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Falta de crédito e dólar alto derrubam faturamento da indústria em Manaus

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04/01/2016

Em um ano de queda acentuada para a indústria nacional, o Polo Industrial de Manaus (PIM) terminou 2015 co um dos piores desempenhos da história. Voltada para o consumo doméstico, a indústria local registrou queda do faturamento de pelo menos 30% no ano, estimam a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), a Federação e o Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam e Cieam).

A projeção para 2016 também não é das melhores, com nova queda em cima da retração do ano passado, prevê Wilson Périco, presidente do Cieam.

Os dois principais sustentáculos do PIM, o polo de duas rodas e as montadoras de eletrônicos tiveram forte queda. A venda de motocicletas foi afetada pela falta de crédito. O segmento vinha crescendo como alternativa de transporte pessoal e também de renda. Segunda Périco, muitos dos compradores dos últimos anos destinavam as motos de baixa cilindrada para serviços de motoboy e mototáxi.

O Cieam estima queda de 25% no faturamento das indústrias de motocicletas em 2015, depois do recuo de 10,2% na receita em dólar de 2014, enquanto os produtores de eletrônicos podem ter encerrado o ano com retração de 30% a 32% sobre um exercício sem crescimento em 2014 - apesar da Copa do Mundo, que tradicionalmente impulsiona as vendas, em especial de televisores.

"Para o Amazonas, o ano foi difícil, porque o mercado consumidor dos produtos da Zona Franca é interno", comenta Rebecca Garcia, superintendente da Suframa, cargo que ocupa há apenas dois meses. Economista, Rebecca afirma que além da queda do consumo e da falta de crédito, a valorização do dólar (cerca de 50% ao longo do ano) também afetou a oferta de insumos para a produção de motocicletas.

Rebecca quer propor ao Ministério do Desenvolvimento algumas mudanças no modelo da Zona Franca. A principal delas requer o empenho da diplomacia comercial a fim de fechar acordos com países vizinhos, em especial da América Andina a fim de expandir as exportações da ZFM. Hoje as vendas externas estão restritas a alguns poucos negócios com Argentina, Venezuela e Colômbia, basicamente.

O Alvo principal de Rebecca é o mercado peruano. Um dos líderes de crescimento econômico da América Latina em 2015 - expansão de 3,5%, conforme projeções da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) -, o Peru pode absorver parte da produção, se forem derrubados entraves burocráticos e tarifários que retiram a competitividade da indústria brasileira, principalmente em relação aos produtos chineses. Um dos objetivos é transformar o Brasil em fornecedor de componentes para a indústria peruana de motocicletas.

O governo do Amazonas já realiza estudos e pretende fazer gestões para uma ligação aérea direta entre Manaus e a capital peruana, Lima. Hoje, para voar entre as duas cidades é preciso ir para São Paulo ou para o Panamá, mas a viagem exige pelo menos uma pernoite na conexão.

A parceria com os andinos poderia viabilizar também uma solução logística. Atualmente, o escoamento da produção está limitado ao aeroporto de Manaus (usado nas cargas de baixo volume e alto valor, como celulares) e à hidrovia Solimões-Amazonas. Única ligação por terra da capital do Amazonas com o centro-sul do país, a BR-319 (Manaus-Porto-Velho) encontra-se em condições precárias de tráfego, com parte da estrada tomada pela floresta. O governo federal e os Estados do Norte sonham com uma ligação por terra, de preferência ferroviária, com o Pacífico. São muitas as propostas, sem nada de concreto até agora.

O especialista em logística Augusto Rocha, doutor em engenharia de transportes e professor da Universidade Federal do Estado do Amazonas (Ufam), não crê em saída para o problema de logística no curto ou médio prazo. "Não vejo a Suframa com orçamento ou projeto para estabelecer uma solução para essa questão". Rocha diz esperar que ä boa vontade da nova superintendente consiga liderar uma mudança de postura das demais áreas do Executivo, que não parece ter esta pauta com qualquer grau de prioridade".

Para ele, o cenário de contração da economia torna a atividade uma questão mais premente que a defici6encia logística. O problema, porém, é que a crise local é "mais severa que no restante do país".

Rocha entende que o acesso ao exterior é benéfico, mas os países vizinhos têm mercados consumidores limitados. Ele acha importante mudar o modelo para explorar outras alternativas. "A maior oportunidade ainda não explorada é a biotecnologia. Como nunca começa, cada dia fica mais distante, pois os ciclos de desenvolvimento e de aprovação para comercialização são cada dia maiores". A superintendente da Suframa defende, ainda sem um projeto específico, o desenvolvimento do setor de fármacos via parcerias internacionais, em especial com chineses.

Nos planos de Rebecca estão também abrir a exploração de atividades como o turismo regional, exploração de madeira - hoje vetada no Estado - e a criação de um polo naval destinado a produzir balsas para as hidrovias da região.

Fonte: Valor Econômico

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