Notícia publicada pelo site Valor Econômico
Alessandra Saraiva
A Sondagem da Indústria realizada
pela Fundação Getulio Vargas (FGV) sinaliza queda de 1,9 ponto na prévia
para o Índice de Confiança da Indústria (ICI) de março em relação ao
número final de fevereiro.
A baixa seria determinada tanto pela piora na percepção dos empresários em
relação à situação atual dos negócios como pelas expectativas futuras. O
Índice da Situação Atual (ISA) recuaria 1,3 ponto, para 97,5 pontos, e o
Índice de Expectativas (IE) recuaria 2,4 pontos, para 96,8 pontos.
O resultado preliminar de março sinaliza alta de 0,2 ponto percentual do
Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (Nuci), para 74,9%.
Para essa prévia, foram consultadas 780 empresas entre os dias 1º e 21 de
março. O resultado final da pesquisa será divulgado na próxima sexta-feira,
dia 29.
As expectativas sinalizam a mais intensa queda em seis meses, informou
Aloisio Campelo, superintendente de Estatísticas Públicas do Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV). Para
Campelo, a ausência de sinais de retomada mais forte na economia, aliado a
um aumento de incerteza em relação à aprovação da reforma da Previdência,
levaram aos resultados negativos na prévia da pesquisa.
Campelo frisou que o resultado não implica, necessariamente, nova fase de
queda na confiança da indústria. Ele comentou que o desempenho ainda é
uma prévia, sendo necessário ainda confirmar o resultado - bem como avaliar
resultados posteriores, para se configurar alguma tendência.
No entanto, admitiu que a sinalização de queda nas expectativas é algo a se
olhar com atenção. Sem mencionar percentuais, visto ser uma prévia,
informou que, no IE, o tópico que mais contribuiu para o recuo nas projeções do empresariado foi expectativas dos negócios em seis meses – ou seja, as estimativas dos industriais em horizonte de longo prazo.
Ele comentou que, em pesquisas anteriores recentes da sondagem, esse
indicador sempre foi o mais otimista - e, agora na prévia de março, sinaliza
recuo em março, alertou.
“Tendo a acreditar [que a causa do recuo é porque] a economia ainda está
devagar neste primeiro trimestre. Não houve nenhuma notícia favorável [na
economia]”, afirmou ele, acrescentando que o cenário de negócios brasileiros
com a Argentina ainda não apresenta sinais favoráveis.
Ao mesmo tempo, o setor da construção continuou a não apresentar indício
de reação, no começo do ano. “Essa demora na recuperação da economia,
associada a percepção que não vai ser tão rápida e fácil a [aprovação da]
reforma da Previdência, nos faz voltar ao tema da incerteza. Enquanto
houver incerteza, estaremos sujeitos a esses sobressaltos [na queda da
confiança]”, afirmou.
Ainda de acordo com o superintendente, entre as grandes categorias de uso,
as contribuições para o resultado negativo na prévia da confiança foram mais
visíveis entre os empresários das indústrias de duráveis; de material de
construção; e de intermediários.
Mas, para o técnico, é preciso esperar o resultado completo do índice para
formar uma ideia melhor se o recuo na confiança seria concentrado ou mais
espalhado entre as categorias de uso da indústria da transformação.