29/11/2022
Por Guilherme Pimenta — De Manaus 29/11/2022 05h00
O modelo da Zona Franca acabou não levando à região empresas que tenham relação com as cadeias produtivas do
interior do Amazonas. A avaliação é do gestor do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), Fábio Calderaro.
“A bioeconomia vai prosperar quando trouxermos para a região empresas de alto valor adicionado, que vão dar
intensidade tecnológica nos produtos e nos processos”, destacou.
O CBA, hoje, passa por um momento de transição. O centro deixará de ser vinculado à a Superintendência da Zona
Franca de Manaus (Suframa) e vai virar uma organização social. Com o novo modelo, o centro será administrado
pela iniciativa privada e poderá receber recursos públicos para ampliar pesquisa, desenvolvimento e inovação na
região.
Na intenção de incentivar o desenvolvimento econômico da região por meio de empresas localizadas na chamada
Amazônia Ocidental, que abrange Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima, a Suframa tenta estimular a bioeconomia
na região, a partir de projetos que utilizem a matéria-prima da floresta amazônica para desenvolver produtos que
são consumidos em todo o país.
Uma das apostas da Suframa para impulsionar a bioeconomia e a biotecnologia foi a edição de uma resolução, em
2021, pelo conselho de administração do órgão. Com o texto, empreendedores e investidores interessados em
industrializar produtos com insumos da biodiversidade da floresta amazônica podem usufruir dos incentivos fiscais
da região. Os benefícios fiscais para produção com insumo regional existem desde 1975, mas há uma avaliação no
governo federal que não houve a propagação como esperado.
A resolução, agora, estabeleceu critérios para que os empreendimentos instalados na região utilizem os materiais da
Amazônia na composição final dos produtos e, assim, obter as facilidades tributárias, independentemente de os
itens se destinarem ao consumo interno ou à comercialização em qualquer ponto do país.
Desde a edição da resolução, números da Suframa indicam que uma indústria de soja foi implantada no município de Boa Vista (RR). “Há outras iniciativas de projetos que ainda não foram implantadas. Os projetos devem ser impulsionados a partir de 2023”, explicou Marcelo Pereira, coordenador-geral de Análise de Projetos Industriais da Suframa
Na região, apesar de anterior à nova resolução da Suframa, um exemplo do uso da bioeconomia foi a construção da Fábrica Balsa de Açaí, um projeto da Bertolini no qual foi investido R$ 20 milhões. Com capacidade de carga de 1.700 toneladas em uma área flutuante construída em 2.000 m2, a Bertolini Amazon Treasure compra matéria-prima da comunidade ribeirinha da floresta, movimentando a economia em pequenos municípios do Amazonas, nas calhas dos rios Madeira, Solimões, Amazonas, Juruá, Purus e Japurá.
Após obter o produto dos pequenos produtores locais, cerca de 45 funcionários que trabalham na balsa dão início ao trabalho de produção da polpa do açaí, com capacidade de produzir 400 toneladas por viagem. Depois, ela é revendida para supermercados e para a indústria de todo o país.
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