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Faturamento na Zona Franca de Manaus deve cair 18% em 2016

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19/05/2016

Diante de um horizonte ainda nebuloso, fabricantes instalados na Zona Franca de Manaus (ZFM) devem amargar um recuo do faturamento de 18% neste ano. Com viés de queda, o desempenho do polo pode ser ainda pior caso a retração da economia não apresente sinais de desaceleração.

"Se as medidas do governo interino não frearem a queda da atividade, podemos ter um desempenho ainda pior neste ano", afirmou em entrevista exclusiva ao DCI o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco.

O dirigente conta que o faturamento do polo, em dólares, já vem andando de lado há alguns anos. "Mas em 2015 e no primeiro trimestre de 2016 houve uma queda ainda mais acentuada da atividade", acrescenta.

De janeiro a março deste ano, o faturamento do polo recuou 17,22%, para R$ 16,72 bilhões. "Esse valor não reflete a realidade porque a inflação acentua a queda", pondera. Em dólares, houve declínio de 37,09% (as projeções do Cieam levam em consideração o faturamento na moeda norte-americana).

Diante do quadro, o nível do emprego das fabricantes da ZFM vem caindo. De acordo com o Cieam, em dezembro de 2014 havia 125 mil postos. Um ano depois, caiu para 105 mil e, ao final de abril deste ano, existiam 87 mil funcionários no polo. "Se o mercado continuar estagnado e o desemprego aumentar, o consumo vai se manter em queda, afetando a região", diz Périco.

Para o economista da Pezco Microanalysis, João Costa, enquanto não houver mudança clara da política econômica, não haverá espaço para crescimento. "O cenário continua muito nebuloso".

Costa observa que além do alto nível de desemprego - o maior desde meados de 2002 - o brasileiro que está empregado não se sente confiante para ir às compras. "O desemprego deve aumentar ainda mais até o final do ano, atingindo provavelmente dois dígitos", acrescenta. Além disso, ele salienta que os indicadores já apontam queda real da renda, limitando o poder de compra do brasileiro. "Essa conjuntura impede qualquer possibilidade de retomada da indústria", pontua o economista.

A situação é particularmente mais grave para as indústrias da ZFM, que apesar dos incentivos fiscais, sofrem com altos custos de logística para escoar a produção e também de abastecimento de insumos. "Temos discutido há anos com o governo alternativas para solucionar, ao menos parcialmente, o problema do transporte de mercadorias do polo", diz Périco.

Exportações

Ele afirma que a ZFM foi concebida como parte de um projeto para desenvolver a região Norte, através da produção de bens de alto valor agregado para o mercado doméstico. "O polo nunca terá um viés exportador", afirma.

No entanto, de acordo com o economista e consultor empresarial José Laredo, o governo poderia criar um ambiente que estimulasse as vendas ao exterior na região, principalmente para multinacionais.

"Muitas empresas não escolhem a ZFM como plataforma de exportações por falta de infraestrutura de escoamento da produção", revela.

Segundo Laredo, cerca de 500 empresas atuam no polo atualmente e aproximadamente 150 têm capital estrangeiro. "Com estímulos que não necessariamente passam por renúncia fiscal, estas multinacionais passariam a exportar do polo de Manaus", acrescenta.

O consultor acrescenta que a retomada da confiança é primordial para trazer novos investimentos à região. "Esperamos que a economia brasileira passe a ter um novo patamar com a mudança de governo, ainda que interino", pondera José Laredo.

Motos e Eletrônicos

Um dos segmentos que mais caiu no primeiro trimestre, segundo balanço do Cieam, foi a indústria duas rodas. Em relação ao mesmo período de 2015, houve queda do faturamento de 27,72% (em reais) e de 44,95% (dólares).

A Honda, uma das maiores empresas instaladas na ZFM e responsável por cerca de 80% da produção nacional de motos, vem sentindo fortemente a recessão econômica.

"O mercado de motocicletas tem sofrido um processo de retração nos últimos anos devido, principalmente, à dificuldade de acesso ao crédito e à crise política e econômica, que freiam o consumo", declara o diretor executivo de relações institucionais da montadora, Paulo Takeuchi.

Ele revela que, de janeiro a abril, as vendas de motos da Honda sofreram queda aproximada de 23% em relação ao mesmo período do ano passado. Takeuchi informa, entretanto, que a empresa mantém estratégias para compensar parte da retração de mercado.

"Apesar da crise, seguimos com nosso cronograma de lançamentos e, em parceria com a rede de concessionárias, ofereceremos alternativas para a aquisição de motos, como o consórcio, que tem se tornado cada vez mais atrativo."

O segmento de eletroeletrônicos também sofreu queda significativa do faturamento no primeiro trimestre, de 27,12% (em reais) e de 44,52% (em dólares) em relação a igual período do ano passado.

Costa, da Pezco, explica que principalmente em momentos de recessão o consumo de produtos de maior valor agregado recua sensivelmente.

"Com o aperto da renda e a insegurança em relação ao desemprego, dificilmente o consumidor vai assumir uma dívida para aquisição de computadores ou tablets", comenta o economista.

Sobre a recuperação da economia brasileira, Costa se mantém cético. "O governo interino tem um tempo limitado para começar a mostrar sinais de recuperação. A lua de mel pode durar pouco", pondera.

Ele destaca que a gestão transitória precisa conter o aumento do gasto público para estancar a queda da atividade. "Isso traria ao menos uma mudança de humor ao mercado."

Apesar da certeza de um ano negativo, Périco acredita que o momento é propício para a indústria reavaliar sua estrutura de custos e produtividade. "Esta é uma boa oportunidade para empresas se reinventarem", diz o presidente do Cieam.

Fonte: DCI

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