06/07/2022
ANDRÉIA LEITE
@andreiasleite_ @JCommercio
A falta de segurança no Amazonas para a navegação, além de trazer prejuízos recorrentes com registros de perdas, pode afetar o abastecimento no interior, caso as transportadoras fluviais de cargas decidam paralisar as atividades.
Apesar dos municípios do Amazonas contarem com o apoio dos próprios donos de postos fluviais para a distribuição do combustível, o impacto pode afetar tanto os municípios do Estado quanto os Estados vizinhos do Acre, Rondônia, Roraima e Oeste do Pará. “Se as empresas transportadoras que fazem essa transferência daqui para outros Estados paralisarem essas quadrilhas que atuam nos rios vão migrar para assaltar as embarcações menores que transportam combustível para os municípios o que pode afetar no desabastecimento”, afirma o presidente da Abani (Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Navegação Interior), Dodó Carvalho.
Os assaltos às balsas de combustível preocupa o segmento, pois a prática tem se intensificado bastante, principalmente no final do ano passado e no primeiro semestre de 2022. “Criou-se um desequilíbrio muito grande entre as empresas, forçando a contratação de escolta armada e ainda assim os roubos permanecem.
Tem empresas com prejuízo de mais de R$7 milhões”. O vice-presidente do Sindarma (Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas), Madson Nóbrega acrescentou ainda que por conta dos prejuízos acumulados e da falta de seguro para as cargas, as empresas transportadoras passam por um momento de grande dificuldade financeira e que uma possível paralisação da categoria também não é descartada. “
Neste cenário, muitos empresários já estão revendo se continuam com suas atividades porque as perdas são muito grandes. Somente no último ataque dos piratas (na Impacto pode afetar tanto os municípios do Estado quanto os Estados vizinhos do Acre, Rondônia, Roraima e Oeste do Pará Transportadoras fluviais de cargas estudam paralisar as atividades Foto: Divulgação semana passada) foram mais de 1 milhão de litros de gasolina que terão que ser pagos pela própria empresa e ninguém sabe quem será o próximo a ter um prejuízo que não poderá arcar”, afirmou Nóbrega.
De fácil comercialização, os combustíveis são um dos principais alvos dos criminosos. É o que mais concentra perdas nas empresas de navegação. Em dois anos, o setor contabiliza perdas de R$ 40 milhões provenientes de roubos às embarcações. Conforme o Sindarma, somente neste ano o dano já ultrapassou os R$ 20 milhões. Diante da incidência no números de ocorrências registradas pelo sindicato, o setor pleiteia um reforço de segurança no intuito de buscar parcerias para conter o avanço dos casos de furtos e combater o crime instalado nos rios do Estado.
Em Assembleia Geral realizada na tarde do último dia (29), o Sindarma, encaminhou ofício para as distribuidoras de combustível que operam no Estado, solicitando apoio e auxílio imediato para reduzir os prejuízos provocados pela ação dos “piratas dos rios”. Possível paralisação No documento, as empresas pontuam duas principais reivindicações que atualmente ficam a cargo exclusivamente das transportadoras: o primeiro é o pagamento das escoltas de segurança que acompanham as embarcações (e representam quase o dobro do valor das tripulações dos barcos).
A segunda reivindicação é a contratação e pagamento dos seguros das cargas pelas próprias distribuidoras, uma vez que as seguradoras estão se recusando a fazer novos acordos diretamente com as empresas contra roubos e assaltos por conta da grande incidência de ocorrências registradas nos rios amazonenses nos últimos anos. Ainda de acordo com o documento, caso não seja possível o acordo entre distribuidoras e transportadoras, a categoria poderá paralisar suas atividades em 10 dias, por falta de condições de continuar operando.
“Não queremos chegar neste ponto, mas não temos mais condições financeiras e humanas de continuar navegando porque todo o prejuízo está recaindo somente para as transportadoras e estamos com dificuldade até de formar a tripulação porque ninguém vai arriscar a vida em certas rotas fluviais sem o apoio mínimo de uma escolta de segurança”, alertou o presidente do Sindarma, Galdino Alencar Júnior.
Acordo Após o envio do documento, duas das cinco maiores distribuidoras de combustível que atuam no Amazonas, já se manifestaram disponíveis para negociar com o Sindarma concordando com o pagamento das escoltas e dos seguros de suas cargas. Um dos casos No mês de abril, uma balsa da empresa amazonense E D Lopes foi assaltada, no rio Amazonas, próximo à divisa do Pará com o Amapá.
Os assaltantes levaram 430 mil litros de gasolina, um prejuízo de mais de R$ 3 milhões, além das ameaças à tripulação. Trechos Os principais trechos onde ocorrem os furtos são: Manaus-Santarém, Santarém- -Belém, e a extensão do rio Madeira indo até Porto Velho, este último trecho, segundo Júnior, é o ponto de maior incidência de assaltos.
Fonte: JCAM