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Falta de insumo e restrições fazem avançar férias coletivas no PIM

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27/01/2021

Fonte: Jornal do Commercio

Marco Dassori

A falta de oxigênio para linhas de produção e as limitações de horário impostas pelo decreto estadual 43.303/2021 estariam fazendo com que um número significativo de indústrias do PIM siga o exemplo da Moto Honda e conceda férias coletivas a seus funcionários – ou, pelo menos, a uma parte de seus quadros. A informação é do Sindmetal-AM (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas do Amazonas).

Segundo a entidade laboral, o gargalo está nas fábricas de motocicletas, bicicletas, ar condicionado e micro-ondas que usam o insumo em larga escala em seus processos fabris. O Sindmetal estima que ao menos 35 empresas estão nessa situação e, por isso, seguiriam o exemplo da montadora japonesa, para evitar ociosidade de pessoal. De acordo com o sindicato, o polo naval, que reúne em torno de 56 estaleiros, também passa por dificuldades semelhantes.

Na última sexta (22), a Moto Honda anunciou que faria uma parada temporária em suas linhas de produção a partir desta segunda (25) até a próxima quarta (3). O motivo seria o impacto da covid-19 nas cadeias de suprimento, que geram indisponibilidade de insumos para a produção – assim como o agravamento da pandemia no Amazonas.

honda
Honda anunciou que suspenderia temporariamente sua produção

Em nota à imprensa, a fabricante informou que a retomada estava prevista para o dia 4 de fevereiro, desde que as condições necessárias sejam atendidas. O mesmo texto acrescenta que, durante esse período, os colaboradores das áreas administrativas e produtivas entram em férias coletivas, permanecendo um contingente mínimo de pessoas para a realização de atividades essenciais.

“O governador, que nunca chamou os trabalhadores para conversar, não pode simplesmente fazer decreto para jornada de trabalho. Agora, temos situações como essa. Só hoje, assinei acordo para o afastamento de 50 trabalhadores declarou o presidente do Sindmetal-AM (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas do Amazonas) e presidente da CUT-AM (Central Única dos Trabalhadores do Amazonas), Valdemir Santana.

O sindicalista informa que o Sindmetal está negociando com fabricantes de bicicletas e motocicletas para que os trabalhadores recebam, durante o período de afastamento, uma cesta básica equivalente às refeições que fariam na fábrica. Conforme Santana, embora os associados já contem com plano de saúde, a entidade laboral está propondo que estes recebam ajuda com os medicamentos também, caso fiquem doentes. “O sindicato é flexível neste momento. Só não aceita reduzir salario”, frisou.

“Segmento essencial”

De acordo com o presidente do Sindplast (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Material Plástico de Manaus e do Estado do Amazonas), Francisco Brito, poucas empresas do segmento tiveram de adotar o recurso de conceder férias a seus colaboradores. E, mesmo assim, isso vem ocorrendo de forma pontual, para os trabalhadores de alguns turnos e setores, em função das limitações impostas, inicialmente, pelo Decreto 43.282/2021 e, posteriormente, pelo Decreto 43.303/2021. Para o sindicalista, o problema da categoria é outro.

“Devem ser apenas umas quatro empresas, com 20 ou 30 trabalhadores cada uma, o que dá em torno de 100 funcionários, no total. Isso em um total de 86 fábricas e 7.000 trabalhadores. Na verdade, os termoplásticos não pararam, porque fornecem produtos e embalagens para segmentos essenciais, como alimentos. Isso, além de fabricar a película de filme que é usada para envolver os corpos das vítimas de covid-19. Infelizmente, o trabalhador está se expondo, enquanto os executivos das fábricas podem trabalhar de casa”, lamentou.

“Sem informações”

Procuradas pela reportagem do Jornal do Commercio, as lideranças empresariais do PIM disseram não estar informadas sobre a eventual ocorrência de férias coletivas nos segmentos citados pela reportagem. O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e presidente do Sindicato das Indústrias Químicas e Farmacêuticas de Manaus, Antonio Silva, assinala que, “pelo que nos chegam de informações, não temos notícias se alguma empresa procedeu o exemplo da Honda”.

Indagado sobre a situação no polo eletroeletrônico do PIM, o presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), Jose Jorge do Nascimento, menciona apenas que “as empresas estão ajustando suas linhas de produção para a demanda e falta de insumos, neste momento”, mas não soube dizer se as estratégias incluem férias coletivas, dado que questões semelhantes não são tratadas na entidade patronal.

Na mesma linha, o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) e presidente do Sinaees (Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus), Wilson Périco, confirma que boa parte das empresas do PIM vinha trabalhando com o regime de 12 por 36 horas, mas diz desconhecer que mais fábricas estejam concedendo férias coletivas. “Provavelmente, os fornecedores da Honda devem parar para fazer ajustes. Vamos aguardar”, comentou.

Em sintonia, o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus, e vice-presidente da Fieam, Nelson Azevedo, diz não dispor de informações sobre férias coletivas no PIM, mas salienta que, normalmente, os fornecedores que tem grande participação nos produtos da Monto Honda da Amazônia, seguem o calendário da montadora japonesa.

“Por enquanto, fora a Honda e seus fornecedores, os demais seguimentos estão decidindo sua situação, tendo vista, a falta de oxigênio, CO2, argônio e gás carbônico. Deverão suspender suas atividades laborais, inclusive, as indústrias que utilizam corte a laser. Talvez tenhamos melhores informações amanhã”, encerrou.

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