04/08/2015
O recuo do mercado de trabalho provocou redução na massa salarial e no rendimento dos trabalhadores da indústria entre o primeiro e segundo trimestre. Enquanto a massa salarial ficou 3,4% menor, o rendimento recuou 0,9% no período. Conforme o levantamento, a utilização média da capacidade instalada (UCI) teve queda de 0,3 ponto percentual no segundo trimestre ante os primeiros três meses do ano.
De acordo com o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, essa piora da retração da atividade industrial no segundo trimestre foi puxada pela redução da demanda doméstica e da contração fiscal. "O aumento da inflação vem reduzindo o poder de compra das famílias. Além disso, a taxa de juros em patamar elevado e o fim das desonerações para a indústria elevam os custos e inibem investimentos", explicou.
Na comparação com o segundo trimestre de 2014, a queda na atividade da indústria foi ainda maior. As horas trabalhadas recuaram 8,5% e o emprego caiu 5,4%. Já o faturamento teve retração de 8,6%, e a massa salarial diminuiu 5,4%.
Segundo Castelo Branco, não há sinais de reversão do quadro de retração da atividade industrial em 2015. "Se os indicadores ficarem, nos próximos meses, no mesmo patamar do registrado em junho, teremos queda na atividade bastante acentuada", destacou. "Para a retomada do crescimento, é necessária a criação de uma agenda para a recuperação da competitividade, com redução nos custos sistêmicos, como de tributos, de logística e da burocracia, e também nos custos empresariais, por meio na melhoria de gestão e inovação", enfatizou Castelo Branco.
Dados mensais
A indústria operou, em média, com 80,1% da utilização da capacidade instalada em junho ante 80% em maio, segundo dados dessazonalizados. De acordo com a pesquisa, essa variação mensal do indicador, que continua em baixo patamar, sinaliza estabilidade. Já o faturamento caiu 5,5%, e as horas trabalhadas reduziram 1,1% em junho em relação a maio.
O emprego registrou o quinto mês consecutivo de queda. Houve recuo de 0,7% frente a maio. Embora tenha havido retração no mercado de trabalho, a massa salarial cresceu 0,8% em junho em relação ao mês anterior, na série livre de influências sazonais. Segundo os Indicadores, essa alta se deve ao pagamento da primeira parcela do décimo terceiro salário e aos valores pagos para rescisão de contratos. O rendimento cresceu 1,3% no período.
Fonte: Portal da Indústria (CNI)