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Fase final da pandemia deve iniciar após 21 de junho no AM, projetam especialistas

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11/05/2020

Fonte: Acrítica

Daniel Amorim

A fase final da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no Amazonas deve começar no dia 21 de junho deste ano, quando 97% dos casos da doença já terão sido registrados no Estado. Esta projeção é do professor Henrique Pereira, coordenador geral da pesquisa que desenvolve o Boletim ODS Atlas Amazonas, produzido por um grupo de pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPCASA), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Conforme o segundo Boletim ODS Atlas, depois do dia 21 de abril, as notificações de casos diários de Covid-19 no Amazonas dispararam, ultrapassando a média de 200 novos registros da doença. A partir de então, a curva de crescimento do vírus começou a acelerar, o que pode indicar tanto um aspecto real da pandemia quanto o resultado da ampliação de testes em pacientes. Nesse período, houve um crescimento maior de novos casos do que de pacientes recuperados, indicando aceleração do contágio da Covid-19 no Estado.

Os casos diagnosticados e registrados pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) são a principal fonte de informações da publicação do ODS Atlas, junto com contribuições de três pesquisadores em cada edição. “No momento, pelo padrão observado até o dia 5 maio (terça-feira passada), esperamos um total de 33 mil casos e 13 mil óbitos no Estado, mas esses números podem ser muito diferentes”, avaliou o professor Henrique Pereira, coordenador geral da pesquisa.

“Então, nos voltamos para a forma da curva e menos para o seu ápice. Isso nos leva a vislumbrar a data de 21 de junho para o inicio da fase final da pandemia, quando 97% dos casos terão sido registrados”, completou.

Por outro lado, dados de cartórios indicam que o número máximo de sepultamentos por dia já tenha sido ultrapassado. “Ao considerarmos as causas das mortes, as análises apontam para uma proporção de 7 casos registrados com outras causas para cada registro de morte por Covid-19. Como esse numero diário mostra correlação significativa, suspeitamos que a maioria sejam casos não detectados (subnotificações)”, observou Pereira.

Interior

Em Manaus, os índices de sepultamentos em cemitérios públicos e de registros em cartórios assinalam uma diminuição gradativa nos últimos dias e os modelos já conseguem prever o retorno à normalidade com menos variações. A situação dos outros 61 municípios, que estão em fases iniciais ou muito aceleradas da pandemia do novo coronavírus, e a letalidade foram analisadas no terceiro e quarto Boletins ODS Atlas Amazonas. Atualmente, entre as cidades do interior, Santo Antônio do Iça apresenta a maior taxa de infectados por 10 mil habitantes.

É do interior que parte a curva ascendente de casos no Estado, cuja velocidade de duplicação é o dobro da capital. Isso leva à percepção de que Manaus está em fase de desaceleração e, portanto, não há justificativa para isolamento total (lockdown). “É preciso observar que cada município é um caso diferente e que, portanto, reagirão de modo diferenciado às políticas de proteção”, enfatizou Pereira.

E pelos últimos dados da ODS Atlas Amazonas, futuras projeções indicam que em 12 dias, aproximadamente, o total de casos confirmados de Covid-19 no interior, que até ontem eram 5.401, conforme a boletim epidemiológico da FVS-AM, irá superar o da capital, que atualmente está em 7.198 casos.

A letalidade no interior do Estado, ainda segundo o boletim do ODS Atlas, está relacionada aos idosos, um dos principais grupos de risco para a Covid-19. Os municípios com mais pessoas acima de 60 anos possuem mais vítimas em média da doença, em termos proporcionais.

Em ritmo acelerado e crescente

De acordo com dados projetados no segundo Boletim ODS Atlas Amazonas, publicado na quinta-feira passada, a velocidade de novos casos da Covid-19 em Manaus ganhou impulso a partir do dia 31 de março e, desde então, seguiu em ritmo crescente, com pico de óbitos em maio. É uma tendência similar à velocidade de óbitos diários, com ápice de novos casos previsto para o dia 2 de junho e 97% de mortes em 12 de junho.

O informe traz ainda uma série histórica da propagação da Covid-19 nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). Tabatinga, Iranduba e Parintins concentram mais de 16 casos confirmados entre indígenas. E até sexta-feira passada, foram 176 no total, com 14 mortes.

Observando os gráficos das epidemias anteriores por coronavirus SARS COV1 MERSCOV, a expansão da curva situa-se entre a 8ª e 12ª semana e dentro dessas semanas torna-se plana e ganha característica descendente. A explicação é que muitas pessoas se infectaram rapidamente em todas regiões e na sua maioria ou não apresentaram sintomas ou esses foram muito leves e essas pessoas não se consultaram e portanto não contam nas estatísticas oficiais.

E quando isso ocorre diminui o número de suscetíveis e por isso os elementos infectados não infectarão tantas pessoas quanto no início e se interrompe o ciclo de transmissão e viral pois não haverá mais organismos para multiplicação viral, levando a eliminação ou no aparecimento apenas de casos esporádicos.

Estudo não segue modelo do MS

O aumento dos números diários de casos e óbitos pela Covid-19 no Estado foi constatado em abordagem elaborada pelo professor Carlos Edwar Freitas, do PPGCASA, apresentada na segunda edição do Boletim ODS Atlas Amazonas. O método baseia-se em um cenário de previsão curta (dez dias), considerando que as estratégias de controle ou descontrole vão modificando as taxas de contágio e de mortalidade da doença.

“Acredito que as previsões do Ministério da Saúde (MS) eram realizadas com base no modelo desenvolvido na Universidade de Singapura, que previa uma duração de 70 a 90 dias para a pandemia”, disse Freitas. “Com base nisso, fizeram estimativas para a duração em diversos países, inclusive no Brasil, ajustando uma curva normal, tendo o tempo (em número de dias) no eixo dos x e o pico da epidemia no centro dessa curva. Preferi não seguir esse modelo”.

O infectologista Marcus Vinitius Guerra assinalou que é necessário criar condições para o isolamento social e garantir o atendimento a todos os pacientes sem ocupação máxima de leitos na capital Manaus, onde está o epicentro da Covid-19 no Estado e que concentra os leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para os casos graves da doença.

“As pessoas não aderiram ao isolamento por várias razões: acreditar que estaria livre do contágio; imóveis com muitos habitantes e pouca área física; necessidade de subsistência e transportes coletivos lotados”, explicou Guerra.

Mas em uma cidade do interior do Amazonas, a quarentena total (lockdown) já foi decretada. No município de Tefé, a 523 quilômetros de Manaus, a Justiça do Estado acatou Ação Civil Pública (ACP) do Polo da Defensoria Pública do Estado (DPE-AM), no Médio Solimões, e determinou o lockdown pelo prazo de sete dias para conter o avanço da Covid-19. A decisão foi informada na sexta-feira passada pela assessoria da DPE.

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