21/08/2014
Com a reforma, o tamanho do terminal de passageiros cresceu 150%, de 39 mil para 97 mil metros quadrados, ampliando a capacidade do terminal aeroportuário de 6,4 milhões para 13,5 milhões de passageiros anos. Com demanda prevista pela Infraero de apenas 4 milhões de passageiros em 2014, o aeroporto ganha fôlego extra para os próximos anos, mas não resolve algumas questões centrais, na avaliação de Augusto Rocha, doutor em engenharia de transportes e professor da Universidade Federal do Amazonas.
Para o especialista, Manaus opera em condições precárias, especialmente em cargas. Sua capacidade de armazenamento representa cerca de metade da demanda. Além disso, o aeroporto conta com uma única pista, o que faz com que qualquer incidente possa paralisar as operações por horas.
Manaus movimentou 120 mil toneladas de carga doméstica no ano passado, o maior volume entre os terminais administrados pela Infraero. No comércio exterior foram mais 45 mil toneladas - 42 mil apenas na importação. Insumos importados e eletrônicos produzidos na Zona Franca de Manaus - especialmente telefones celulares, produtos de pequeno volume e alto valor unitário - constituem a maior parte da carga que circula pelo terminal.
De acordo com a Infraero, "não há, no horizonte de curto prazo, planejamento para implantação de novo terminal de cargas ou de uma segunda pista de pouso e decolagem, já que a infraestrutura existente hoje atende a demanda atual e projetada do aeroporto".
Outra questão que afeta diretamente o Polo Industrial de Manaus é o acesso. O governo do Estado havia previsto para começar em julho obras para uma nova avenida entre o aeroporto e o Distrito Industrial. A via deveria cortar a área conhecida como Distrito Industrial 2, ainda praticamente desocupada, e retirar o movimento de veículos de carga do centro da capital amazonense. Até o momento, as obras não deslancharam.
Para Augusto Rocha, por sua posição central, Manaus deveria funcionar como um hub - terminal concentrador - tanto de carga quanto de passageiros não só para voos domésticos destinados à região Norte, mas também para os internacionais, sobretudo para os países da região amazônica.
Segundo ele, a ideia do hub chegou a ser defendida pela Superintendência da Zona Franca, o governo local e outros agentes econômicos, principalmente em meados da década passada, mas a falta de recursos, agravada pelos seguidos contingenciamentos das verbas da Suframa acabaram sepultando o debate.
Hoje, segundo afirma Rocha, para que a ideia vingasse, seria necessário que uma companhia aérea decidisse concentrar operações em Manaus. Porém seriam necessários novos investimentos em hangares, contração de mão de obra especializada para operação e manutenção de aeronaves e investimentos na infraestrutura da cidade e na rede hoteleira.
Fonte: Valor Econômico